Ananda e mais abobrinhas
Comida Saudável

Ananda e mais abobrinhas


Toda vez que tenho uma reunião na USP,  tento almoçar com Ananda, minha filha, que faz residência em otorrino no HC e mora pertinho do hospital e da faculdade de nutrição. Este segundo ano de residência está mais tranquilo, porém, o primeiro foi puxado, sem tempo sequer para comer, quanto mais para cozinhar, de tanto plantão e longas jornadas.  Já agora, embora ainda dê muitos plantões,  ela tem tempo até para comer em casa, que é um luxo.


Na semana passada levei um susto ao chegar achando que eu iria cozinhar alguma coisa e já a encontrei com a amiga Natália, também médica,  fazendo o almoço. Um risoto de shimeji. Mas e a abobora com isto?  Nesta hora achei que ela puxou um pouco à mãe, não só ao pai (veja, se quiser, o post "pão ou estetoscópio").


Melhor ir pra cozinha que ser tenente


A amiga perguntou se ela não tinha caldo de cubinho para acrescentar ao risoto e ela respondeu "minha mãe me mata se eu usar caldo pronto".  Ela exagera, claro.  Mas preferiu fazer um caldo de legumes com o que encontrou na geladeira, e com a desenvoltura de quem está experiente de fazer isto. Foi a primeira vez que vi alguém fazendo um caldo com abóbora, que não tem lá muito perfume.  Mas tinha também tomatinhos, dentes de alho inteiros, folhas de louro, cebola, ervas secas. E eu gosto de ver gente ousando na cozinha, ainda mais sendo minha filha, minha sobrinha Flora, minhas irmãs (a Biba, uma das irmãs, me contou que outro dia fez pão de sopa - em vez de água, bateu no liquidificador a sobra de sopa de legumes e usou e disse que ficou macio e gostoso).  


Bem, a amiga Natália foi colocando o caldo, concha a concha, sobrando só os legumes na panela. Ananda  me disse que depois come tudo o que sobrou, que fica muito nutritivo e bom pra servir com arroz ou mesmo puro, como uma sopa.  Eu não quis nem saber de dar palpites. Fiquei na minha taça de vinho enquanto o risoto não ficava pronto. Não vi em que momento entrou o shimeji, nem se colocaram uma boa quantidade de manteiga. Fiquei ali, meio embevecida, orgulhosa, pensando "esta é minha filha!".  Eu sei que falar de filhos é coisa mais piegas do mundo, mas foi só um pretexto pra continuar falando abobrinhas e o risoto ficou uma delícia, com um ligeiro sabor de abóbora lá no fundo, vindo logo atrás dos cogumelos, livre daquele aroma forçado de caldo pronto carregado de glutamato. 


A cozinha é pequena, mas tem tudo à mão. 
Sua primeira vez sozinha na cozinha: macarrão com molho de linguiça
Antes de colocar a mesa, achei por bem bater um bolo rápido para estrear a batedeira nova que dei a ela. Não, não era de abóbora, mas tinha cenoura ralada que podia, sim, ser abóbora. Para não ficar muito sem graça, pedi um pouco de uva passa para dar uma alegrada. "Ah, mãe, não tem uva passa, mas tem granola. Põe granola!". Obedeci! E não é que ficou bom?


Um ano na aeronáutica - ela também reconhece de longe um pé de fruta




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