Tomatinho da roça, o indomável!
Comida Saudável

Tomatinho da roça, o indomável!



Se não me engano, quando comecei a trabalhar com comida, nos anos 1980, os tomatinhos começaram a aparecer no mercado. Antes eram restritos aos matos, tratados quase como praga. Eram chamados, no mercado, de tomatinhos-da-roça ou tomates-cerejas e não havia muitas opções de variedades.  Toda salada chique tinha que ter tomate cereja. Eram mais ácidos e suculentos. Hoje há variedades tão doces e massudas que dá pra comê-las até como fruta. Quem resiste, por exemplo,  aos doces sweet grapes? (não adianta guardar as sementes pra reproduzir na sua horta, eles são híbridos, têm dono, você tem que comprar sementes da empresa que os desenvolveu). 


Mas quem também nunca se deparou com uma moita de tomatinhos na roça ou num mato abandonado?  Esta imagem vai sempre me acompanhar. No Paraná, no sítio dos meus avós ou na casa dos meus tios em Bandeirantes, meus primos e eu passávamos longo tempo agachados sobre uma moita de tomatinhos, devorando todos os maduros.  O arbusto crescia ao seu bem prazer, sem tutores nem cuidados. Ia se enroscando nas cercas, nos tocos velhos, no pé de café, num entulho abandonado. As folhas peludas liberava um perfume delicioso ao simples contato com nossos corpos. Questão de pele.  Não adiantava querer cultivá-los na horta perto de casa, a não ser que ele quisesse.  Era indomável, queria liberdade. E ainda são.


Aqui em casa já tive destes tomatinhos plantados talvez por passarinhos ou de sementes lançadas ao acaso junto com a água da cozinha. Nunca consegui fazer mudas ou fazer vingarem mudas compradas. De vez em quando nasce um pé onde não devia e ali tem que ficar, ainda que seja inconveniente para as outras espécies, como o cará-moela, com o qual teve o prazer de se agarrar aqui na minha cerca - veja as fotos.  Estes são ácidos, porém, mais massudos e maiores, mas igualmente bons como os miudinhos que a Marisa me trouxe. 




A Marisa Ono, do blog Delícias e do alho negro, se mudou recentemente para esta chácara em Ibiúna e disse que os tomatinhos já estavam lá no meio do mato. Como sabe que eu adoro, me trouxe um monte. São minúsculos, casca fininha, milhares de sementes vingadouras, docinhos e azedos. Na salada onde estão não há necessidade de vinagre ou limão - a não ser um pouco no abacate, para não oxidar. No quiabo, a acidez é suficiente para eliminar a baba. E em qualquer outro prato dá um incrementada incrível.  Veja abaixo como eles foram usados por aqui nesta semana. Depois publico as receitas: 








A salada de abacate ainda ganhou folhinhas de coentro, de quirquinha e de cebolinhas, que também vieram da Marisa.  O chuchu, também da Marisa foi coberto com ovos batidos e assados. Já no quiabo, coloquei os tomatinhos para eliminar a baba e, claro, funcionou. O jiló tostado no fogo e livre das peles foi coberto com o tomatinho picado, pimenta, cebolinha e alho negro (tudo da Marisa). E o que sobrou ficará pra semente. Vou jogar na praça como quem não quer nada, assim como lixo fosse, sem contar a ele que estou querendo que vingue. 




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