Cogumelos de São Paulo. Coprinus disseminatus
Comida Saudável

Cogumelos de São Paulo. Coprinus disseminatus


O toco de poda veio rolando com a enxurrada e parou na nossa calçada. Marcos achou bonito, recolheu e colocou ao pé da escada - pode servir pra alguma coisa. Meses e meses até a próxima temporada de chuvas. Um dia sem chover, nublado porém. Ao subir a escada vejo um amontoado de minis chapeus brancos acinzentados, do tamanho da ponta do dedo mindinho,  tentando se esconder na penumbra entre o muro e o tronco ainda úmido, alguns espiando a claridade. Ahá, descobri vocês!  Virei o toco e lá estavam aos montes, disseminados, os intocáveis. Tirei um com cuidado, a penas o toquei e ele rapidamente perdeu a compostura. Mas antes disso experimentei na ponta da língua. Depois comi inteiro pra tentar descobrir um sabor oculto.  Sei, sei, poderia ter morrido. Mas eu me lembrava de ter visto no meu livro de identificação que este era um cogumelo não apto para o consumo, Coprinus disseminatus. Entre seus pares, é praticamente inconfundível, diz o texto. E não apto, segundo a legenda do guia, quer dizer apenas que não tem interesse gastronômico. Não que seja tóxico  ou mortal, mas simplesmente que não tem sabor. De fato, lastimei confirmar a informação do livro, porque não tem mesmo sabor algum.  É como comer uma gelatina de água ou algo similar. E hoje já nem aparência elegante tinham mais. Tornaram-se escuros, caidinhos, decompostos.  Agora, na hora da fome, come-se. Nem que seja com os olhos. São lindos, não são?

Do "El Gran Libro de las Setas", de Ettore Bielli 
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