Hora de colher o trigo
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Hora de colher o trigo


Wilhelmus Eltink, o dono do cereal colhido ontem
Faltei ontem ao trabalho por um bom motivo: a Juliana Valentini, autora do blog Dever de Casa, me ligou no domingo à noite convidando: vai chover nesta semana aqui em Holambra, Seu Wilhelmus disse que o trigo vai ser colhido amanhã cedo, você vem? Não pensei duas vezes, arrumei a mala e acordei de madrugada. Cheguei à cidade, que é pertinho de Campinas, a tempo de ver o campo dourado de triticale ir desaparecendo no rastro da colhedeira e conversar com o holandês Wilhelmus Eltink, dono dos grãos e do velho trator New Holand. Mas é conversa pra outra hora.  O fato é que passei o resto do dia conhecendo o viveiro Oiti, conversando com Juliana e Flores, passeando pela cidade fundada por holandeses e comendo delícias holandesas.

Não, eu não converso com árvores nem com flores. Flores Welle é o nome do marido de Juliana, que tem histórias fascinantes para contar, afinal ele é filho de um dos fundadores da cidade e dono de um conhecimento impar sobre a flora do nosso país. E quando não sabe alguma coisa, corre ao pai dos burros da botânica, o livro Tropica. O Flores do nome é de nascimento, mas não veio à toa. Com doze anos ele usou um aspirador de pó para recolher todas as sementes de ipês que tinha disponível no sítio da família, recolheu latinhas de óleo no posto, abriu com abridor uma a uma, fez milhares de mudas e vendeu até pra prefeituras (que nunca lhe pagaram, claro, era coisa de moleque). Parte desta história você pode ver aqui nesta reportagem do Estadão e o resto é só mesmo conversando com ele, que uma coisa puxa outra. 

O viveiro Oiti trabalha com árvores nativas. Se você quer um projeto de reflorestamento, é só falar com eles. Foi ali que Flores nasceu e viveu a vida toda na casa construída pelo pai. Muito do que sabe aprendeu com o pai holandês. Todo o resto, descobriu com os livros e com a prática, mas não esconde nada. Adora ensinar.  Conheci ao vivo um monte de árvores que só sabia de livros. 

Juliana é toda criativa (ela é autora do post com fotos, que correu o mundo virtual injustamente sem autoria, falando dos saquinhos para lixo feitos com dobraduras de jornal - eu mesma faço uso da ideia sem saber que o texto que devo ter visto em algum lugar era dela) e me mostrou o resultado de sua missão cambuci e as peripécias que enfrentou até chegar àquelas trezentas mudinhas. Os dedos dos dois ficaram pretos durante dias por causa talvez do tanino dos frutos. Já os meus, estão ainda roxos de tanto tirar cabinho de amoras gigantes,  que eles tem na frente casa, para comer até me fartar. 

No fim da tarde fomos tomar café com leite e comer doce na Confeitaria holandesa Zoet en Zout em frente ao lago, vendo patinhos deslizando na água em fila indiana. Antes, reformei o fermento que havia dado a Juliana e ele borbulhou alegre com o calor que fazia.  Já íamos dormir, depois de tanta conversa boa,  quando resolvemos amassar o pão com o levain e a mandioquinha que Juliana cozinhou porque estava sobrando na geladeira. O pão cresceu durante toda a noite e foi moldado e assado hoje cedinho. Voltei com biscoitinhos holandeses além de mudas disso e daquilo outro, claro. 

Bem, nunca fui a Expoflora em Holambra, para indicar (está acontecendo neste setembro, de quinta a domingo), tenho um pouco de pavor de multidões e trânsito, mas, uma visita tranquila ao viveiro e a boa acolhida da Juliana e do Flores, isto posso garantir que vale o passeio. 

Umas fotos:






Viveiro Oiti. obra da Juliana - mudas de cambuci


Pão de mandioquinha 

Amoras gigantes
Juliana e Flores





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