Comida Saudável
Cheiros portugueses
Finalmente se dá no Brasil toda a hortaliça de Portugal, hortelã, endros, coentro, segurelha [...] nabos [...] - 1590/1627
SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil (1590-1627). São Paulo, Edições Melhoramentos, 1954. p. 58
Usando a falta de tempo como desculpa, me aproveito daquele velho e bom recurso que é dar voz aos leitores que sempre têm algo de interessante a dizer. Por isto, extraí estes dois comentários do post sobre cheiro-verde e exponho aqui a contribuição valiosa dos dois portugueses que, de certa forma, nos ajuda a entender nossos próprios modos. Buriti disse... Em Portugal usamos a designação "ramo de cheiros". Segundo o Livro de Pantagruel, que é qualquer coisa como uma bíblia culinária que já vai nas largas dezenas de edições, pode ler-se que ramo de cheiros é "Raminho de plantas odoríferas, que se ata com uma linha ou se mete numa "boneca", para poder retirá-lo na devida altura. Em princípio, compõe-se de salsa, tomilho, aipo e louro, mas as combinações são infindáveis, segundo o gosto e a imaginação." Espero, de alguma forma, contribuir para a discussão sobre este assunto. Como sabemos a cozinha portuguesa influenciou fortemente a cozinha brasileira, sobretudo em Minas Gerais. Curiosamente, uma sopa que se diz tipicamente portuguesa, o Caldo Verde, que não aprecio particularmente, apreciei-a com um sabor extraordinário, há alguns anos, em Ouro Preto. O seu blogue é um serviço prestado à cultura pois, debruçando-se sobre a gastronomia, irá, necessariamente, abarcar toda a cultura em sentido lato. Tudo passa pelas panelas e pela mesa. Abraço, Fernando
João Pedro Diniz (do blog Ardeu a Padaria) disse...
Em Portugal pouco se usa o cheiro verde ou o ramo de cheiros, excepto nos molhos e caldos (ou fundos) oriundos da cozinha francesa. A nossa tradição culinária raramente utiliza mais do que a folha de louro no início do cozinhado e uma erva fresca no final. Nesta aspecto, o Alentejo por ser mais pobre, dá mais valor aos pequenos aromas selvagens que podem animar a comida sem afectar o orçamento. Não somos um povo de manjericão, nem cebolinho, sendo a sua utilização rara na nossa cozinha tradicional, mas usa-se muito a salsa no norte do país e os coentros no sul. Nalguns pratos podem-se usar outros cheiros como é o caso da segurelha na sopa de feijão verde, a folha de alho nas favas guisadas, ou o serpão (variante do tomilho) em assados de borrego ou cabrito. Mas tudo muda e também aqui se vão fazendo inovações, mas lentamente.
Obrigada, Fernando e João!
Veja Também:
-
Cheiro-verde Paraense
No mercado Ver-o-Peso, em Belém do Pará, o cheiro-verde é assim: pimentas-de-cheiro de todo tipo, da doce e da ardida, cebolinha, coentro e chicória - os dois cheiram quase igual, também chamado de chicória-do-pará, coentro-da-Índia, coentro-de...
-
O Seu Cheiro-verde Qual é?
No Pará, no cheiro-verde vem a chicória (coentrão, coentro-da-índia, coentro-de-pasto, encontrado em todo o Brasil.
Em São Paulo é salsinha e cebolinha
Eu já lancei esta mesma questão aqui, quando falei do cheiro-verde-paraense. E vieram...
-
Cheiro-verde De Casa
Fotos: Inês Correa Neide, estava lendo seu post sobre cheiro verde. A introdução está ótima. Lembrei dos seus textos inspirados lá das aulas do Rampazzo (hehe). E depois de come-se quem e tudo o mais tem uma pesquisa muito interessante, viu?...
-
Caldo Caseiro A Jato, Mas Nem Tanto
Nunca tenho cubos de carne em casa. Não gosto; acho que mais atrapalham que ajudam no sabor; costumam ter muito glutamato; são muito salgados. E também não uso porque não tenho costume, minha mãe nunca usou, nenhuma das minhas irmãs compram e,...
-
Receita Do Mocotó, Continuação ? Atolado De Bode Ou Atolado De Cabrito
Continuando, as receitas do Mocotó. Veja também receita da Mocofava e de Baião-de-dois. Atolado de bode ou atolado de cabrito (do chef Rodrigo Oliveira) Ingredientes Para a marinada 6 dentes de alho picados 80 ml de azeite 40 ml de vinagre de maçã...
Veja mais em:
Comida Saudável