Feijão-da-colônia
Comida Saudável

Feijão-da-colônia


Deixei de molho por umas 4 horas, para abreviar o tempo de cocção
Revendo minhas últimas fotos vi que já ia me esquecendo de falar do feijão vermelho-da-colônia que o Dória me trouxe do Norte. Não encontrei nenhuma referência a ele, mas achei o termo "feijão-da-colônia", que deve ser o mesmo. É um feijão de corda parecido com os que encontramos por aqui, porém, mais avermelhado. Bem, sabemos que há inúmeras variedades destes feijões em todo o Norte e Nordeste. São conhecidos também como caupi ou feijão-vigna. A espécie é Vigna unguiculata que agrupa tipos como o fradinho, sopinha e manteiguinha. O termo feijão-de-corda tem a ver com o tipo de planta, que cresce como trepadeira, diferente dos outros (roxinho, rosinha, carioquinha etc), que se desenvolvem em moitas. Por isso também os maranhenses o chamam de trepa-pau. Já o nome caupi deriva do termo inglês cowpea, por ser usado também como forragem.

Uma das características deste feijão é a rusticidade - é tolerante a seca e solos pobres e suporta bem estresses térmicos de regiões onde a temperatura na superfície do solo pode atingir mais de 40 ºC. Por isso, é uma cultura bem adaptada na região semi-árida do nordeste brasileiro, onde representa a principal cultura de subsistência de pequenos e médios agricultores. E também em lugares onde há curto espaço de tempo apropriado para plantar e colher. Algumas variedades são extremamente precoces, como o manteiguinha-de-Santarém, por exemplo. Na região Norte, eles são plantados nas praias dos rios durante a vazante e colhidos antes das cheias. Por isto também o nome feijão-de-praia.

Provavelmente seja originário da África, onde já era cultivado há cerca de 5 mil anos, associado à cultura de sorgo e painço. Mas hoje os maiores produtores mundiais estão na África, embora Brasil, Haiti, Índia, Sri Lanka, Austrália e Estados Unidos também tenham produção significante. Parece ter entrado no Brasil pela Bahia, através dos colonizadores portugueses e espanhóis, disseminando-se por todas as regiões do país (no Sul, o sopinha é uma variante do manteiguinha - fenotipicamente é idêntico, mas tem ciclo mais longo).
A vantagem em relação aos outros feijões, além da rusticidade da cultura, é que ele pode ser usado em todos seus estágios. As folhas mais verdes e tenras são importante fonte alimentar na África e podem ser preparadas do mesmo jeito que qualquer outra verdura como o espinafre. E as vagens imaturas podem ser usadas como as vagens verdes comuns, freqüentemente misturadas a outros vegetais. As sementes verdes são cozidas como grãos frescos de ervilhas.
Por não soltar tanto amido durante o cozimento, não engrossa o caldo, sendo por isso mais apreciado em saladas e em pratos que levam também arroz ou farinha. Porém, se tirar um pouco do grão cozido, bater e voltar pra panela peneirado, pode fazer um caldinho grosso. De resto, pode entrar em sopas, bolinhos e até no macarrão, como fiz outro dia. Gosto de cozinhar estes feijões de uma só vez e manter pequenas porções congeladas. Quebram um galho danado. E, de qualquer jeito, ficam uma delícia.
Temperado para comer com arroz: cozinhei os grãos já hidratados, cobertos com água e uma pitada de sal, por cerca de 40 minutos em fogo baixo. Deixei secar a água. Depois de frio, congelei o excedente. Um pouco usei assim: numa frigideira aqueci 2 colheres (sopa) de manteiga de garrafa, dourei aí 2 dentes de alho e juntei uma cebola picada, um pouquinho de pimentão de duas cores e pimenta dedo-de-moça sem sementes picada. Refoguei até amolecer. Juntei 2 xícaras de feijão e um pouquinho de água quente, temperei com sal e deixei ferver até secar a água. Juntei cheiro-verde, polvilhei pimenta ardida em flocos e nhac. Guardei o que sobrou....
Com gravatinha: no outro dia, na onda do prato único, aproveitei o feijão sobrante (cerca de 1 xícara) e juntei a um refogado de cebola com tirinhas de copa. Cozinhei macarrão gravata, misturei tudo e agora não sobrou nada!




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