Um dia de carioca
Comida Saudável

Um dia de carioca




Mesmo quando estou viajando, gosto de cozinhar, especialmente para experimentar in loco os produtos do mercado que a gente nem sempre encontra nos restaurantes. Por isto é sempre providencial levar nas viagens pelo menos um fogão elétrico de uma boca e uma panela pequena. Eu já cozinhei em varanda de hotel. Mas, no Rio, tinha à minha disposição uma cozinha super bem equipada com quatro bocas elétricas e panelas a escolher. Como estávamos sem disposição para pesquisar o melhor lugar para se devorar um bom camarão e porque estávamos cansados de andar durante o dia; e porque havíamos almoçado como reis no restaurante O Navegador; e porque queríamos ficar juntinhos, só nós dois; e porque queríamos estrear aquela cozinha intocada de moça recém-casada; e porque aquelas panelas brancas eram lindas; e porque gosto do desafio de fazer prato completo com o mínimo de ingredientes, que escolho e decido na hora; e porque queria me sentir uma carioca indo a pé às compras no Supermercado Zona Sul; e porque já sabia que o camarão de lá estava fresco como convinha... E por tantas outras coisas, ficamos a cozinhar no agradável apartamento da Nina Horta, em Copacabana, onde estávamos hospedados. E, vá lá... comemos bem. E, barato!


No Zona Sul estas lindas sacolas duráveis são vendidas a 13 reais. Muita gente já está se despedindo daquelas danosas descartáveis.

Começamos a pensar no cardápio a partir dos dois únicos ingredientes que havia na cozinha da Nina ? sal e açúcar. Compramos canjiquinha finíssima quase como uma polenta italiana - que me inspirou na hora. Camarão grande inteiro, um maço de brócolis e outro de cheiro-verde (salsa e cebolinha). Além de bananas, para a sobremesa. E, claro, o pão (francês, comum) e o vinho (australiano, De Bortoli, IVA 4 Petit Verdot, 2003).


Com a ajuda do Marcos, fizemos tudo em meia hora.
Os camarões: 8 camarões grandes - limpei, puxando a tripinha ? numa inserção ao meio do dorso. Separei cabeças e cascas, deixando os rabinhos. Deixei ainda dois inteiros, só pra fazer presença no prato. Temperei com sal. Numa panela coloquei as cascas e cabeças, juntei uns ramos de salsa e cebolinha verde picada, cobri com 1 xícara de água e deixei ferver até reduzir o caldo pela metade. À parte, aqueci um pouco de azeite e refoguei a parte branca da cebolinha, picada (umas duas colheres de sopa). Juntei os camarões e temperei com sal. Fritei rapidamente só até ficarem opacos e juntei o caldo das cascas coado. Cozinhei mais dois minutos, conferi o sal e espalhei salsinha picada por cima. Reguei com um fiozinho de azeite e estava pronto.

Antes do camarão, comecei a fazer a canjiquinha (65 centavos, meio quilo!!). Juntei numa panela 1 xícara dela, 4 de água e 1 colher (chá) de sal. Cozinhei como polenta, mexendo, por 20 minutos (já vi gente servir canjiquinha ao dente e acho estranhíssimo, pois molinha é muito mais saborosa). No final, juntei um fio de azeite e mexi bem.

Os brócolis, cozinhei no vapor por 3 minutos e juntei sal e azeite. Comemos em dois o jantar que daria tranquilamente para quatro.



O sal era da casa. Esta canjiquinha (grãos de milho triturados) era finíssima e fiz como polenta. Se os grânulos fossem mais grossos teria feito como arroz (mesma medidas, mesmo jeito de fazer).


O vinho,
Deen De Bortoli IVA 4 Petit Verdot, Sudeste da Austrália,
escolhido pelo Marcos talvez casasse melhor com uma carne, mas, como diz meu amigo Luiz Horta, boa comida é aquela que não atrapalha o vinho. Neste caso, defendo o camarão que não fez mal algum ao vinho. Sei que isto não quer dizer uma boa harmonização, mas saímos da mesa felizes com a independência do crustáceo em relação à presença dos taninos fortes do vinho que sabia a especiarias frutadas.

Para as bananas
, nada de mais: um caramelinho com pouco açúcar, as bananas pratas fatiadas com um mínimo de água e fogo suficiente só para cozinhar de leve as frutas, que distribuí entre duas taças. Glaceei a frigideira com o pouco do vinho da nossa mesa e joguei sobre a taça. Comemos assim, morna, sem sorvete - e pra quê?




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