Comida Saudável
Garimpando banana-da-terra e da praça
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Marcos com enxadão e Angelita segurando a muda |
Na semana passada veio aqui a Angelita, do Garimpos do Interior e, entre uma conversa e outra, surgiu o tema banana-da-terra docinha que ela colheu no próprio quintal do restaurante. Fiquei fascinada e ela me contou que aliás estava querendo se desfazer de umas mudas que brotaram depois de o cacho ser colhido. Claro que abri o olhão de vontade, para plantar em Piracaia. Já trouxe muda de banana-da-terra da Ilha do Marajó e de Acrelândia, ocupando mala quase inteira (sem falar nas de banana-nanica que trouxe de Minas, Paraná etc). Lá na chácara, as da terra não crescem muito animadas, afinal estavam acostumadas à floresta quente e úmida. Já com as do Garimpo do Interior, fiquei mais animada, pois parecem mais aclimatadas por aqui. E resilientes, pois estavam aglomeradas num pedaço mínimo de terra. Chegamos da chácara, Marcos pegou o enxadão e fomos para o restaurante, conforme o combinado. O salão ainda estava animado de conversas e cheiro bom de pastel de angu, frango caipira com ora-pro-nobis, café passado no coador sobre a mesa e sobremesas gostosas. Pena que o restaurante já estava fechando e havíamos acabado de almoçar.
Marcos é forte, decidido e talentoso com instrumentos cirúrgicos, não importa o tamanho da encrenca ou da ferramenta. Deve ter achado mais fácil extrair bananeiras que amígdalas. Cavou e cavou com paciência toda a volta da muda maior, mais alta que eu, e a extraiu da terra sem danos. A menor foi mais fácil. Saímos de lá carregando num ombro a ferramenta e no outro as bananeiras com suas folhas gigantes balançando ao vento, torcendo para logo logo ter frutas e fazer aqueles pasteizinhos com recheio de farinha de arroz.
E já que estávamos engajados em garimpar as musas, aproveitamos o momento para ganhar mais uma muda de nanica da praça perto de casa. Decidimos pegar um broto pequeno, pois o bom, mais tronchudo, estava entrincheirado junto aos outros troncos grossos. Nisso, passou um bom moço e já foi aconselhando, que se quiséssemos ter uma boa muda teria que ser aquela grande mesmo, que a pequena daria um cachinho minguado de bananinhas aguadas. Foi pegando o enxadão e cavoucou com jeito, sem descansar, até que conseguiu soltar a planta da terra e tirá-la com uma forte puxada. Vi que tinha em tesourão na bolsa e perguntei se era jardineiro. Sim, estava voltando do trabalho em pleno anoitecer de domingo, todo de banho tomado, roupa limpa, e perfumado, pronto para o merecido repouso. Só pude agradecer muito oferecendo metade das bananas que tinha em mente colher, mas recusou, chega de peso por hoje, dizendo que o cacho estava mesmo no ponto de cortar para amadurecer em casa, e seguiu seu caminho.
Pois é, a ocasião faz o ladrão. Já estávamos ali na praça mesmo, com a faca e o enxadão na mão, por que não levar também aquele cacho de banana já no estágio de colher? Uma semana atrás havia três cachos e agora só restava um. E eu sempre estou de olho nesta bananeira. Faz três anos, manifestei aqui minha cobiça, mas até hoje não tinha dado sorte. Sempre um gaiato chega antes. Esta foi a nossa vez. Voltamos para casa com um enxadão num ombro, cacho de banana no outro e, nas mãos, as mudas. |
A banana da praça agora amadurece aqui. Só cuido para afastar sanhaços |
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