Comida Saudável
Controle de Natalidade, parte V: o DIU
Artigo traduzido por Juliana Whately. O original está aqui.
Este artigo faz parte de uma série sobre anticoncepcionais, escrita pela Stefani Ruper, do Paleo for Women:
- Pílulas anticoncepcionais - como elas funcionam, benefícios e riscos
- Advertência sobre a drospirenona
- Qual Pílula Anticoncepcional é Qual?
- O Implante, o Adesivo e o anel vaginal NuvaRing
- O DIU
por Stefani Ruper
DIU significa dispositivo intrauterino. Um DIU é um pedaço de plástico pequeno, em forma de T, que um médico treinado insere no útero, e que pode ser inserido em qualquer momento, desde que a mulher não esteja grávida. Um implante de DIU pode ser tão caro quanto 1000 dólares, mas pode durar até 12 anos.
Até 2002, diz a OMS, o DIU foi utilizado por 160 milhões de mulheres em todo o mundo.
Existem dois tipos de DIU e as suas vantagens e efeitos colaterais variam amplamente: um é o DIU de cobre e o outro é um DIU de baixa dose de progesterona.
O DIU progesterona (marca Mirena)
O DIU progesterona é uma pequena peça em forma de ‘T’de plástico, que contém uma variante sintética da progesterona, o levonorgestrel.
O DIU progesterona é revestido com uma membrana que regula a liberação de levonorgestrel. Ele libera levonorgestrel a uma taxa inicial de 20 microgramas por dia e diminui a uma taxa de 14 microgramas após 5 anos, que ainda se encontra no alcance de eficácia clínica. Em comparação: pílulas anticoncepcionais podem conter até 150 microgramas de levonorgestrel, tudo indo direito para a corrente sanguínea.
O DIU progesterona libera o levonorgestrel diretamente para dentro do útero. A maior parte do hormônio permanece no interior do útero e apenas uma pequena quantidade é absorvida pelo resto do corpo. Isto é o contrário do NuvaRing, que também é uma inserção vaginal de hormônio, mas que deposita hormônio na corrente sanguínea e, por conseguinte, pode causar flutuações nos níveis hormonais do corpo.
O DIU progesterona é inserido por um profissional médico em um procedimento rápido, depois de ter certeza que a mulher não tem infecções sexualmente transmissíveis. Se ela tiver, o dispositivo pode agravar a infecção.
O DIU progesterona é talvez a mais eficaz de todas as formas de contracepção, com taxas de insucesso precoce de 0,2 por cento e taxas de insucesso tardia de 0,7 por cento. Este DIU pode ser utilizado no máximo por 7 anos.
O DIU progesterona funciona através da inibição da fertilização. O muco cervical engrossa, os espermatozóides são mortos, o endométrio é suprimido (uma vez que a progesterona é antagônica ao crescimento do endométrio) e ovulação é impedida. Algumas mulheres ovulam durante o uso, mas muitas param de ovular enquanto em uso. Isto depende inteiramente do quão sensíveis elas são à progesterona e se a baixa dose de progesterona contida neste DIU é ou não suficiente para impedir a sinalização hormonal.
Como o DIU pode impedir a sinalização hormonal, ele também tem o poder de diminuir o fluxo menstrual, diminuir cólicas e até mesmo acabar com a menstruação completamente, em algumas mulheres. Existem efeitos colaterais encantadores e tentadoras para muitas mulheres.
Por outro lado, a pequena perturbação hormonal pode ser um incômodo para muitas mulheres, também. Os efeitos colaterais do DIU progesterona incluem:
- Sangramento irregular: Isso é comum nos primeiros 3-6 meses de uso, enquanto o corpo se ajusta aos novos níveis hormonais. Depois de 1 ano, no entanto, 20% das mulheres param de menstruar e a maioria das mulheres retomam os períodos menstruais normais e mais leves.
- Expulsão: Às vezes, o DIU pode escorregar para fora do útero. Neste caso, ele tem de ser reinserido.
- Perfuração: Por vezes, o DIU pode se mover para dentro das paredes uterinas e, neste caso, tem de ser removido por meio de cirurgia. Isto ocorre em menos do que 0,1% das mulheres.
- Gravidez: Um risco super pequeno, mas mesmo assim existente, de gravidez ectópica e de ocorrências de aborto quando acontece a gravidez usando DIU.
- Infecção: As infecções estão um pouco associadas ao início do uso do DIU, mas isso é, em grande parte, devido a co-ocorrência com infecções sexualmente transmissíveis, e não deve ser um problema para mulheres sexualmente saudáveis.
- Cistos ovarianos: Os cistos ovarianos são diagnosticados em cerca de 12% das mulheres que usam o DIU progesterona. A maioria destes folículos são assintomáticos e não causam problemas ou danos, embora alguns possam ser acompanhados de dor pélvica. Na maioria dos casos, os folículos aumentados desaparecem espontaneamente após dois a três meses de uso e a intervenção cirúrgica geralmente não é necessária.
O DIU de cobre
O DIU de cobre é um dos únicos métodos não-hormonais – e é o único método não-hormonal de longo grazo – disponível, fora a tabelinha. Tem a mesma forma de T como o DIU hormonal e é feito de plástico também, mas com fios de cobre dentro dele.
A forma como o DIU de cobre funciona é agindo como um espermicida dentro do útero. Isto faz com que a taxa de falha seja bastante baixa variando entre 0,1 e 2,2%, dependendo da marca usada e a quantidade de cobre contida no DIU em questão. A eficácia de cada DIU é baseada na quantidade de cobre que possui: o DIU mais eficiente tem sido demonstrado o que possui, pelo menos, 380mm de fios de cobre.
O DIU de cobre é efetivo imediatamente após a inserção – o que significa que também pode ser usado como um contraceptivo de emergência – e a fertilidade geralmente retorna no prazo de três meses da remoção. Esta é uma opção muito mais segura para uma regularidade hormonal e fertilidade do que os métodos contraceptivos hormonais, como a pílula.
A presença de cobre no útero aumenta os níveis de íons de cobre, prostaglandinas, e as células brancas do sangue no interior do útero e das trompas uterinas.
Muitas mulheres têm reações adversas ao usar o DIU por causa de um mito: que ele funciona "irritando" tanto o útero que não é possível engravidar. Isso não é verdade. O cobre atua como um espermicida – ativamente mata o esperma – e esta é a razão que impede as mulheres de engravidarem.
O aumento das prostaglandinas, no entanto, pode de fato levar a um aumento da inflamação durante o ciclo menstrual. O ciclo menstrual já contém muita secreção de prostaglandina – enquanto o endométrio é descamado e músculos em volta se contraem – embora em uma mulher sensível ao aumento da inflamação o DIU possa causar cólicas e fluxo sanguíneo maior.
Também tem sido mostrado que o DIU de cobre aumenta o fluxo de sangue e as cólicas significativamente durante os meses iniciais: nos primeiros 3-6 meses, o fluxo sanguíneo aumenta, em média, entre 25 e 50%. Para muitas mulheres, isso para depois de vários meses e elas podem desfrutar de muitos anos de sexo seguro em paz. Para outras, isso não acontece. O desconforto é a razão número um para a remoção do DIU de cobre – e mais uma vez, isto é, em grande parte, por causa dos íons de cobre e prostaglandinas.
Outros efeitos colaterais do DIU incluem:
- Expulsão: por vezes, o DIU pode ser expelido espontaneamente do útero. As taxas de expulsão podem variar de 2,2% a 11,4% dos usuários a partir do primeiro ano ao 10º ano, e isso varia de acordo com a marca. Corrimento vaginal anormal, cólicas ou dor, escape entre os períodos, escape depois do sexo, ou a ausência ou alongamento das cordas (que existem para assegurar a mulher de que o DIU ainda está em bom) podem ser sinais de uma possível expulsão.
- Perfuração: Muito raramente, o DIU pode se mover através da parede do útero. Neste caso, deve ser removido cirurgicamente, assim como com o DIU de progesterona.
- Infecção: A inserção do DIU de cobre representa um risco transitório de doença inflamatória pélvica (graças aos íons de cobre e prostaglandinas) depois de ser inserido, no entanto, também, como o DIU de progesterona, geralmente é por causa de infecções sexualmente transmissíveis e não do DIU em si.
- Sangramento irregular e escape: nos primeiros 3 a 6 meses após a inserção, para a maioria das mulheres, e para uma pequena porcentagem por muito mais tempo, o DIU de cobre pode causar períodos irregulares e escapes entre os períodos.
- Problemas nas cordas: Uma pequena porção de homens relata que podem sentir as cordas durante a relação sexual. Neste caso, as cordas podem ser aparadas.
- Gravidez: Embora raro, se a gravidez ocorre com o DIU de cobre no lugar podem haver efeitos colaterais graves. Riscos de gravidez ectópica e aborto aumentados. Neste caso, o DIU deve ser removido imediatamente.
- Toxicidade do cobre: Um aspecto do DIU não frequentemente discutido na comunidade médica é a toxicidade do cobre. Se o corpo recebe mais cobre do que o que ele pode aguentar – e este é o caso, particularmente se o zinco não for suplementado ou consumido em quantidades elevadas durante a utilização do DIU – uma mulher pode ter efeitos colaterais incapacitantes.
Amalia, um dos nossos membros da comunidade, tem escrito para mim e gentilmente concordou em compartilhar sua história com a gente. Minha esperança em compartilhar isso com você é a) capacitá-las a se empoderarem da sua saúde em suas próprias mãos e b) demonstrar-lhe os sintomas e patologia da toxicidade do cobre, caso esteja ocorrendo algo similar com você.
A experiência de Amalia com DIU de cobre
Antes dos meus problemas de saúde começarem, por volta do meu aniversário de 24 anos, eu era aquela pessoa irritante que podia comer o que queria e nunca ganhava peso. Eu nunca pensei em fazer dieta, estava feliz com o meu corpo, e simplesmente comia quando eu estava com fome. Eu sempre fui naturalmente muito magra (1,73m e cerca de 52-54kg). Eu também vou pontuar que eu fui criada em uma família muito preocupado com a saúde, vegana, mas eu podia comer o que eu queria (ou seja, ramen, doritos, rosquinhas e cookies direto do pacote), uma vez que fui para o colégio interno, aos 13. Durante a faculdade e nos anos seguintes, a minha dieta melhorou, mas não era ótima (saladas, arroz, massas, comida chinesa, mexicana, japonesa, e doces).
Todos os meus sintomas começaram repentinamente após um período de intenso estresse emocional. Ganhei 5 quilos em apenas um mês, que se transformaram em 15 na fase mais pesada. Eu sou a primeira a admitir que eu não era gorda, mas eu parecia inchada e insalubre. Eu parei de menstruar, mas tinha os sintomas da TPM constantes (extremo inchaço, cólicas, erupções de pele, irritabilidade) e meu ginecologista me disse que tudo estava normal e não havia com o que me preocupar. Depois de tomar várias pílulas anticoncepcionais por 8 anos, eu tinha colocado um DIU de cobre cerca de um ano antes de todos esses sintomas começarem. Eu tinha escolhido o Paragard porque eu queria uma opção de contraceptivo sem hormônios. Meu ginecologista me garantiu que o DIU não poderia ser o responsável por meus problemas porque não contém hormônios.
Além dos sintomas da TPM, eu estava sofrendo de depressão (pela primeira vez na minha vida), ansiedade, fadiga extrema, insônia, alguma perda de cabelo leve e um desejo intenso e incontrolável por açúcar. Comer tornou-se rapidamente uma desordem, já que eu beliscava qualquer coisa doce e tentava esconder isso das pessoas ao meu redor. Parecia que eu estava em uma espiral descendente e não conseguia sair. Eu fui a muitos médicos – ocidental, oriental, naturopata, etc – e ninguém conseguia me dizer o que havia de errado comigo. Acupuntura e ervas chinesas ajudaram um pouco, mas não estavam focando para a raiz do problema. Eu estava num estado miserável e minha saúde em declínio era tudo que eu conseguia pensar.
Finalmente, maio 2010, um ano após tudo isso começar, eu fui num outro ginecologista que me disse que o DIU de cobre poderia ser o culpado. Eu pesquisei mais online e tropecei em um fórum de milhares e milhares de mulheres em todo o mundo que estavam sofrendo os mesmos sintomas que eu, todas com o DIU de cobre. Eu finalmente senti como se eu tivesse encontrado a resposta e imediatamente removi o DIU. Dentro de alguns meses, meus períodos foram voltando ao normal e eu estava começando a me sentir um pouco melhor. No entanto, alguns meses depois eu ainda estava sofrendo com a maioria dos sintomas e enviei uma amostra de cabelo para um médico naturopata que foca na toxicidade do cobre. Ele me passou uma dieta (80% legumes cozidos, 20% de gorduras e proteínas de origem animal), deu-me uma enorme quantidade de suplementos para suportar a fadiga adrenal, desintoxicação do fígado e tireóide preguiçosa, e insistiu em mudanças de estilo de vida para limitar o estresse e se concentrar em dormir. Depois de um ano, eu me sentia melhor, mas o meu progresso foi muito lento, especialmente porque eu ainda lutava contra o vício do açúcar – ainda que as minhas guloseimas fossem livre de glúten e açúcar.
Em maio deste ano, eu decidi tomar a minha saúde em minhas próprias mãos e cuidar do meu vício por açúcar de uma nova maneira. Eu pesquisei formas de largar o açúcar, o que me levou ao Dr. Lustig, que me levou para o mundo Paleo/Weston A. Price. Eu tenho escutado todos os principais podcasts paleo/Comida de Verdade que eu pude encontrar e estou aprendendo muito. Eu tenho brincado com a minha dieta, neste quadro, para encontrar o que é certo para mim e, finalmente, sendo capaz de parar com os doces, e estou começando a realmente me sentir como eu mesma novamente.
Eu tenho muito mais energia, melhor composição corporal, tenho disposição para trabalhar fora e estou dormindo melhor. Comecei a tomar caldo de osso, comer alimentos Green Pastures FCL/BO e tenho um lençol “Earthing” na minha cama, os três que eu acredito terem sido extremamente úteis. Eu também tenho me concentrado nos aspectos emocionais e ir a um terapeuta tem sido um componente importante da minha recuperação. Eu ainda luto contra o excesso de comida, problemas de intestino e minha menstruação parou nos últimos meses (o que corresponde precisamente a quando eu comecei a me sentir muito melhor), mas eu estou fazendo progressos.
Espero que a minha história possa alertar as mulheres para os possíveis perigos de excesso de cobre do DIU de cobre, o que para mim começou uma reação em cadeia de problemas de saúde. Eu sei que ele não afeta a todas da mesma maneira, mas eu quero que as mulheres estejam cientes dos efeitos colaterais, muitos dos quais não são reconhecidos pela comunidade médica.
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