Pensei já ter falado da pimenta-rosa ou aroeira vermelha por aqui, mas fui procurar e nunca. Talvez porque não tenha lá grande simpatia pelo aroma resinoso que sabe a terebentina. Mas acho linda e docinha e às vezes uso em peixes com muita parcimonia.
Agora, pimenta-rosa branca nunca tinha visto nem provado. Estas também foram presentes do Edilson Giacon, da Ciprest, o mesmo que me mandou manjericão-zaatar e o limão Kafir. Segundo ele, um amigo, ou posso chamar de um aluno meu, começou há alguns anos a formar árvores nativas, ele foi responsável por um grande projeto de reflorestamente de uma usina da região. Em uma de sua buscas por sementes, ele se deparo, há uns três anos, com uma única árvore que dava estes frutos brancos, me trouxe para confirmar se seria a mesma pimenta rosa só que branca, constatamos ser a mesma, tudo igual, folhas, madeira, frutos. Só muda a cor.
A planta
Mudas de aroeira foram levadas da América do Sul para os Estados Unidos e introduzidas inicialmente na Flórida, e atualmente cresce silvestre por lá. Parece ter sido descoberta como condimento pelos franceses no início do século passado. Com o avanço da nouvelle cuisine, o tempero passou a ser usado em várias partes do mundo. No Brasil, começou a fazer sucesso a partir da década de 1970, então coisa muito recente, quase como a priprioca do Alex Atala.
Da mesma família do cajueiro, a das anacardiáceas, a aroeira é uma árvore frondosa, com até 15 metros de altura, e oferece um espetáculo aos olhos quando carregada de cachos com as pequenas bagas que passam de verdes a rosadas e vermelhas, conforme amadurecem. A árvore é cultivada como planta ornamental em vários países mediterrâneos. No Brasil é possível encontrá-las em toda parte, sem que se dê muita importância para os seus frutos. Por simples desconhecimento, já que seu uso não é tão difundido entre nós, os frutos, abundantes durante a safra, permanecem nas árvores até que sequem, caiam ou sejam comidos pelos pássaros (numa praça aqui perto mesmo, não consigo nunca colhê-los maduros, os pássaros chegam antes - só colho verdes, são estes da foto aí em cima).
Mas na fitoterapia, seu uso é amplo. No Peru, são usadas as folhas e casca, como medicamento para vários tipos de enfermidades, de distúrbios respiratórios a reações inflamatórias.
Versátil na cozinha, pode condimentar tanto pratos salgados como pratos doces. Exerce em belo efeito decorativo dado pela cor vibrante. Seu sabor e perfume combinam com pratos a base de peixes, aves, queijos, verduras e frutas. Gosto dela misturada com pimenta-do-reino branca, verde e preta, não só pelo sabor que produz, mas pela belezura.
Assim como muitas outras especiarias como a noz moscada, o cravo ou o anis estrelado, a pimenta rosa também possui algum princípio tóxico e deve ser consumido apenas como tempero, sempre em pequenas doses. Apenas alguns frutos por porção já são suficientes para conferir o efeito desejado. Quando adquirir o produto fresco, seque-o ao sol ou no microondas para retirar toda a umidade. Do contrário, os frutos ficarão mofados quando guardados. Para secar no microondas, retire-os dos cachos e espalhe-os sobre um prato. Cubra com papel absorvente e leve ao microondas, em potência baixa, por cerca de 30 segundos. Observe se já secaram. Se ainda estiverem úmidos, deixe mais 10 segundos. Deixe mais se precisar. Guarde em vidro bem tampado e conserve ao abrigo da luz. Só pra mostrar a beleza que é a combinação das duas cores, fiz um filé de merluza dourado no azeite e coberto com manteiga temperada de limão, coentro e as pimentinhas.
Para os filés, soquei no pilão partes iguais de pimenta-rosa, pimenta-rosa branca, pimenta-do-reino preta e sal. Temperei os filés de merluza com esta mistura e um pouquinho de casca ralada de limão-rosa. Dourei no azeite. Limpei a frigideira e aqueci um pouco de manteiga (algo como 1 colher de sopa). Deixei começar a dourar, juntei 1 colher (chá) de suco de limão, esperei evaporar e juntei um pouco de pimenta rosa das duas cores e um pouquinho de coentro picado além de uma pitada de sal. E nhac com purê de batatas. Nota: parte deste texto é baseado em outro que já fiz pra Revista Caras anos atrás. Quem quiser encomendar as pimentinhas brancas e rosas, aqui está o contato do Edilson