Comida Saudável
Quirerinha de arroz com suã
Cenouras da horta Máquina de arroz, em Carlópolis-PR
Esta quirera de arroz, ou sângria, é de São Luiz do Paraitinga, pois a de Carlópolis nem fica exposta. Saiu direto da máquina em funcionamento O tomatinho-do-mato que nasce à toa, vira molho para acompanhar Sempre que vou a Fartura com mais tempo, dou uma esticadinha a Carlópolis, a cidade vizinha já paranaense. Só para fazer compras numa das poucas máquinas de arroz ainda existentes na região. Se não a única. Em Fartura mesmo cheguei a conhecer duas que não mais existem. É um dos poucos lugares onde posso comprar arroz novo (isto porque o arroz velho é melhor, mais soltinho - para uns, porque meu pai, minhas irmãs, Marcos, Ananda e eu o preferimos novo e mais cremoso) e de um tipo intermediário entre cateto e agulhinha, mais saboroso e cremoso. É lá que meu pai manda limpar o dele quando planta - desta mesma variedade, mas não plantou neste ano. Também é lá que compro quirera de arroz como aquela vendida em São Luiz do Paraitinga sob o nome de "sângria" - é raríssimo de se encontrar, já que é tratada como refugo durante a limpeza do arroz. Num compartimento fica a máquina, uma engenhoca barulhenta e eficiente que pode ser visitada. No cômodo da frente, com porta aberta ao público, é que fica o japonês simpático que não só limpa o arroz dos pequenos arrozeiros, mas também comercializa no varejo além do arroz outros poucos produtos locais como feijão, alho, amendoim, cebola e às vezes alguma hortaliça. Desta vez havia abobrinhas minúsculas numa caixa apoiada no chão e minha irmã Suzana comprou algumas para fazer batidinha - picada disformemente na ponta da faca, caindo direto na bacia, como já fazia nossa avó Zefa, refogada e temperada com cheiro-verde, para acompanhar a quirera. Na volta, passamos no açougue Nogueira, no centro de Fartura e compramos suã, a vértebra do porco que aqui em São Paulo encontramos quase só o osso e por lá é bem carnuda, para fazer com a quirera (já fiz quirera aqui também, para comer com curry de camarão). Já no sítio, meu pai colheu umas cenouras docinhas que também iriam para a panela do jantar. A Sirlene, que trabalha com minha mãe, trouxe uma bacia de tomatinhos caipiras que viraram salada com limão rosa e serviu de molho para o prato de suã. Aproveitamos para temperar a carne com o tempero de alho que tínhamos acabado de fazer (amanhã dou a receita) com o alho também comprado na máquina de arroz. Por enquanto, segue a receita de quirera de arroz com suã de dona Olga, minha mãe, que fui anotando. Já sua avó fazia assim e eu continuo fazendo. É que é, no entanto, parecida com a de tantas donas. E com aquela de São Luiz que dei aqui.
Quirera de arroz com suã
1,8 kg de suã bem carnudo
1 colher (sopa) de tempero pronto à base de alho (alho, sal, pimenta dedo-de-moça e alfavaca socados)
1 cebola picada
4 cenouras picadas
3 xícaras de quirera de arroz (o arroz quebradinho - se não tiver, bata um pouco de arroz no liquidificador rapidamente)
6 xícaras de água fervente
Tempere o suã com o tempero de alho e sal e deixe pegar gosto por umas três horas. Numa panela de ferro o suã temperado e cubra os pedaços com água quente. Deixe cozinhar com a panela tampada, juntando água quente na medida em que for secando, até a carne ficar bem macia e sequinha (cerca de meia hora). Deixe a carne dourar um pouco na própria gordura. Junte, então, a cebola e refogue até murchar. Coloque a cenoura e a quirera. Mexa devagar e junte a água. Misture e tampe. Se o tempero usado não for suficientemente salgado, junte mais uma pitada de sal. Abaixe o fogo no mínimo e deixe cozinhar até que a água seque e o arroz esteja macio. Se for preciso, junte mais água quente. Se quiser, espalhe por cima cheiro-verde no final. Sirva com abobrinha refogada. Ou com uma verdura como serralha (ontem foi assim no meu jantar já em São Paulo).
Rende: 8 a 10 porções
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