Comida Saudável
Bolinhos de abóbora com arroz e feijão no vapor. Ou quinta sem trigo 50
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Os de abóbora |
Ando fascinada com estes bolinhos de arroz com feijão, com massa fermentada naturalmente. Claro, ando fascinada também com as abóboras, que fique bem claro.
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Os idlis da Shakuntala, divinos! |
Mas tudo começou quando fui à casa da vizinha Shakuntala, porque ela queria umas sugestões. Fui com o maior prazer e achei que ela serviria apenas um cafezinho, ou tchai, ou limonada com açúcar mascavo. Mas que nada. Tinha um banquete. E o que mais me chamou a atenção, porque não conhecia, foram os tais bolinhos de arroz, alvíssimos, que foram servidos com chutney, além de tchai, quiabo frito, bolinho de couve-flor e outras delícias. Ela é meio reservada e disse que vai ter a mistura pronta para vender. Só me adiantou que era de arroz e feito no vapor.
Não aguentei a ansiedade de esperar sua mistura pronta e fui à luta. Tentei por palavras chaves em inglês, sem saber o nome indiano da iguaria, nem que outros ingredientes levava. Mas não foi difícil. Logo encontrei os tais Idlis (veja no google imagens), feitos com uma mistura de arroz branco demolhado e triturado, feijão urad (um feijão preto, da mesma espécie do fradinho e do feijão mungo) sem pele, demolhado e triturado e tempero, feno grego, triturado junto. A massa é levedada naturalmente de um dia para outro e distribuída em forminhas próprias para irem ao vapor, várias ao mesmo tempo.
Primeiro fui resolvendo as limitações: o feijão Urad, da espécie Vigna, sem pele, nunca vi por aqui. Mas há outro da mesma espécie, que também pode ser encontrado sem pele. É o feijão fradinho, vendido no Mercado da Lapa, próprio para acarajé. Há dele inteiro ou sem pele. E o arroz indiano pode ser substituído pelo nosso agulhinha. E as forminhas? Pensei, pensei, fucei a loja de utensílios do mercado da Lapa e encontrei no Box 11, as de quindim, com fundo arredondado. Uma grande panela de vapor eu tinha. E, pronto, estava resolvido.
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Arroz e feijão fradinho demolhados e moídos separadamente |
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Teste com outros aditivos - com camarão seco fica muito bom |
Testei primeiro a receita tradicional, que encontrei em vários sites - 2 medidas de arroz para uma de feijão. Deixei de molho, escorri, triturei naquela minha máquina de moer cereais, misturei as duas coisas e juntei um pouco de água pra ficar com consistência de massa de bolo. Cobri com filme plástico e deixei mais umas 8 horas em repouso para fermentar. No outro dia, a massa estava toda esburacada. Quando coloquei os grãos de molho, fiquei pensando que poderia deixar os dois já misturados, mas depois descobri na prática que eles têm comportamento totalmente diferente na hora de triturar. Você tem que ajustar a máquina para cada grão. O feijão é muito mais macio e úmido. E o arroz é mais duro e sai quase como um fubá seco.
Cozinhei os primeiros e fiquei bem feliz. Só achei que a massa estava mais grudenta que aqueles que experimentei na Shakuntala. Certamente é o arroz. Decidi mudar a proporção na próxima vez. Foi o que fiz e ficou muito melhor. Desta vez comi com camarão seco.
A massa pode ficar na geladeira por até três dias e pode ser usada de outras formas, como por exemplo, misturada com vegetais e frita como uma fritada. Fica fabulosa, isto eu também testei. Levei a massa para o sítio e tive que improvisar um cozimento de vapor sobre peneira. Deu certo também, todo mundo adorou para comer com cerveja. Testei vários tipos de untagem - com manteiga de garrafa, com azeite de dendê, de oliva, manteiga comum. Todas dão certo. Testei cozinhar só a massa para comer com algum molho e experimentei também colocar algum recheio, ou cobertura, no fundo da forminha, para cozinhar junto e gostei muito. Colocar só uma folhinha de coentro e um pedaço de pimenta é outra opção.
Já estava dominando a técnica quando fui novamente ao Mercado da Lapa e tive a ideia de comprar a farinha de feijão fradinho e a farinha de arroz. Quem sabe não poderia abreviar o processo e facilitaria para o leitor que não tem moinho? Pois fiz o teste e no outro dia, perfeito, massa aerada, com o mesmo sabor ligeiramente ácido. A proporção agora é um para um. E água até dar o ponto.
Bem, já bastante feliz com os tais bolinhos, já dominando um pouco a técnica, tive outra lembrança. No Vale do Paraíba, fazem um bolinho de abóbora (claro, agora a abóbora!) com arroz, e a massa é também fermentada de um dia para outro. O bolinho é doce, leva banha, ovos e açúcar e nada de feijão. Mas poderia adaptar. Fiz então com uma xícara de farinha de arroz, uma xícara de farinha de feijão fradinho e 1 xícara de abóbora madura ralada bem fininho (120 g). Misturei tudo, juntei água aos poucos e deixei fermentar de um dia para outro. Na hora de preparar os bolinhos, juntei um pouco de sal e tempero que julguei mas adaptado ao nosso paladar: cominho e grãos de coentros triturados na hora - uma pitada apenas. A consistência da massa é a de um bolo firme - você coloca a massa até a metade de uma forminha bem untada e a massa se assenta devagar. Se for preciso, basta dar uma batida na forminha. Dez minutos de vapor e está pronto.
Comi o meu com o frango caipira da janta de ontem, com quiabo e mais sementes de quiabo (separei os quiabos duros que não usei ontem e hoje cozinhei até que ficassem molinhos, esperei esfriar e tirei as sementes, que juntei ao frango desfiado). Um pedaço de bolinho, uma porção de frango por cima e Nhac! Mas você pode comer com vatapá, molho de pimenta, de camarão seco, com chutney ou manteiga simplesmente.
Bem, os bolinhos feitos assim deram super certo e lembram um acarajé mais leve. A massa ficou aerada, são saudáveis, não levam gordura, são fáceis de fazer quando se usam as farinhas, e fazem aquela combinação proteica boa de arroz com feijão, que os indianos vegetarianos sabem tão bem aproveitar. E agora ainda tem a porção legume para ficar ainda mais completo. Que tal experimentar sua própria versão? Versátil a massa já provou que é e eu não paro por aqui.
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Nhac! |
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