Ontem teve aula da Mari Hirata, que vem ao Brasil pelo menos uma vez por ano, geralmente em agosto. E vem sempre cheia de novidades. Ontem, sua aula na escola Wilma Kovesi foi sobre comida de rua do Japão. Segundo ela, com a crise, os japoneses ficam menos inventidos e mais apegados à comida de conforto, como aquela praticada após a segunda Guerra, quando o país estava em franco desenvolvimento. Um dos pratos ensinados foi o takoyaki, aquele bolinho de polvo, velho conhecido de quem frequenta a feirinha da Liberdade aos domingos. Nas barracas, grandes formas de ferro com cavidades em bolinhas vão recebendo uma massa mole, como de panqueca, recheada com polvo (tako) e outros legumes picados como cebolinha verde. A massa é virada rapidamente à medida que vai tostando a superfície, até que vira uma esfera de massa recheada. Como é um dos pratos de rua que mais gosto de comer na Liberdade e até tenho forminha para fazer em casa e que uso também para vários tipos de bolinhos, divido com você a receita, para que não a perdamos nunca mais. O interessante é que a massa original, a que a Mara ensinou, leva cará cru ralado, aquele do gênero Dioscórea - veja a cara dele aqui- , que confere à massa não só liga, mas maciez, umidade. O recheio você pode variar bastante de acordo com o que tem por perto, lembrando apenas que takoyaki é feito com polvo, que é ingrediente popular no Japão. Eu já estou cá pensando em outros recheios.
Takoyaki. Receita de Mari Hirata
Para a massa
Para o recheio
Complementos
Prepare a massa: peneire a farinha com o fermento e reserve. Misture bem os ovos com o cará ralado e reserve. Misture o dashi gelado com a farinha de uma só vez e misture com fouet (batedor de arame). Junte a mistura de ovos e o shoyu. Com um pincel, unte bem as formas de takoyaki com óleo. Aqueça bem antes de usar. Despeje a mistura da massa quase até preencher as cavidades e introduza em cada cavidade os ingredientes do recheio: pedaços de polvo, cebolinha picada, camarão seco e o gengibre picado. Com ajuda de um palito comprido, vá limpando cada volta da cavidade, enrolando e virando as bolinhas para que fiquem douradas por igual. Se quiser as bolinhas bem crocantes, coloque um pouco de óleo em cada cavidade para ir fritando (se quiser menos oleoso, apenas unte as forminhas). Disponha as bolinhas prontas em um prato e cubra com molho, maionese, lascas de bonito seco e, por último, a alga aonori. Sirva bem quente.
Rende: cerca de 30 bolinhos
* A Mari preparou o polvo assim: limpou bem um polvo de pelo menos 3 kg (segundo ela, os menores não são bons), esfregando sal grosso. Bateu um pouco nele com nabo. Enxaguou bem. Ferveu um balde de água e, segurando o polvo pela cabeça foi mergulhando os tentáculos aos poucos, até mergulhar todo ele. Deixou cozinhar por apenas um minuto. Tirou da água, deixou esfriar e cortou em pedaços.
Beni Shoga - gengibre marinado. Receita de Mari Hirata 200 g de gengibre fresco (descascado e cortado em palitinhos finos)
Ferva uma vez os palitinhos de gengibre, coe e jogue fora a água do cozimento. Misture o vinagre, sal e açúcar e aqueça sem deixar a mistura ferver. Junte o gengibre e guarde em pode de vidro. Fica melhor se utilizado após três dias. Pode ser guardado durante meses na geladeira. Obs: costuma ser encontrado com cor vermelha, colorido artificialmente. Para colorir naturalmente, use um pouco de suco de beterraba.