Comida Saudável
Oficina de chás aromáticos
Fotos: Marcos Nogueira No domingo dei uma oficina de chás (infusões e não chá Camelia sinensis) com ervas aromáticas e especiarias no curso de Fitoterapia para médicos da Unifesp. Enquanto o Prof. Paulo Chanel ensinou fórmulas de tintura e creme com ervas medicinais, mostrei como fazer infusões e decoctos não só pelo valor terapêutico, mas pelo aspecto nutricional, lúdico e prazeroso destas bebidas, que podem substituir com vantagens sucos industrializados, refrigerantes, leites aromatizados e super doces (muitas vezes toma-se mais leite que o necessário e com ele ingere-se mais açúcar também), ou parte do cafezinho. Estes chás aromáticos feitos com cascas, botões, frutos, folhas, raízes e flores que normalmente usamos na cozinha podem ser tomados no dia-a-dia, assim como consumimos os temperos. A quantidade de princípio ativo das plantas nos chás é muito pequeno, portanto seus efeitos colaterais, quando há, também o são. Porém, o consumo em pequena quantidade e de forma contínua das especiarias e ervas aromáticas, na forma de chás ou de temperos, ao longo do tempo têm um papel fundamental na dieta pois elas contêm substâncias benéficas que nos protegem de doenças e combatem os efeitos dos radicais livres, melhorando a resposta imune e combatendo infecções. Sem falar que algumas melhoram o ânimo, outras acalmam, facilitam, a digestão, só para citar algumas funções.
Se nos lembrarmos que a Natureza tem lá boa dose de razão em quase tudo, poderíamos pensar na seleção de plantas saborosas e/ou aromáticas como de uso diário (cebola, alho, tomilho, orégano, manjericão, erva-doce, camomila, canela, cravo, hibisco, capim-santo, melissa, mentas etc) e nas muito amargas e intragáveis para uso terapêutico específico (carqueja para males de garganta, por exemplo). Esta é uma forma de nos guiarmos mais ou menos segura. Para a oficina levei várias folhas aromáticas do meu quintal e que podem combinar entre si para fazer bebidas quentes ou geladas - para tomar como refrigerante (sem corantes, conservantes, acidulantes, aromatizantes e outros antes). Podem ser adoçadas ou não. Gosto de usar diferentes tipos de mel, com sabores específicos (os de abelhas indígenas, sem ferrão, são levemente ácidos e ficam ótimos com especiarias). Levei ainda ingredientes com antocianina - o mesmo pigmento e antioxidante do vinho. Milhos roxos não têm sabor nem acidez, mas têm antocianinas. Já hibiscos e cascas de jabuticaba têm antocianinas e ainda conferem acidez agradável. O tom vermelho destes chás é encantador, principalmente para crianças. Na chaleira, canto direito, o chá bem escuro (e escureceu ainda mais por causa da cestinha de metal que usei - o ideal é passar tudo numa peneira de plástico); na minha mão a mudança de cor, de baixo para cima, quando pinguei algumas gostas de limão.
Aqui o chá de milho roxo acidulado com a cor avivada
O ponto alto da oficina foi quando mostrei o chá de milho roxo (com cravo, canela e folha de tangerina) com tonalidade bem escura, quase azul, e pinguei umas gotas de limão. O chá muda de cor imediatamente quase como um medidor de PH. A Antocianina é vermelha em meio ácido e azulada em meio alcalino. Como o hibisco e a casca de jabuticaba já são ácidos, o vermelho é natural. Mas o milho é mais alcalino, sendo necessários o limão (ou pedaços de maçã verde) para avivar a cor.
Combinações: misture ao seu chá de ervas aromáticas de todo dia: cubinhos de maçã-verde; pedaços de pêssego; canela; cravo; anis estrelado, erva-doce, cardamomo; folhas de cítricos; flor de laranjeira; casca seca de laranja; limão ou tangerina (quando tiver produtos orgânicos, seque as cascas no sol e guarde em vidros).
Para melhorar a cor: hibiscos (fruto da vinagreira e não o hibisco ornamental), cascas secas de uvas escuras e jabuticabas (orgânicas e lavadas, sem a polpa, também secas ao sol). Estes chás podem ser usados para fazer gelatinas, sagus e "vinhos quentes" sem alcool com gengibre, cravo, canela e maçã.
Sachês de chás aromáticos: muitas vezes a cor e o aroma são conseguidos à base de corantes e aromatizantes artificiais. Leia sempre o rótulo e dê preferência à erva sem sachês, pois estes usam papéis branqueados que podem comprometer o sabor do seu chá. O melhor mesmo é fazer sua própria mistura (e ainda economiza papel).
Tempo: frutos e sementes duras devem ser fervidos na água por cerca de 10 minutos. Folhas frescas devem ser colocadas na água fervente, com o fogo desligado, e deixadas em infusão por 10 minutos, com a chaleira tampada.
Infusão ou decocção com leite: em vez de perfumar a água, use leite que será usado para sobremesas ou mingaus. Cardamomo, anis-estrelado, casca de tangerina, folhas de manjericão cheiro-de-anis, capim-santo, hortelã ou melissa são boas opções.
Recipiente: use de preferência chaleira de material inerte como vidro, porcelana ou ágata. Depois de pronto, conserve o chá em vidros tampados, na geladeira, por até 2 dias.
Para crianças: gelado, o chá pode ser levado no lanche de escolares. Em vez de suco industrializado super doce ou light, uma fruta. Para beber, chá adoçado com um pouco de mel. Assim, além de oferecer à criança um alimento saudável e protetor, livre de todos os "antes" dos industrializados, dá para ir educando o paladar dos pequenos para um sabor menos doce.
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Chá de especiarias com milho roxo
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