Comida Saudável
Canjiquinha branca ou amarela, solta pra sempre quirerinha
Outro dia ganhei da leitora Nilce uns mimos de sua terra, Espera Feliz, cidade do interior de Minas, próxima à Serra do Caparaó, já pertinho do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Entre os presentes, uma canjiquinha branca, mais rara por aqui, para não dizer desconhecida.
Antes que ela me dissesse qual é o jeito clássico de se preparar a iguaria em Espera Feliz, não quis esperar e preparei como costumo fazer com a amarela.
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Outros presentes que chegaram com a canjiquinha branca |
Canjiquinha ou quirerinha é o milho branco ou amarelo, sem película, quebrado grosseiramente. Às vezes há muita disparidade entre o menor e o maior tamanho de grânulo e isto pode dificultar o cozimento. Por isto é bom sempre passar por peneira antes de cozinhar. Os grânulos mais finos podem ser usados como polenta. E os mais graúdos, como de costume. Costumo preparar canjiquinha mole, com frango, ensopada com carne de porco, ou em sopa com ovos ou legumes, mas gosto também de fazer como arroz, usando as mesmas medidas, uma parte de grãos para duas de água, refogada antes com manteiga ou banha e alho amassado e temperada com sal e talvez um pouco de pimenta. Fica gostosa e agradável de se comer quando recém tirada do fogo, ainda macia, cremosa, mas ao esfriar logo gelatiniza como um manjar, formando grandes grumos pouco convidativos para uma próxima refeição.
Quando preciso reaquecer canjiquinha neste estado lastimável, a peneira entra novamente em jogo. O que faço é passar a sobra ainda fria ou gelada pela peneira de malha grossa. E isto, além de necessário, às vezes é meu desejo e os grumos são premeditados. Assim, consigo grânulos macios e soltos que podem ser reaquecidos em panela de vapor e servidos sem urgência. Eles continuarão soltinhos como cuscuz.
Mas hoje não foi nada planejado. Eliana teve que ir embora, eu estava sem tempo preparando uma aula que vou dar amanhã e a sobrinha Flora estava estudando. Já que tinha que ir ao mercado, comprei uma lata de sardinha com molho de tomate (sim, depois de comer um peixe enlatado chinês, frito, seco-encharcado, que comprei na Liberdade com água na boca fisgada pelo rótulo, estou adorando nossas sardinhas enlatadas), aqueci e temperei com grãos de cominho moídos na hora e folhas de coentro, peneirei e esquentei no vapor a canjiquinha branca e servi com abobrinha e abóbora madura que Eliana tinha deixado prontas - apenas refogadas em cebola e alho. Com vidros embaçados, frio e chuva lá fora, um copo de Madiran que a Flora trouxe de Paris, molho Harissa que o amigo Pedro trouxe do Marrocos e muita fome de inverno, foram muitos nhacs ao redor do prato bem quente.
Para a canjiquinha cozida ficar solta como sêmola no vapor:
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Cozida como arroz, quando quente ela estará assim, cremosa |
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Depois de fria, é difícil desfazer os grumos |
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Então é só passar por peneira grossa, forçando a passagem dos grumos como uma espátula |
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Restam grãos soltinhos que nunca mais se juntarão |
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E que podem ser reaquecidos no vapor. Se quiser, tempere com manteiga |
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E fica assim, a canjiquinha soltinha. Aqui, com folhas de brócolis - coincidência com o prato lá em cima de alguns anos atrás |
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