Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.
Introdução
A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma desordem comum mas pouco compreendida, que causa uma variedade de sintomas intestinais incluindo dor, diarréia e/ou constipação, inchaço, gases e cãimbras. Enquanto estes sintomas podem ser causado por um número de diferentes doenças intestinais, SII é usualmente diagnosticada somente quando seu médico excluiu a possibilidade de problemas mais sérios. Sua severidade varia de pessoa para pessoa. Alguns pacientes de SII experimentam sintomas intermitentes que incomodam apenas levemente, enquanto outros podem ter problemas intestinais diários tão sérios que afetam a sua capacidade de trabalhar, dormir e desfrutar a vida. Além disso, os sintomas de SII podem mudar com o tempo, de maneira que um indivíduo pode ter sintomas severos por diversas semanas e então sentir-se bem por meses ou mesmos anos. Sob condições normais, a maior parte das pessoas nunca é curada de SII, mas novamente, tudo o que pode ser necessário é que você reduza sua ingestão de carboidratos. É incrível o quão rápido isso pode funcionar.
A idéia de que comidas não-refinadas tem uma influência importante sobre a saúde remonta no mínimo a Hipócrates. Em 1585, Stubs perguntou com precisão:
Não vemos que o pobre, que come o pão marrom, tem saúde mais plena, é mais forte, tem compleição mais robusta e vive mais que o outro que come comidas delicadas todos os dias ? [1]
Antes do meio do século XX a fibra dietária, que então era chamada de "forragem", era vista como danosa. Em pessoas com desordens intestinais tais como doença diverticular, o conselho era evitar o farelo e adotar uma dieta pobre em fibras. Mais tarde, a noção de que a constipação era fundamental à doença humana fez com que algumas práticas bizarras ficassem comuns e deu origem a uma imensa indústria de cereal matinal. estudos populacionais no leste da África pareciam mostarr um efeito protetor das fibras [2] e dietas ricas em fibra tornaram-se moda. Dr. Dennis Burkitt e colecas estavam preocupados com o câncer de cólon, doença diverticular e constipação. Por implicação, a SII também foi incluída nesse grupo. E assim, dietas ricas em fibras tornaram-se o tratamento padrão para SII, ainda que a efetividade deste tratamento para SII nunca tenha sido testada.
Fibra causa SII
Então nos anos 80, a fibra já era uma maneira popular de se tratar SII por cerca de 10 anos, e apesar de haver diversos estudos entre 1976 e 1985, eles não mostravam efeito convincente do farelo sobre os padrões sintomáticos da SII. Além disso, os médicos perceberam que parecia haver pouca evidência de que a prática ajudava pacientes de SII. Em 1987, os médicos no Hospitão St. Bartholomew em Londres, decidiram retificar isso ao conduzir um estudo do farelo sobre a SII [3]. Dois grupos de pacientes com SII foram alimentados com biscoitos ricos em fibra ou biscoitos pobres em fibra, como placebo, por 3 meses; depois a dieta dos dois grupos foi invertida por um segundo período de 3 meses. Naturalmente, os pacientes com SII não foram informados sobre quais biscoitos recebiam, apesar de alguns poderem ter imaginado. As respostas gerais indicaram que o farelo não ajudava, pois a SII em ambos os grupos melhorou signifcativamente tanto com os biscutoiso de farelo e os biscoitos-placebo, sem diferença significativa nos sintomas de SII entre os dois grupos. Em 1994, médicos do Hospital Universidade de South Manchester, buscando pelo peso da evidência até então, disseram "tivemos a impressão de o trigo integral e produtos com farelo pioraram o estado das pessoas com a condição, ao inves de melhorarem". Então eles fizeram um teste – e provaram que sua impressão estava correta. Eles concluíram que sua evidência "sugeria que o uso de farelo com a SII deveria ser reconsiderado", pois havia uma "possibilidade de que o consumo excessivo de farelona comunidade estivesse na prática criando pacientes com SII ao exacerbar os casos leves" [4].
O peso de toda esta evidência sugere que o farelo, trigo e cereais integrais tem uma probabilidade maior de causar SII do que de curá-la. Também, por ser indigestível, o farelo fermenta no intestino e pode induzir flatulência exacerbada, distensão e dor abdominal [5]. E é a mesma coisa com a doença diverticular.
Frutas também podem causar SII
Um estudo apresentado por Young Choi e colegas da Universidade de Iowa ao Colegiado Americano de Gastroenterologia, construído sobre sua pesquisa anterior mostrando que entre 1/3 e 1/2 dos pacientes sofrendo sintomas de SII são intolerantes à frutose [6]. Frutose é o açúcar contido nas frutas.
O time inicialmente testou 80 pacientes suspeitos de terem SII para verificar intolerância à frutose, e confirmou a SII e 30 deles (37.5%). Os pacientes de SII foram então instruíndos sobre como eliminar a frutose da dieta e, após 1 ano, 26 foram entrevistados para verificar seus sintomas de SII. O time tam´bem reportou que em 13 pacientes de SII que seguiram a dieta restrita em frutose, os sintomas de SII como dor abdominal, inchaço e diarréia foram significativamente reduzidos, bem como a prevalância da própria SII. Sintomas de SII permaneceram inalterados nos pacientes que não mantiveram a dieta.
Óleos poliinstaturados
Carne vermelha tem sido culpada pela SII há muito tempo. Mas isso parece ser baseado em informação errada. Um estudo publicado em dezembro/2009 mostra que o ácido linoleico danifica o intestino, mas os noticiários e websites de saúde induziram ao erro culpando a "carne vermelha" – que contém o menor teor de ácido linoleico. São as gorduras e óleos poliinsaturados, derivados de sementes como girassol, cártamo, soja e milho, que são as maiores fontes de ácido linoleico.
Muita da informação dada pela "indústria da saúde" leva ao erro desta maneira.
A. J. veio a uma aula sobre perda de peso que eu estava ministrando, apesar de não estar realmente acima do peso. A dieta era LCHF, como eu advogo nesse website. Duas semanas depois, ela não tinha perdido qualquer peso. Mas ela disse estar maravilhada porque "minha SII, que eu tenho há anos, sumiu".
Referências
- Stubs P. The anatomie of abuses. London, 1585, p61.
- Burkitt DP, et al. Effect of dietary fibre on stools and transit times, and its role in the causation of disease.Lancet 1972; ii: 1408-11.
- Lucey MR, et al. Is bran efficacious in irritable bowel syndrome? A double-blind placebo controlled cross-over study. Gut 1987; 28: 221-5.
- Francis CY, Whorwell PJ. Bran and irritable bowel syndrome: time for reappraisal. Lancet 1994; 344: 39-40.
- Editorial. The Bran Wagon. Lancet. 1987; i: 782-3.
- 68th Annual Scientific Meeting of the American College of Gastroenterology, Baltimore, Maryland, USA, October 2003
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