Flechinha pra cima: em São Luiz do Paraitinga, o Mercadinho do Edson Anacleto Flechinha pra baixo: o mercado de São Luiz é lindo, mas desperdiçado
Neste fim de semana estive com Marcos, minha irmã e meu cunhado, num pedaço do Vale do Paraíba. A topografia é linda e seria muito mais não fossem as escavações das encostas; e a mata Atlântica seria deslumbrante e diversificada não fossem as queimadas recorrentes e criminosas e os eucaliptos enfileirados em desenhos geométricos.
Mas em Natividade da Serra encontramos crianças lindas saindo da aula no sábado, compensando as férias prolongadas por causa da gripe, todas juntinhas alegres e saltitantes roendo maçãs. Mas as danadinhas não pararam quietas para a foto. E o diretor Paulo da única escola estadual é um cara animado e nos mostrou a horta orgânica que supre a merenda e ainda sobra para venda, revertendo alguma verba para a escola.
No domingo, seguimos para São Luiz do Paraitinga. Visitamos o Mercado, onde sempre se vê aqui e ali alguém de chapelão ensaiando uma cantoria ou algumas senhoras costurando fuxicos. Visitei os mercados destas duas cidades e fiquei um pouco decepcionada com o desperdício de potencial para o comércio de produtos locais. Pelo menos encontrei o mercadinho do Edson Anacleto (perto do Mercado), que vende abóboras gigantes, buchas e algumas delícias. Foi lá que comprei "sângria" ou quirera de arroz para fazer com suã, conforme ensinou o vendedor. E farinhas locais - de mandioca, de milho branco e amarelo. Sem falar na paçoca de amendoim e na canjiquinha de grãos miúdos como uma polenta (e não em pó como o fubá). Aproveitamos nossas malinhas térmicas para trazer de lá o suã (vértebra do porco picado, com um pouco de carne aderida), muito mais suculento que o daqui. Assim já teríamos o jantar garantido. Bastou tirar um pouco da couve do quintal e assustá-la na gordura quente com alho para ter um bom acompanhamento.
Bem, segue a receita da sângria que fiz conforme meu entendimento da explicação do Edson do mercadinho. Segundo o vendedor de suã, a sângria é preparada também como a canjiquinha, ou junto com ela, para se comer com suã ou outra parte do porco.
Sângria de arroz e suã
Sângria de arroz com suã
1 kg de suã bem carnudo
2 dentes de alho socados com 2 colheres (chá) de sal e 1 pitada de pimenta-do-reino
1 colher (sopa) de óleo
1,5 xícara de sângria de arroz (arroz quebradinho)
1 cebola picada
3 xícaras de água quente
2 colheres (sopa) de salsinha picada
Pedacinhos de pimenta-dedo-de-moça
Tempere o suã com o alho socado e deixe pegar gosto por meia hora. Numa panela de ferro, aqueça o óleo e doure aí os pedaços de suã, cozinhando devagar, mexendo de vez em quando - devem ficar bem douradinhos. Junte a cebola picada e mexa até amolecer. Junte o arroz e mexa bem. Adicione a água, misture e tampe. Abaixe o fogo e deixe cozinhar até o arroz secar e ficar macio. Junte salsinha e pimenta e sirva quente com couve refogada.
Rende: 6 porções