De vez em quando coloco alguns grãos para germinar sem a mínima ideia do que vão virar - cabem em vários pratos, por isto não me preocupo com a programação. Se estão prontos quando estou fazendo arroz, vão para o arroz. Se o dia é de sopa, vão para a sopa. Se é uma torta, juntam-se aos ingredientes do recheio. E vão bem no sanduíche, na salada, num refogado de legumes e até para ser comidos aos bocados cada vez que passo pela cozinha. Estes de mostarda, então, quase não sobram. Comi muitos bocados, pois são macios, meio mucilaginosos, meio crocantes, muito ardidos e refrescantes. Usei os mesmos grãos que usaria de outras formas. O rendimento é mais ou menos 1 para 5 - crescem bastante. E costumam ficar prontos em cinco ou seis dias.
Usei meu sprouter, mas se não tiver improvise com qualquer outro recipiente, como este ou aquele, desde que seja de material plástico ou vidro e que facilite o enxaguamento.
Como fazer os brotos: lave bem os grãos de mostarda (mas podem ser feijões mung, azuki ou feijões comuns, amendoins, lentilhas, ervilhas com pele, feno grego etc) e deixe uns 10 minutos imersos em solução com hipoclorito ? para eliminar a chance de desenvolvimento de salmonelas, por exemplo. Depois, enxágüe bem e deixe de molho em água limpa e fria de um dia para outro (ou pelo menos umas 5 horas). Escorra bem e deixe no sprouter ou num vidro coberto com um pano. Toda vez que se lembrar, enxágüe e escorra (ou pelo menos três vezes por dia). E deixe num lugar ventilado. O excesso de luz vai deixá-los mais esverdeados e coloridos, pois tem formação de clorofila e outros pigmentos. Mas, se quiser mais clarinho (especialmente no caso do feijão mung, que faz os brotos de feijão do comércio, os mais branquinhos, estiolados e crocantes são os preferidos). Eu gosto deles verdes. Por volta do quinto dia já podem ser consumidos crus ou cozidos.
Bem, como quis testar a massa da receita de torta da Chus e não tinha nenhum dos recheios propostos (palmitos, ovos, queijos, frango etc), misturei os brotos com tomatinho cereja, sal, azeite e folhas daquele manjericão-zaatar. Massa aprovadíssima. Recheio, idem. Com uma salada de folhas não precisa de mais nada. Segue a fórmula com algumas intromissões como redução da receita e substituição do óleo por azeite.
Torta salgada com brotos de mostarda (receita baseada na deliciosa Torta de Legumes da Maria Carbajal ou Chus, que fez o maior sucesso no piquenique)
Massa
2 ovos (gemas e claras separadas)
1,5 xícara de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado
1/2 xícara de azeite
1 xícara de leite
1 colher (café) de sal
1/2 colher (sopa) de fermento químico em pó
Queijo ralado a gosto para polvilhar Recheio 1 xícara de brotos de mostarda
12 tomates cerejas partidos ao meio
1 colher (sopa) de azeite
5 folhas de manjericão-zaatar picadas (ou algum outro que for fácil para você)
Sal e pimenta-do-reino a gosto
Massa: numa tigela misture as gemas, a farinha, o queijo, o azeite, o leite e o sal. Junte o fermento e misture bem. À parte, bata as claras em neve até formar picos macios. Junte à massa e misture delicadamente para fazer uma massa cremosa, fofa e uniforme.
Recheio: misture todos os ingredientes e reserve.
Monte a torta: unte uma forma refratária de 20 centímetros de diâmetro com manteiga e polvilhe farinha de trigo. Despeje metade da massa e espalhe por cima o recheio. Cubra com a massa restante, polvilhe queijo ralado e leve ao forno, em temperatura média, e deixe assar por cerca de meia hora ou até a superfície ficar dourada.
Rende: 8 porções
Nota: a receita que dei acima é metade da original dada pela Chus e será suficiente para aquele refratário. Mas, como fiz a receita inteira sobrou massa. Por isto, coloquei a outra metade numa assadeira retangular, de modo que a massa ficasse mais fina, cobri com tomatinhos temperados com sal, pimenta, azeite e manjericão e espalhei por cima queijo ralado grosso. Virou uma imitação bem gostosa de pizza para dias apressados.