Dietas de baixo carboidrato aumentam a performance em atividades de resistência ?
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Dietas de baixo carboidrato aumentam a performance em atividades de resistência ?


Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.

por Amy Burfoot


O famoso expert sul-africano em esportes de resistência, Dr. Tim Noakes, é nada menos que um pesquisador e pensador pouco convencional. No meio dos anos 70 ele era parte do grupo que pela primeira vez mostrou que maratonistas podiam sofrer infartos, provando ser falso um teorema popular da época. No final dos anos 80, ele foi o primeiro a reconhecer a hiponatremia atlética, ou consumo excessivo de fluidos.

Agora ele virou sua atenção para o consumo de carboidratos. Noakes, autor do popular livro "Sabedoria da Corrida" (N.T.: no original, "Lore of Running"), não está simplesmente juntando-se às vozes que alertam sobre o consumo de açúcar ou muita comida processada. Não, ele está questionando o passatempo favorito do mundo das maratonas, sobre carga de carboidratos para obter performance de ponta.

Em um artigo que figura na versão online do Jornal Britânico de Medicina Esportiva, Noakes, Jeff Volek e Stephen Phinney argumentam com que o campo dos esportes de performance com dieta low-carb é amargamente subinvestigado. Eles afirmam, de fato, que apenas 11 estudos sobre performance com low-carb foram publicados. Destes, 9 determinaram que os sujeitos se saem melhor ou iguais em uma dieta low-carb, comparados a uma dieta rica em carboidratos.

Mais ainda, apenas 1 dos 11 estudos usou sujeitos que estavam adaptados a uma dieta low-carb. Em outras palavras, assim como um corredor minimalista precisa de tempo para adaptar-se a calçados com solado baixo, um comedor low-carb precisa de tempo para adaptar-se a uma mudança da dieta tipicamente rica em carboidratos praticada pela maioria dos corredores. "Estudos de atletas de elite cronicamente adaptados a dietas low-carb mostraram pontos inesperados - sua extraordinária habilidade de produzir energia a taxas muito altas puramente pela oxidação da gordura", Noakes e colegas escrevem.

De fato, Phinney publicou um artigo sobre exercício de resistência na revista Metabolism em 1983. Ele mostrou que, após 3 semanas de dietas low-carb, ciclistas queimavam significativamente mais gorduras do que queimavam em uma dieta tipicamente rica em carboidratos, e também exibiam uma "redução de 4x em uso do glicogênio muscular".

Humanos armazenam vastas quantidades de energia sob forma de gordura no corpo, mas quantidades limitadas de glicogênio muscular, frequentemente chamados de "o combustível predileto para exercício vigoroso". Este glicogênio é geralmente esgotado após 20 milhas de corrida, e daí a temida "parede" em maratonas.

No estudo de Phinney de 1983, ciclistas pedalaram pelo mesmo tempo tanto em dietas típicas quanto em dietas low-carb. Deve ser notado que quando eles se exercitaram entre 62 e 64% dos seu VO2max, comparados aos 75-80% que muitos corredores mantém. À medida que VO2max aumenta, também aumenta a dependência do glicogênio como combustível, ao menos na fisiologia do exercício clássica.

Noakes et al baseiam sua hipótese no ponto de vista Paleo.

"Como eles vivem e treinam com concentrações séricas de insulina cronicamente baixas", referindo-se aos comedores low-carb, "eles tem acesso instantâneo àquelas reservas de gordura o tempo inteiro. Exatamente o que deveria ocorrer em um metabolismo moldado pela nossa história evolutiva como caçadores predatórios".

Eles concluem: "Agora é hora de determinar se a conclusão de que 'há pouca ou nenhuma evidência para suportar o uso de dietas ricas em gordura' é verdadeira".

A citação anterior foi feita pelo Dr. Asker Jeukendrup, o altamente estimado fisiologista do exercício e nutricionista esportivo holandês que é diretor global do Instituto Gatorade de Ciências do Esporte.

As linhas da batalha foram traçadas. "Temos testado alguns atletas com picos de queima de gordura próximos dos 80% do VO2max, ao invés dos 65% mais tradicionais", Volek disse à revista Runner's World. "Há muita variação entre atletas, e muitas questões a serem respondidas, uma vez que houve pouca pesquisa com low-carb, quando comparada aos milhares de estudos feitos com dietas ricas em carboidrato. Esperamos equilibrar isso com experimentos low-carb bem projetados em diferentes atletas".



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