Já que me pediram ontem para dar a receita da manteiga de amendoim e como estava com o processador à mão - não que normalmente esteja longe -, aqui vai não só a fórmula da manteiga, mas também dos dadinhos, que nasceram espontaneamente tomando o posto da manteiga. Depois de ter triturado o amendoim ainda quente para a manteiga, não resisti ao aroma - desliguei o aparelho, juntei a farofa fina apertando entre os dedos para fazer uma bolinha e nhac. A lembrança imediata doi daqueles saudosos Dadinhos da infância, quase uma paçoquinha mais úmida. E então, deixei a manteiga para depois e juntei mel. Aliás, não sei se os Dadinhos mudaram ou a fórmula é a mesma e o que mudou foi meu gosto. O fato é que hoje o Dadinho é, pra mim, um doce insuportável de pastoso, feito com uma gordura que não derrete com o calor da boca ou talvez emulsificantes indissolúveis; é mais doce do que minha lembrança e parece conter menos amendoim que açúcar. Um verdadeiro Zé Pequeno perto da grandeza de sabor que guardo na lembrança. Talvez tenha sempre sido assim, mas sei não, as fórmulas vão mudando (já trabalhei naquela multinacional que era dona do Amendocrem e sei do que são capazes para cortar custos - açúcar, gorduras hidrogenadas e emulsificantes são mais baratos que amendoim, logo...) e a indústria alimentícia vai moldando aos poucos nosso paladar conforme sua conveniência. E não estou falando dos dadinhos genéricos, não. Por favor, adoradores dos Dadinhos atuais, não se ofendam. Estou falando de gostos, de quem guarda uma lembrança deturpada de algo que talvez nunca tenha existido. Não falo, portanto, de quem gosta. Uma amiga é apaixonada por Dadinhos nos dias de hoje e continua sendo uma querida. Quem gosta e quem não gosta, talvez aprecie estes com mais amendoim. Crianças, com certeza.
Dadinho: 300 gramas (2 xícaras) de amendoim torrado, pelado e ainda quente (se preciso for, aqueça novamente no forno depois de pelado); 1/3 de xícara de mel. Modo de fazer: coloque o amendoim no processador e processe até virar uma paçoça muito fina. Com o aparelho ligado, junte aos poucos o mel e uma pitada de sal. Bata até formar um massa homogênea. Deixe esfriar, faça bolinhas e achate-as em cubos. Se quiser e tiver paciência, complete o dadinho com gergelim preto. Eu só tive paciência para os dois que posaram para a foto.
Manteiga de amendoim: 2 xícaras de amendoim torrado, pelado e bem quente (se for necessário, despele e volte os grãos ao forno por alguns minutos, sem deixar torrar mais); 3 colheres (sopa) de azeite, óleo de licuri, de coco, de babaçu ou óleo, 1 colher (café) de sal e água fervente. Modo de fazer: bata o amendoim no processador até virar uma farofa bem fina. Junte o azeite aos poucos e o sal. Continue batendo e corrija a cremosidade com água quente, adicionada também aos poucos. A quantidade pode variar de acordo com a umidade do amendoim. Se quiser, substitua metade do óleo pela água quente. Lembre-se que na geladeira o creme vai ficar mais firme. Amendocrem: para fazer a manteiga doce como amendocrem, faça a mesma receita do Dadinho e adicione água fervente aos poucos até a mistura ficar cremosa.