Sabores de Paraibuna. Parte 4: Feira de produtores rurais
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Sabores de Paraibuna. Parte 4: Feira de produtores rurais



O mangarito é cultivado pelo Gilberto. Não sabe se vai continuar porque dá muito trabalho (são 9 meses para colher, precisa de irrigação etc). Aconselhei-o a vender também as folhas para ajudar, afinal são gostosas como a taioba.
No domingo cedinho fomos à feira de produtores rurais, que acontece ao redor do Mercado Municipal de Paraibuna. Marcos, Suzana e Darly aproveitam os primeiros raios de sol que chegam à porta do mercado para me esperar na escadaria, pois dizem que pareço toco em enchente que vai se enroscando aqui e ali.
Mas é impossível não parar em cada banquinha discreta, que num primeiro momento se mostra tão sem beleza ou novidade. Pois a que chama mais atenção da feira pelo colorido e arrumação das frutas não é a que me motiva a exploração. Frutas de clima temperado como nectarinas, uvas, maçãs, ameixas e peras são realmente lindas mas saem todas aqui do Ceagesp e são iguais às que vemos a todo momento.
O difícil por aqui é encontrar um saquinho de mangarito perdido entre folhas fresquíssimas. Ou um peixeiro que traga piabinhas e mandis pescados por ele de véspera na represa, já limpos e congelados. Ou um produtor que mostre uns chuchus alvíssimos no meio de outros verdes de variedade espinhuda. Ou que nos diga que aquela laranja com casca feia e inferrujada, que esconde uma suculência e doçura sem igual além das inúmeras sementes, vem sendo cultivada pela família há décadas. Ou que nos traga do sítio os queijos frescos ainda em seus moldes, e frango caipira limpinho que ontem ciscava no terreiro, e pamonhas bem quentes enroladas em folhas de caetê, e amendoim cavalo de casca rosada, e limão-rosa de todo tamanho ou bananas de todo tipo, são domingos, figo, nanina, maçã, prata, verde e madura.
Mas como tudo isto fica logo ali, de vez em quando compensa sair num domingo cedinho de São Paulo, pegar a Carvalho Pinto vazia, fazer a feira, comer o pastel de milho do Manezinho, almoçar um fogado e voltar no fim da tarde.
O que gostei de ver por lá:

As pamonhas da Tina - em folhas de caetês (já mostrei pamonhas feitas assim entre os Guarani e em Redenção da Serra, também no vale do Paraíba) e em palha de milho. Trouxe para comer em casa com café, são deliciosas.

Queijos frescos e requeijões
Limão-rosa
Legumes variados
Vem o que tem: fruta do conde, bananas e abobrinhas do sítio do Dito

Do sítio do Dito também vem chuchu branco e verde do tipo espinhudo (não se vê dele por aí)

Talo de couve cortado com capricho como ervilhas partidas. As irmãs Maria e Benedita fatiam a couve, mas não descartam os talos (que aqui viraram sopa com canjiquinha)

Fubá integral do sítio do Gilberto, o mesmo dos mangaritos
Couve couve e couve de brócolis, a mais escura, que normalmente é descartada na lavoura, porém é mais rica ainda em betacarotenos
Wilma inclui no seu cheiro-verde outros aromas do sítio, como alfavaca, tomilho e manjerona
Bananas para escolher

Padrão pra quê? - abobrinhas-brasileiras de todo jeito e tamanho

Amendoim cavalo

Crianças da terra e laranjas-do-céu: a Andreia leva os cinco filhos de olhos verdes para ajudar (e se divertir) a vender sua pequena produção de laranjas. Parecida com a seleta, recebe por lá o nome de laranja-do-céu, que é de um doce marcante, diferente daquela de mesmo nome dos gaúchos (que é a nossa laranja-lima).

Laranja-do-céu: frutos assim, cujo maior inconveniente é o excesso de sementes, infelizmente tendem a ser substituídos por laranjas com pouca ou nenhuma semente. Mas a família da Andrea e de seu marido seguem plantando e colhendo a variedade há décadas. Boas para chupar, são suculentas, perfumadas e muito doces. Para escapar das sementes que se localizam no meio do fruto, é só cortar uma tampinha em vez de fazer duas metades. E se ainda vierem à boca sementes, cuspa no seu jardim ou faça mudas e dê a quem tem terras.

Parte da feira, no páteo interno do Mercado




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