O consumo de bebidas alcoólicas está relacionado a vários fatores, especialmente aos fatores culturais. Religião, costumes, hábitos e tradições caracterizam a frequência da ingestão dessas bebidas em cada país. Em 2006, a pesquisa VIGITEL avaliou 54.369 indivíduos adultos com o propósito de verificar a quantidade de consumo de álcool entre a população brasileira. O estudo considerou dois padrões de uso: habitual (ingestão de bebida alcoólica nos últimos 30 dias, independentemente da dose) ou abusivo (consumo de 5 ou mais doses para homens e 4 ou mais doses para mulheres em uma ocasião, nos últimos 30 dias).
Como resultado, cerca de 40% dos brasileiros disseram fazer uso habitual de álcool, sendo que 42% desses, o fazem de forma abusiva. O estudo demonstrou ainda que homens consomem mais que as mulheres, tanto no padrão habitual como no abusivo (2 vezes e 3 vezes mais, respectivamente). A bebida mais frequentemente relatada foi a cerveja, seguida pela cachaça e pelo vinho. Observou-se que 18% das pessoas consomem acima de 16,8 g de álcool, o que representa uma contribuição calórica média de 1,2% da dieta.
Utilizado de forma ritual ou social, o álcool é apreciado por diversos fatores, entre eles, seu sabor, encanto, cor, aroma (Santos & Dinham, 2006). Ainda é importante informar que o álcool fornece calorias, por conter uma quantidade significante de açúcar (Gurr, 1996; Jesus et al., 2002).
O metabólito derivado do metabolismo do álcool (acetato), é considerado tóxico para o organismo, e desencadeia uma resposta inflamatória no tecido hepático, que a longo prazo, pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas como cirrose e esteatose hepática. Estudos realizado por Lands, (1993), Suter et al., (1997) e Suter (2005), sugerem que o excesso de álcool pode interferir nas taxas de oxidação lipídica, favorecendo o estoque de gorduras no organismo, que se depositam preferencialmente na área abdominal.
Sabe-se que carboidratos e proteínas fornecem 4 Kcal/g de energia, enquanto lipídios fornecem 9 Kcal/g. Ao se tratar de álcool, para cada grama de etanol metabolizado, são formadas 7,1 Kcal/g, uma fonte energética considerável comparada às demais fontes energéticas citadas anteriormente. Além disso, bebidas alcoólicas são apontadas também como estimuladoras de apetite. Estudo de Yeomans et al. (2003) sugeriu que o álcool estimularia vários sistemas neuroquímicos e periféricos implicados no controle de apetite, inibindo a atuação de hormônios como a leptina, que no metabolismo agem como reguladores do apetite.
As respostas metabólicas ao consumo de bebidas alcoólicas são diferentes para cada indivíduo. Levando em consideração fatores individuais, genéticos e metabólicos de cada um. Sendo assim, é valido lembrar que a ingestão de álcool já é um fator cultural, devendo ser consumido com moderação e, de preferência, em quantidades recomendadas pela Organização Mundial da Saúde.
Referências:
Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos não Transmissíveis. Brasil, 15 capitais e Distrito Federal 2002?2003.
Kachani, A.T. et al. - O impacto do consumo alcoólico no ganho de peso / Rev. Psiq. Clín 35, supl 1; 21-24, 2008
Lands, W.E.M. - A summary of the workshop: alcohol and calories: a matter of balance. J Nutr 123: 1338-1341, 1993.
Suter, P.M. - Is alcohol consumption a risk factor for weight gain and obesity? Crit Rev Clin Lab Sci 42(3): 197-227, 2005.
Suter, P.M.; Hasler, E.; Vetter, W. - Effects of alcohol on energy metabolism and body weight regulation: is alcohol a risk factor for obesity? Nutrition Reviews 55(5): 157-171, 1997.
Yeomans, M.R.; Caton, S.; Hetherington, M.M. - Alcohol and food intake. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 6(6): 639-644, 2003.