Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.
Dietas pobres em gordura saturada não diminuem a chance de doença cardíaca ou te ajudam a viver mais, diz um pesquisador americano, expoente da pesquisa cardiovascular e doutor em farmácia, em um editorial no jornal de acesso livre "Open Heart" (N.T.: "Coração Aberto")
As diretrizes dietárias correntes que recomendam substituir gorduras satudradas por carboidratos ou gorduras poliinsaturadas ricas em ômega-6 são baseadas em dados incompletos e inválidos dos anos 1950, argumenta o Dr. James DiNicolantonio.
As diretrizes dietárias precisam ser revisadas com urgência e a vilificação da gordura saturada impedida de modo a salvar vidas, ele insiste.
DiNicolantonio aponta que a demonização da gordura saturada começou em 1952, quando uma pesquisa sugeriu uma ligação entre alto consumo de gordura saturada e mortes por doença cardíaca.
Mas o autor do estudo tirou suas conclusões de dados de 6 países, escolhendo ignorar os dados outros 16, que não se encaixavam em sua hipótese, e que uma análise subsequente dos dados dos 22 países a invalidava, diz DiNicolantonio.
Entretanto, a imagem de malvada ficou, particularmente após o presidente americano Einsenhower sofrer um infarto por volta dos 50 anos, aponta DiNicolantonio em um podcast.
E ao ser interpelado sobre a crença de que desde que essas gorduras aumentam o colesterol total - uma teoria falha por si mesma, diz DiNicolantonio - elas também devem aumentar o risco de doença cardíaca. E sendo comidas com a mais alta densidade calórica, a idéia era que reduzir a sua ingesta iria naturalmente diminuir a obesidade, diabetes e síndrome metabólica.
Mas a evidência, que continua a se acumular, sugere o contrário, diz ele.
Há agora um argumento forte em favor do consumo de carboidratos refinados como o fator dietário causador da epidemia de obesidade e diabetes nos EUA, diz ele.
E enquanto uma dieta pobre em gordura pode reduzir o colesterol "ruim" (LDL), há dois tipos de LDL. E mudar para carboidratos pode aumentar o padrão B de LDL (partículas pequenas e mais densas), que é mais danoso à saúde do coração que o padrão A de LDL (partículas maiores e menos densas), bem como criar um perfil lipídico mais desfavorável, diz ele.
Além disso, diversos outros estudos indicam que uma dieta com pouco carboidrato é melhor para perda de peso e para controle do perfil lipídico que uma dieta pobre em gordura, enquanto grandes estudos observacionais não encontraram nenhuma prova conclusiva de que uma dieta com pouca gordura reduza o risco de doença cardiovascular, complementa.
Mas na corrida para cortar a ingesta de gordura saturada, diversas diretrizes dietárias recomendam aumentar o consumo de gordura poliinsaturada.
Entretanto, uma análise recente de dados empíricos públicos mostra que trocar gorduras saturadas e ácidos graxos trans por ácidos graxos ômega-6, sem um aumento correspondente em ácidos graxos ômega-3, parece aumentar o risco de morte por doenças coronariana e cardiovascular.
"Precisamos de uma campanha de saúde pública tão forte quanto a que tivemos nos anos 70 e 80, demonizando a gordura, para dizer que tínhamos entendido errado", insta DiNicolantonio no podcast.
A melhor dieta para melhorar e manter a saúde cardíaca é uma pobre em carboidratos refinados, açúcares e comidas processadas, recomenda.
E qualquer um que tenha tido um infarto não deveria estar pensando em trocar gorduras saturadas por carboidratos refinados ou ácidos graxos ômega-6 - particularmente aqueles encontrados em óleos vegetais contendo grandes quantidades de milho ou cártamo, diz.
Fonte da história: a história acima é baseada em material publicado pelo BMJ-British Medical Journal. Nota: Materiais podem estar editados em conteúdo ou comprimento.
Referência:
J. J. DiNicolantonio. As consequências cardiometabólicas de substituir gorduras saturadas por carboidratos ou gorduras ômega-6 poliinstaturadas: As diretrizes dietárias entenderam tudo errado ? Open Heart, 2014; 1 (1): e000032 DOI:10.1136/openhrt-2013-000032
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