Minha plantação de camapu / physalis/ saco-de-bode
Comida Saudável

Minha plantação de camapu / physalis/ saco-de-bode


Seus nomes: fisalis, camapu, joá-de-capote, saco-de-bode, curuputi, mata-fome, bucho-de-rã. No México, uchuva.


Já há algum tempo venho adubando com a alegria dos olhos uma moitinha de camapu camuflada entre capins numa calçada descuidada, que não é a minha (mas poderia ser). Hoje, voltando a pé da ioga, me deparei com um caminhão da prefeitura por perto e me apressei em salvar algumas delas pelo menos para mostrar aqui. Ainda não estavam no ponto, mas, e o seguro morreu de velho, melhor umas uchuvas verdes na mão que todas elas no caminhão. Sorte é que há cerca de um mês consegui arrancar uns pezinhos e plantar aqui no meu quintal. E, com esta chuva que não acaba, elas vão muito bem, obrigada. No caminho ainda encontrei Chico, João e Ricardo na praça Zé Roberto e os meninos que adoram a frutinha quiseram logo saber onde morava meu segredo. Lá foram eles também retirar umas mudinhas. Agora, acho que na Lapa toda só duas famílias sabem desta roça de camapus.
Se o caminhão não passou por lá, tudo bem, acho que poderemos dividir frutinhas maduras daqui a uns quinze dias. Se não, daqui a algum tempo buscarei camapus do amplo quintal da família da Verônika, afinal aquelas terras são como uma fazenda perto da minha rocinha. O bom também é que assim que os deixei rumando à plantação, continuei a pé em direção ao supermercado e no caminho, em outro terreno abandonado, distante cerca de quinhentos metros dali, totalmente insuspeito, me deparei com mais um lindo camapuzeiro. Estou gostando de ver. Então é isto: antes de pagar uma fábula por uma cestinha de physalis colombianos, dê uma olhada ao seu redor. Quem sabe não descobre uns saquinhos-de-bode rasteiros escondidos sobre folhas discretas?
Este, no meu quintal
Só tem um problema. Dizem que há espécies de Physalis não comestíveis e que as comercializadas, especialmente as que vem da Colômbia, são selecionadas, próprias para o consumo. E as outras, com mais sementes que polpa, talvez sejam tóxicas. Esta informação parece meio tendenciosa, plantada, mas ficaremos atentos. Sendo uma Solanácea, tudo é possível. Ainda assim, muito de nós comemos, quando crianças, uns joazinhos e marias-pretinhas, também solanáceas contra-indicadas, e não atingimos a dose letal.
Até agora não descobri quais são as espécies venenosas e se é que existem, apesar de ter pesquisado longamente no Pubmed. Então não sei se estas que crescem por aí são as tóxicas que poderão me matar em 24 horas (não, nenhuma seria capaz de tanto). Se amanhã não aparecer por aqui, fica dado o recado. E se alguém se esbaldar de comer as frutinhas, não venha me culpar caso passe mal. Tudo o que acontece aqui é por minha conta e risco. Já por aí ... Quem souber mais a respeito, contribuições são bem-vindas.
O caminhão da prefeitura limpando "minhas" praças. Estas duas aí devem ser da turma cata-matos - estão tentando salvar umas ervinhas. Enquanto elas estavam aí ocupadas, corri pros meus camapus.
Só para termos uma dimensão do problema, o gênero Physalis inclui cerca de cento e vinte espécies, da família das Solanáceas (a mesma dos tomates, das berinjelas, dos jilós, das batatas), comestíveis na maioria das vezes (informação vaga encontrada num trabalho científico), todas de natureza herbácea e perene que se distribuem por zonas temperas especialmente nas Américas do Sul e Central. O termo Physalis vem do grego "physa" que quer dizer bolha ou bexiga - basta ver o cálice que guarda os frutinhos. Quando secos, estes cálices lembram papéis artesanais que se abrem como uma flor, deixando à mostra o fruto amarelo ou laranja muito brilhante, revestido com uma camada fina de óleo resinoso. Muita gente há de concordar comigo que fisalis são deliciosas, mas no livro Fruticultura Brasileira, Pimentel Gomes diz: "há diversos camapus, todos com frutas de escasso valor, mas comestíveis". Deve falar destas espécies silvestres, não domesticadas. De qualquer forma, ainda que não muito graúda, esta da foto, que ainda não estava totalmente madura, estava totalmente divina de sabor. Mexicanos fazem licor, geléia e marmeladas com uchuvas. E por aqui o que mais se veem são banhadas em chocolate ou assim, com a roupinha arregaçada - colombianas, deliciosas, claro - enfeitando sobremesas.
Aqui, uma bem domesticada, provavelmente importada da Colômbia (mil folhas do restaurante La Brasserie)




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