Originária do sudeste da Ásia, a bertalha é hoje cultivada na Índia, Malásia e Filipinas, mas também é vista em toda a África tropical, Caribe e América do Sul. E embora seja uma cultura adaptada a uma variedade de solo e climas, prefere regiões com chuvas abundantes e bem distribuídas durante o ano e temperaturas mais elevadas. Para quem acha que é parente do espinafre, saiba que este membro da família das Baseláceas sequer é parente do espinafre verdadeiro (
Spinacia oleracea L., família
Chenopodiaceae), mas tal é a semelhança entre as folhas das duas espécies que é conhecido em inglês como
malabar spinach, ou ainda, em português, como
espinafre indiano,
espinafre do Ceilão ou
espinafre africano.
São três os tipos de bertalha, todas elas trepadeiras: a
Basella alba, com folhagem, galhos e hastes verdes e flores brancas; a
B. rubra com hastes, pecíolos e nervuras avermelhadas e flores rubras e a
B. cordifolia, com folhas verdes e grandes, com formato de coração - talvez seja esta a que comprei, da foto. Mas no Brasil, o tipo alba é o mais comum - tem folhas grandes, grossas, algo rugosas, suculentas, tenras, firmes e brilhantes.
Não imagino como seja o plantio, mas uma coisa é certa: como são trepadeiras, são plantadas com tutoramento e colhidas depois de cerca de 60 dias ? cortam-se folhas individuais ou os galhos terminais a uma altura de 40 a 50 centímetros. De qualquer forma, enfiei um galho na terra e até agora ele permanece verdinho e tenro. É uma planta rústica e duradoura, produzindo durante todo o verão, quando várias outras folhas são escassas e, por isto, talvez minha tentativa de obter folhas para o inverno resulte infrutífera. Mas esta característica faz dela um ótimo recurso alimentar, principalmente em áreas mais pobres, onde não há abundância de vitamina A, da qual é fonte na forma de betacaroteno, uma pró-vitamina A presente nas suas folhas verde-escuras.
Seu sabor é marcante, mas singelo. Lembra um pouco o espinafre no sabor, Mas, tanto folhas quanto talos mostram-se, ao serem cortados e mastigados, mucilaginosos quase como o quiabo, por isto, mais que o espinafre lembram a beldroega ou a ora-pro-nobis que também tem este visgo.
Na Bahia, pode compor o
caruru de folhas, refogado feito junto com outras folhas como taioba e lingua-de-vaca e as de quiabo, além de cebolas, castanha de caju, amendoim, gengibre, azeite de dendê, camarão seco e leite de coco. E, embora as folhas cruas sejam crocantes e possam ser preparadas como saladas, sua forma mais comum de consumo é mesmo refogada ou cozida com outros vegetais. Pode ser usada em sopas, cremes, suflês e bolinhos. É que, como o espinafre ou a taioba, possui muito oxalato de cálcio que causa sensação de pinicamento na língua. Por isto, é conveniente escaldá-la e desprezar a água antes de ser adicionada em qualquer outro prato. Os oxalatos atrapalham a absorção de cálcio e ferro e podem ser ruins para quem tem tendência a formar cálculos renais de oxalatos.