Não ia registrar aqui este pão porque é um repeteco de tantos outros que já postei no Come-se, com pequenas variações. A fórmula que uso é sempre a mesma (1 pacotinho de fermento seco ou 2 tabletes do fresco, 3 xícaras de água morna, 3 colheres (sopa) de açúcar, 1 (sopa) de sal, 1/2 xícara de óleo ou qualquer outra gordura, 1 ovo e farinha que dê para formar uma bola maleável - cerca de 1,2 kg). Para o pão do dia-a-dia trabalho em cima disto: às vezes troco o fermento comprado por fermento natural; às vezes mesclo a farinha de trigo com outros tipos; substituo o açúcar branco por mel; o óleo, por azeite; se uso nozes ou outra coisa gordurosa, suprimo o óleo; troco a água por leite; acrescento germe de trigo, aveia, farelo, linhaça, frutas secas, cacau, especiarias... Faço o diabo com o santo pão. E faço pão para a semana toda, de modo que quando sai uma porcaria, a família é obrigada a engolir aquilo até acabar. Às vezes mofa antes e, ufa, nos livramos. Imagino até uma conspiração maligna: alguém abre o pacote, pulveriza umas gotículas de água, fecha bem abafado e deixa num lugar quentinho. Pronto, no outro dia, com fungos pretos e verdes, não tem jeito, a experiência mal sucedida tem que ir ao lixo. Até eu fico aliviada, embora triste com o desperdício, porque adoro fazer novos pães só para sentir o cheiro, atiçar quem passa na calçada, comê-lo bem quente. Mas quase sempre dá certo e não anoto o que fiz. Aí chega alguém e diz: ah, eu queria tanto a receita daquele pão que comi na sua casa de cor assim assado, com crosta não sei de quê muito bom etc. Como se fosse receita de família. E eu: que pão? sei lá de que pão fala! Marcos e Ananda dão risada porque sabem que é mesmo impossível saber. Aqui a gente só come experiências. Só por isto vou deixar registrada a receita do pão de amendoim que fiz rapidinho, de improviso e com a grande dúvida: boto ou não boto este amendoim? boto ou não boto? Botei. Era para receber minhas amigas Silvinha e Carmem que vieram aqui na sexta-feira e gostaram de comê-lo quentinho, com manteiga. E registro porque sei que, se não o fizer, nunca mais vou me lembrar dele. São tantos os pães ainda por fazer. Afinal, a fila anda. Também não ia registrar nem escrever este tantão, só ia dar a receita.
Pão com amendoim
Ingredientes
Modo de fazer: coloque numa bacia o fermento e um pouco da água e espere hidratar por 10 minutos. Junte o açúcar, o sal e o restante da água. Acrescente um pouco da farinha até adquirir a consistência de um mingau e, então, junte o ovo, o amendoim e, aos poucos mais farinha até ficar difícil de mexer com a colher. Passe para uma mesa enfarinhada e vá sovando a massa, juntando o restante da farinha aos poucos, até formar uma massa firme e homogênea. Cubra com plástico e deixe crescer até dobrar de volume (se não tem familiaridade com massa de pão, uma dica é colocar uma bolinha da massa num copo com água e deixar no mesmo ambiente que o pão - quando a bolinha subir à superfície, a massa deverá estar fermentada). Divida a massa em 4 partes, abra com rolo e enrole como rocambole. Ou então molde do jeito que quiser. Polvilhe farinha de trigo*. Se enrolou como rocambole, não precisa fazer cortes. Se não, faça uns cortes com gilete ou bisturi para o pão não trincar. Coloque em forma grande, untada e enfarinhada, separados porque vão crescer mais. Ou use formas próprias para pão. Deixe em lugar protegido até recuperar o volume perdido com o manuseio (se a temperatura ambiente estiver muito alta, isto pode levar menos de meia hora). Preaqueça o forno a 250 ºC** por 20 minutos. Coloque o pão crescido e asse por 10 minutos. Diminua a temperatura para cerca de 180 graus e asse por mais 50 minutos ou até ficar com a superfície dourada.
Rende: 4 porções
* Coisa que não fiz mas poderia ter feito: usar mais 1/4 de xícara de amendoim triturado para fazer a crosta. Era só pulverizar água na superfície do pão e rolar sobre o amendoim triturado. E não precisaria da farinha. Teria ficado bom.
** Coisa difícil é precisar temperatura em fornos domésticos comuns, como o meu da Eletrolux. Cada hora que eu faço medidas com termômetro dá uma temperatura diferente. E isto porque dizem ter termostato. Então, de maneira bem grosseira, para fornos comuns, é assim: 10 minutos em temperatura alta e o restante, até completar uma hora, em forno baixo.
*** Coisa que fiz mas só conto agora: não usei bacia nenhuma. Usei minha máquina de pão para amassar e fazer crescer (é só para isto que uso), mas não incentivo porque não é o peso de massa recomendado para máquinas comuns. A minha é da Oster, comum e super velha, mas vem trabalhando desta forma há mais de 10 anos. Por minha conta e risco. Se pifar, não vou reclamar com o fabricante. Enquanto amassa, eu dou uma ajuda com uma espátula de madeira. Na hora de crescer, deixo a porta aberta, porque a massa é demais para a pobre coitada. Nunca asso na batedeira, porque estou trabalhando com um volume superior à sua capacidade de assar . E mesmo que fosse, eu prefiro assar no forno (dei de presente para minha mãe uma da marca Britânia com 2 pás e ela também bota na máquina massas com um quilo de farinha toda semana, por sua conta e risco, há uns 3 anos). Na bacia, o processo é igualzinho, só que você suja um pouco mais as mãos. E é assim que faço quando não estou com batedeira por perto. E se você não tem bancada para sovar, pode fazer isto na própria bacia. Na hora de moldar, é só cortar a massa em quatro e fazer bolas com as duas mãos.