Comida Saudável
É ingá - resposta à charada de ontem
Sementes chupadas de ingá - enganação da natureza ou frutinha ligh por excelência.
Ontem o primeiro a matar a charada foi o Leo Levorin, do Tá Bem Bom, que conhece bem o tal ingazinho porque seu pai tem um sítio em Santa Branca na margem do Rio Paraíba e comia a fruta enquanto nadava no rio, durante toda a infância. Parece mesmo balinha de criança. Doce mas não muito; saborosa, mas não muito; nem ácida nem perfumada. E as sementes tem esta superfície brincalhona algodoada que, como disse o Eduardo Luz, as faz parecerem dentes de pelúcia.
Não sei se estou certa, mas, pela descrição e fotos do Harri Lorenzi, no livro ?Árvores Brasileiras? (Instituto Plantarum ) , trata-se do
Ingá laurina ou ingá-mirim (também ingá branco, ingá-chichica, ingá-de-macaco, ingá-da-praia, ingaí), que ocorre em todo o país, desde a Amazônia até o Nordeste e de lá para o Sul até o Paraná. E outros países da América Latina, Central e Caribe. É uma leguminosa mimosóidea com muitas variedades. Só nos arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, estão registradas 34 delas. As flores são muito melíferas, a madeira é usada em caixotaria e os frutos, bem... nós, crianças e macacos, adoramos. Balinhas de algodão umedecidas em agüinha com açúcar, muito light. No mato, me lembro de ir com irmãs e primas chupando ingazinhos que encontrávamos pelo caminho e jogando as sementes pelas trilhas como João-e-Maria. Sementes que saiam quase do mesmo jeito que entravam na boca. A pelúcia (botanicamente, o arilo flocoso das sementes) é amassada com a língua e dela saiu só uma gominha de nada. Pura ingá-nação. A gente chupa, chupa e não sai nada. Quase como uma cerejinha de café que se come do pé. Ou sementinhas de romã que, segundo minha filha Ananda quando criança, tinha gosto de dedo. É só para divertir, passar o tempo, alegrar. Mas falo deste ingá-mirim. Na Ilha do Marajó comi uns ingás gigantes e polposos, um pouco mais ácidos, deliciosos. Estes sim, de comer a se fartar e engordar.
Os da foto, encontrei num posto de gasolina às margens da rodovia dos Bandeirantes ? posto Serro Azul. Bati o olho e precisei descer do carro e catar quanto pude ? com permissão do frentista, é claro, se é que ele estava se importando com umas vagenzinhas bobas.
E, já que o Leo Levorin lembrou da
Correnteza, música do Luiz Bonfá (com Djavan cantando, é linda), aqui vai a letra:
A correnteza do rio vai levando aquela flor
O meu bem já está dormindo zombando do meu amor
zombando do meu amor
Na barranceira do rio o ingá se debruçou
E a fruta que era madura
a correnteza levou
a correnteza levou
a correnteza levou, ah
E choveu uma semana e eu não vi o meu amor
O barro ficou marcado aonde a boiada passou
Depois da chuva passada céu azul se apresentou
Lá na beira da estrada
vem vindo o meu amor
vem vindo o meu amor
vem vindo o meu amor
Ôu dandá, ôu dandá, ôu dandá, ôu dandá
E choveu uma semana e eu não vi o meu amor
O barro ficou marcado aonde a boiada passou
A correnteza do rio vai levando aquela flor
E eu adormeci sorrindo
Sonhando com nosso amor
Sonhando com nosso amor Sonhando...
Ôu dandá etc...
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