A felicidade mora ao lado ou piquenique na praça
Comida Saudável

A felicidade mora ao lado ou piquenique na praça



Levei empanadas quentinhas; Chus, espanhola, também levou quente a tortilla autêntica; Fabiana chegou com a torta de banana perfumada de canela (receita no blog dela) e Veronika trouxe pães fofinhos. Só pra citar algumas delícias. Receitas, depois.

Fátima, Swami, Dilma e crianças

Eu, manquitola, na cadeira observando tudo
Veronika e Mônica
Mônica ainda me levou à sua casa, vizinha da praça, onde colheu pimentas dedo-de-moça, pra mim e pra Veronika. Eba!
Só a Veronika mesmo pra descascar laranjas assim...

Eu dei o pontapé inicial para os piqueniques mensais, mas quem faz acontecer mesmo é a Veronika, que manda convite para a vizinhança amiga

E foi saindo gente e chegando mais. Dilma e Swami se foram, mas chegaram Cris, a Fabiana, do blog Noturnos Imperfeitos e a Mônica.
Chus e Sérgio (Chus é amiga através do Come-se, a da jaboticabeira)
E teve até corredores. Marcos e Claudio, sem combinar, foram prontos para dar voltas na praça, que tem pista de corrida com 800 metros.

Estacionamento de bike e desmontando o acampamento - de resquício de nossa passagem, só o cheirinho de felicidade.
Às vezes a gente lamenta por ter casa pequena demais pra receber os amigos, por não conseguir arrumar tempo pra se encontrar com amigos que moram no outro canto da cidade, por passar parte do domingo na fila de um restaurante ou esperando o farol abrir. A verdade é que a gente gosta mesmo é de complicar a vida e escolhe sonhos impossíveis só pra se frustrar um pouco.
Desejos e ambições tendem a ser grandes demais para o tamanho das nossas pernas. Meu pai, simplório, sempre repete aquele chavão que diz que um homem pobre pode ser considerado rico e até se tornar rico de dinheiro se souber dimensionar o tamanho de suas posses antes de fazer seus gastos, é aquilo que não dar o passo maior que as pernas, de gastar só o que tem. E que, a princípio, parece muito óbvio. Mas a gente gosta de procurar lá longe quando perto também tem o que se quer.
Quando eu era criança em uma família pobre na periferia, na minha casa não havia livros, não havia jogos, não havia bicicletas e por perto não havia praças, clubes, cinema, shoppings, livrarias, nada disso. Também nunca fomos a um restaurante. E viagem, só ao sítio dos meus avós, no Paraná, uma vez por ano. Praia, nem sabia que existia. No dia-a-dia era só a brincadeira com crianças vizinhas na calçada no fim da tarde. E nos fins de semana, macarronada com frango e algazarra em família e uma garrafa de refrigerante. Ou almoçar na casa de algum parente com a meninada toda.
Mas os momentos mais marcantes foram aqueles em que meu pai enchia seu Aero Willis com os cinco filhos, talvez depois do pagamento, e íamos fazer piquenique no Horto Florestal ou no Pico do Jaraguá. Talvez nem tenham sido tantos finais de semana quanto eu acredito que foram, mas a lembrança deles é suficiente para ocupar todos os espaços da memória da infância.
Minha mãe não tinha no inconsciente a ancestralidade do piquenique europeu no campo, mas a boia embrulhada em trouxa de pano para comer na roça. Então nosso piquenique era mais ou menos assim. Ela fazia polenta, colocava num pirex e, em outra vasilha, arrumava um frango com molho. Ou assado. Amarrava cada coisa num pano de prato pra chegar quentinha. No gramado ensolarado ou sobre mesas ao lado de churrasqueiras estendíamos a toalha xadrez e passávamos horas a fio ali correndo como cavalos soltos, voltando à mesa de tempos em tempos em alegria saltitante para beliscar uma coxinha, entornar um copo de suco ou morder uma laranja. Eram domingos especiais.
Então, enquanto às vezes passamos os dias em busca de uma felicidade inatingível ou de ambições que não se cumprem, há por aí outros sonhos possíveis sendo realizados a todo momento na maior obscuridade, sem nenhum alarde nem grandiosidade, com os meios que se tem.
E ontem me lembrei disso quando vi na praça pessoas que moram perto umas das outras ali reunidas num espaço público e gratuito, em volta de uma toalha comum com comida farta e simples em meio ao barulho das crianças alegres passeando em suas bicicletas ou correndo atrás de uma bola, que vinham ora beliscar uma comida, ora buscar o colo da mãe ou, no final, até adormecer de cansaço. Uma satisfação sem esforço que não veio de um sonho de consumo realizado, nem de um sonhar grande.
São Pedro deu uma trégua, o dia esteve lindo o tempo todo e ficamos ali até quase 5 horas da tarde comendo e jogando conversa fora, de modo que não precisamos de almoço nem jantar depois. Uns chegaram antes, outros, depois, quando os primeiros já se iam indo, e assim a mesa esteve sempre cheia. Frutas, café, leite, iogurtes, torta, bolo, arroz doce, pãezinhos, laranjas, empanadas e até pamonha da minha mãe (que eu tinha congelada). Um brunch pra ninguém botar defeito e sem muita combinação - talvez por isto é que dá certo. É acordar na hora que for, ir pra praça quase sempre a pé, chegar e comer coletivamente. Há sempre um amigo vizinho e uma praça perto de você. Isto é possível e não custa nada, aproveite.




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