ITIS - É a insulina, estúpido! (Parte 2 de 8)
Comida Saudável

ITIS - É a insulina, estúpido! (Parte 2 de 8)


Artigo traduzido por Juliana Whately. O original está aqui.

por Amy Berger.



Aviso: Este post é ridiculamente longo. Eu ia dividi-lo em dois, mas eu percebi: qual é a diferença entre um post realmente longo e dois semi-longos? Você sempre pode ler alguns parágrafos e, então, voltar mais tarde se não tiver tempo para ler tudo de uma vez.

Também: Meu blog tem um público muito eclético. Tenho médicos, doutores e outros bem-educados em bioquímica e publicitários lendo isso, mas acho que a maior parte dos meus leitores são leigos interessados. Eu tento adaptar meus posts aos leigos, tendo em mente que eles têm inteligência acima da média e conhecimento certamente acima da média sobre tudo isso: low-carb high-fat, Paleo e "coisas" de saúde ancestral. Só queria lembrar a todos do público diversificado aqui porque este post, em particular, contém explicações simplificadas de processos complexos, e peço desculpas se alguém ficar entediado. :-/

OK! Agora chegamos na próxima parte de por que todas essas coisas de insulina são tão importantes. (Perdeu a primeira parte? Clique aqui).

Aqui vamos nós...

A insulina está elevada e está elevada por um período prolongado de tempo. Eu não dedicaria tanto tempo (não remunerado!) a escrever sobre isso se a insulina elevada, por si só, não fosse uma grande ameaça para a boa saúde. É ainda pior quando combinada com glicose elevada, mas tem alguns efeitos bastante desagradáveis por conta própria. Então, vamos decompô-los. Com algums você vai estar familiarizado, mas alguns podem surpreendê-lo. Não se engane, porém: o que o Dr. Tim Noakes disse é verdade:


"É por isso que a resistência à insulina é a condição médica mais importante 
dos dias de hoje. E nós (médicos) ainda fingimos que ela não existe".

O único ponto em que eu discordo com o Dr. Noakes é que a resistência à insulina (RI) é uma "condição médica." Eu diria que é um estado fisiológico patológico, com certeza, mas eu não sei se eu diria que é uma condição médica, tal como algo que deve ser tratado com medicação. A resistência à insulina é uma condição médica, da mesma forma uma perna quebrada é uma condição médica: pode acontecer devido a forças além do controle de alguém ou pode vir por causa de práticas de vida equivocadas. Uma perna quebrada, por exemplo, pode resultar de um acidente de carro anormal (forças além do controle) ou pode ser o resultado de correr com os touros em Pamplona e ser pisoteado (prática de estilo de vida equivocada). A resistência à insulina pode resultar de nascer com propensões genéticas e epigenéticas muito fortes em direção à RI, quase não importando o que alguém come ou como vive (forças além de seu controle) e atualmente a hipótese de que pode resultar de um longo tempo de consumo de excesso de carboidratos (e, potencialmente, todos os alimentos), sedentarismo, ser cronicamente estressado e não dormir o suficiente (práticas de estilo de vida equivocadas).

Mas eu não sou nenhuma fanática. Eu reconheço que , de fato, indivíduos que necessitam de medicação para ajudar a diminuir a sua resistência à insulina. Há uma abundância de pessoas lá fora, para quem uma dieta LCHF, exercício, sono melhor, menos stress e todo o resto do pacote simplesmente não os levam até o fim. Talvez essas pessoas realmente precisem de metformina ou, no lado sem receita, talvez berberina, cromo e ácido alfa-lipóico. (E não vamos subestimar o poder do vinagre!) Mas eu ainda não sei se eu chamaria a RI de "condição médica."

Mas não é nem cá, nem lá. Normalmente sou uma defensora da semântica, mas não vamos ficar debruçados sobre os detalhes neste momento. Independentemente de se tratar de uma condição médica, do metabolismo que deu errado, ou de ser apenas um pedaço de um problema, a resistência à insulina não é brincadeira.

E eu não acho que podemos dizer com certeza o que realmente causa IR. Eu suspeito que seja multifatorial. Há provavelmente muitos fatores na dieta e estilo de vida que combinam-se em uma "tempestade perfeita" para destroçar a fisiologia e o metabolismo. Então eu não acho que seja só carboidratos em excesso. Se fosse, então uma dieta baixa em carboidratos, por si só, iria ajudar a todos que são resistentes à insulina e, enquanto é simples assim para muitas pessoas, eu tenho clientes que podem confirmar que muitas vezes é mais complexo do que isso.

Provavelmente é algo como essas duas cascatas:

RI => hiperinsulinemia => inflamação => disfunção mitocondrial => câncer. 
Como tratar RI e hiperinsulinemia. #LCHF #jejum

A ordem deve ser: estresse oxidativo => disfunção mitocondrial => RI => hiperinsulinemia => inflamação => câncer, DCV (doença cardiovascular), DMT2 (diabetes tipo 2), etc.

(Na verdade, eu tenho escrito extensivamente sobre o papel da disfunção mitocondrial no câncer. Veja aqui e aqui).

Mas de volta à insulina.

Quando se trata do papel do aumento da permeabilidade do intestino delgado (conhecido como "intestino permeável"), a literatura científica indica que um intestino permeável pode ser a força motriz para efeitos enormes de saúde em todo o corpo. No mínimo, há um eixo intestino-pele; um eixo intestino-cérebro, e um eixo intestino-articulações. E eu venho por meio deste anunciar que podemos fazer o caso de um eixo-insulina-glicose-todos-os-sistemas-do-corpo.

Depois de mergulhar neste material por um tempo, eu cheguei à seguinte conclusão:

NÃO HÁ UM SISTEMA DO CORPO QUE NÃO SEJA AFETADO NEGATIVAMENTE PELA GLICEMIA E/OU INSULINA CRONICAMENTE ELEVADA.

Apenas de improviso, aqui estão seis sistemas do corpo que sofrem com um ritmo deformado de hiperglicemia e/ou hiperinsulinemia crônica:

Sistema reprodutivo

É razoavelmente bem-estabelecido que a síndrome do ovário policístico (SOP) está ​​relacionada à hiperinsulinemia. Não em todos os casos, mas em muitos. Além disso, hiperinsulinemia, hiper e hipoglicemia podem deixar a TPM perto de insuportável, em parte por causa dos efeitos da insulina sobre os hormônios sexuais, mas também pela razão muito mais óbvia de que níveis selvagemente altos e baixos de açúcar no sangue causam alterações de humor irritabilidade. Mas não está tudo ligado às mulheres. Ah não, cara, você não está imune aos efeitos da insulina elevada em suas preciosas gônadas. Sabe todos aqueles comerciais empurrando pílulas e poções para "baixa T" – conhecida como baixos níveis de testosterona? Bem, há muitas razões que sua "T" possa estar baixa, mas uma das grandes é a hiperinsulinemia. Veja, a insulina regula para cima uma enzima chamada aromatase e aromatase converte andrógenos em estrógenos. Quanto mais atividade da aromatase o corpo de um homem tem, menos testosterona e mais estrogênio ele provavelmente tem flutuando em sua corrente sanguínea. Estrogênio elevado – e, realmente, hormônios confusos em geral – em homens, pode levar a todos os tipos de coisas desagradáveis, incluindo ginecomastia, hipertrofia prostática benigna (HPB), câncer de próstata e infertilidade. Elevados níveis de PSA (antígeno prostático específico)? É câncer ou hiperinsulinemia? "Mamas em homens?" Talvez esse cara precise de uma dieta baixa em carboidratos. Baixa fertilidade? Talvez isso exija algumas intervenções no estilo de vida para a diminuição da insulina. "A sobre-regulação de aromatase produz um aumento de estradiol intracelular [...] em combinação com a insulina, para causar a extravagente transdução da sinalização abaixo na via metabólica e, assim, induzir à síndrome metabólica e o crescimento da próstata mitogênica." Certo. "O crescimento da próstata mitogênica." Isso é o termo médico para aumento da próstata, o que parece que toneladas de homens mais velhos estão "tendo diagnóstico". Há algo de errado com a glândula da próstata, em si, ou é hiperinsulinemia? O autor deste artigo conclui que estas condições são o resultado de excesso de insulina e estrogênio, ao invés de "baixa T."

Resumindo: alta de insulina é uma maldição para a saúde sexual e fertilidade de ambos os sexos.

Sistema cardiovascular

Segundo o Dr. Kraft, "Aqueles com doença cardiovascular não-identificados com diabetes simplesmente não são diagnosticados"Você pode imaginar? Esta mer*@ nada tem a ver com o colesterol. O colesterol está se acumulando nas paredes dos vasos sanguíneos a fim de reparar microlesões causadas por toda a glicose e insulina! Claro, artérias sendo "bloqueadas" por um acúmulo de placa pode levar à isquemia (redução do fluxo sanguíneo) e infarto (total falta de fluxo de sangue e morte do tecido resultante), mas ao invés de se livrar do colesterol por todo e qualquer meio possível, a pergunta deveria ser: O QUE está CAUSANDO a formação das placas em primeiro lugar?

Ok, agora que eu comecei o discurso, vamos olhar para algumas das maneiras pelas quais a hiperglicemia e resistência à insulina afetam o sistema cardiovascular:

Glicação: Eu falei o termo "hemoglobina A1c", ou apenas A1c, ao longo da parte 1 desta série. A1c é "hemoglobina glicada" e é uma medida aproximada da sua glicemia média durante os últimos 3-4 meses. A glicação acontece quando um açúcar (tal como a glicose) rouba uma proteína (como a hemoglobina no sangue) e não se solta. É um processo irreversível. Pense nisso como um pirulito desembrulhado deixado acidentalmente em um painel de um carro fechado no auge do verão. O açúcar vai derreter e ficar pegajoso, duro e quebradiço, e vai ser difícil, quase impossível removê-lo. Estou simplificando aqui por causa da explicação, mas se a sua A1c é elevada, pense que seu sangue é pegajoso e viscoso. Sua consistência/viscosidade passou de aguada mais para um xarope de bordo ou melado. Mas hemoglobina não é a única proteína que pode tornar-se glicada. Qualquer proteína – inclusive as estruturais nos vasos sanguíneos – também podem ser glicadas. O resultado é, elas se tornam duras e quebradiças. Eles vão de mangueiras macias, que são muito confortáveis ​​(o que significa que podem expandir e contrair facilmente), para algo mais parecido com tubos de vidro. Eles são frágeis e quebradiços. Então, quando você tem glicose sanguínea cronicamente elevada e sua A1c é alta, em vez de água que flui através de uma boa mangueira elástica, temos um melaço denso e grosso sendo forçado através de um tubo de vidro frágil a uma alta pressão (devido à hipertensão... mais sobre isso em um segundo). O efeito extremamente lógico e semi-inevitável disso é a alta incidência de todas as complicações cardiovasculares que tantos diabéticos experimentam, muitos dos quais são os resultados de vasos sanguíneos comprometidos: acidente vascular cerebral, ataque cardíaco, vasos sanguíneos estourados nos olhos, má circulação, insuficiência renal, perda de sensibilidade nas extremidades (neuropatia diabética) – particularmente nos pés e muito mais. Então, eu tenho que concordar com o Dr. Kraft: pessoas com doença cardiovascular não-aparentemente relacionada com a diabetes são provavelmente as mesmas pessoas que eu falei na Parte 1: pessoas com diabetes in-situ. Diabéticos não diagnosticados, que se mantêm não-diagnosticados porque as únicas coisas que seus médicos estão olhando são A1c e glicemia em jejum.

Ok, agora que nós cobrimos o sistema cardiovascular, vamos dar um passo adiante e conectar de volta com a função reprodutiva. Com o que acabamos de discutir sobre os efeitos da hiperglicemia sobre os vasos sanguíneos, um outro problema muito comum entre os homens de todas as idades, mas particularmente os mais velhos, emerge: a disfunção erétil (DE). Os médicos informados vão confirmar que a disfunção erétil é, para muitos homens, o primeiro sinal de problemas no coração/cardiovasculares. Por que? O que faz o cérebro ter a ver com a função do coração? Mole-mole. A disfunção erétil não é normalmente causada pela falta de desejo. O homem quer realizar; é esse maldito pequeno soldado que não está seguindo ordens, certo? Bem, incapacidade de obter e/ou manter uma ereção pode muito bem ser devida ao fluxo sanguíneo prejudicado para o pênis. Se a circulação sanguínea está comprometida e o corpo tem de fazer a triagem, apesar do que os homens possam achar, o pênis não é o órgão mais importante do corpo. Na verdade, o pênis é, provavelmente, um dos primeiros lugares aos quais o corpo iria parar de enviar sangue suficiente se tiver que priorizar. (Assim você pode ver porque DE realmente pode ser um sinal precoce de problemas cardíacos, especialmente na ausência de outros indicadores.)

Confira este post do Dr. Gerber para um olhar mais de perto da conexão cardiovascular à hiperinsulinemia e por que a forma tradicional de medir o risco de doença cardíaca está longe da marca.

Resumindo: alta de glicose e insulina são maldições para o sistema cardiovascular.

Visão


Eu odeio iniciar frases com "todo mundo sabe", mas diabetes realmente, todo mundo sabe que a diabetes tipo 2 mal administrada pode causar complicações com visão, a mais grave das quais é a total cegueira. A retina contém vasos sanguíneos minúsculos, pequeninos, e nós acabamos de revisar o que acontece com os vasos sanguíneos na presença sustentada de montes de glicose. É ruim o suficiente quando os vasos sanguíneos grandesfortesresistentes geralmente acomodados, como artérias, são glicadas. Imagine o que acontece quando os minúsculos dos olhos tornam-se frágeis e implacáveis. Estouro de vasos em todo o lugar. (Minha mãe tinha diabetes tipo 2 mal gerida e ela experimentou isso o tempo todo.) Daí o termo "retinopatia diabética." Há pessoas cuja diabetes foi inicialmente diagnosticada não por um médico de família ou endocrinologista, mas por um oftalmologista! Oftalmologistas podem olhar diretamente para sua retina e podem ser a primeira pessoa a perceber que você tem um problema com a glicose no sangue.

Resumindo: A hiperglicemia é uma maldição para a visão.

Função renal

Tão conhecidos quanto os problemas oculares entre os indivíduos com diabetes tipo 2 mal gerenciado, é igualmente reconhecido que diabetes tipo 2 mal administrado tem implicações horríveis, fatais, para a função renal. Há duas razões principais para isso:
  1. Os túbulos renais, que são as partes dos rins responsáveis por filtrar o sangue, contêm pequeninos vasos sanguíneos, tal como as retinas. E correndo o risco de bater-lhe na cabeça com isso, a essa altura já você sabe o que acontece aos vasos sanguíneos – particularmente os muito pequenos – quando constantemente expostos a glicose alta. Se estes vasos sanguíneos pequenos em seus túbulos renais se arruinarem, você estará em sérios problemas. Há uma razão que tantos diabéticos acabam em diálise. (Mas não se esqueça o papel das drogas para baixar o colesterol em insuficiência renal induzida por estatina!) Daí o termo "nefropatia diabética."
  2. A insulina tem uma enorme influência sobre a dinâmica do sódio no corpo. Mais insulina ---> mais retenção de sódio. E maior a retenção de sódio ---> pressão arterial mais elevada. (Nota: isto não significa que você precisa para evitar o sal. De qualquer forma, reduzir o açúcar e outros carboidratos será mais eficaz para curar controlar a hipertensão do que cortar o sódio. A hipertensão tem tão pouco a ver com sal na dieta que nem tem graça. Eu continuo dizendo que tenho uma série de sódio prevista depois que a série sobre a teoria metabólica de câncer for feita. Francamente, eu acho que vai te surpreender). Como o aumento da retenção de sódio causa uma elevação da pressão arterial ? Bem, há uma frase em fisiologia que diz "água segue sódio". Se os rins estão retendo mais sódio, mais água será naturalmente atraída de volta para o corpo. Mais água significa mais água no sangue, elevando o volume de sangue. Assim, temos um maior volume de sangue que flui através da mesma quantidade de vasos sanguíneos, o que fará com que a pressão aumente. O aumento será ainda maior se os vasos sanguíneos estiverem um pouco glicados, porque, então, em vez de ser capaz de expandir/dilatar facilmente para acomodar o aumento do fluxo sanguíneo, estes vasos estarão duros e inflexíveis. E lembre-se: quando se trata de hipertensão induzida pela dieta, é a insulina que está no comando, muito mais do que isso é o sódio.
Os rins saudáveis ​​devem ser capazes de reabsorver ou de filtrar o sódio, conforme necessário. Mas quando algum outro, mais poderoso regulador de força – tal como a insulina – exerce os seus efeitos, este processo pode ser substituído. "A hiperglicemia potencializa a antinatriurese da insulina através de um efeito no túbulo proximal (co-transporte sódio-glicose)." ("Antinatriurese" é a palavra médica para "evitar a excreção de sódio pela urina". A palavra latina para o sódio é natrium, daí o seu símbolo no tabela periódica ser Na). E adivinhem o que mais? "Antinatriurese da insulina é acompanhada por uma redução na excreção urinária de ácido úrico". E, "Em pacientes hipertensos, os níveis de ácido úrico mais elevados e taxas de depuração renal de urato menores se juntam com resistência à insulina e dislipidemia". E você tá ligado no que redução da excreção de ácido úrico significa, certo? Sim: gota. A gota provavelmente não é um resultado de muitas purinas na dieta; parece cada vez mais como mais uma dessas condições impulsionadas pela hiperinsulinemia. (Você pode ter ouvido que a gota está fortemente ligada ao consumo de frutose. Na verdade, isso provavelmente é devido aos efeitos da frutose sobre a insulina. Veja, a frutose não eleva muito a glicemia, mas ela aumenta a insulina. Dr. Fung explica começando no minuto 17 desse vídeo.)

Ok, então há a hipertensão, e há função renal. Qual é a conexão? Bem, a hipertensão é muito dura sobre os rins. Os rins são responsáveis ​​pela filtragem do sangue – até a última gota. Eles filtram "toxinas", bem como os subprodutos nocivos dos processos metabólicos normais, e eles também decidem quanto de quais minerais e eletrólitos vão se livrar e quanto vão reabsorver. A pressão arterial elevada torna isso mais difícil de fazer. (Também a desidratação. Lembre-se: sangue denso, pegajoso, forçando-se através de pequenos vasos sanguíneos, quebradiços.)

Resumindo: A hiperglicemia e a hiperinsulinemia são maldições para os rins.


Saúde do cérebro e função cognitiva

Oi? Eu escrevi um livro inteiro sobre a conexão entre a insulina elevada e doença de Alzheimer. Eu também falei sobre o Alzheimer como o "diabetes do cérebro" ou "diabetes tipo 3" em podcasts que gravei com Jimmy Moore no Livin 'la Vida Low Carb Show e Robb Wolf, em The Paleo Solution Podcast. Na minha conversa com Robb (ainda não posso acreditar que eu falei com ele... uhu!), Fiz questão de mencionar o trabalho de Kraft (e Ivor) e que muitas pessoas com comprometimento cognitivo ou doença de Alzheimer têm exatamente o que nós estamos falando aqui: glicemia em jejum "normal" e A1c "normal", mas eles são super resistentes à insulina. (Como eu mencionei em ambos os shows, quanto mais insulina no sangue, mais as placas amilóides se acumulam.) Essas pessoas não são diabéticos tipo 2, porque lhes falta a elevada glicemia em jejum e A1c que provocaria um diagnóstico. O que eles têm é feroz hiperinsulinemia ou o que agora podemos chamar de "diabetes in-situ".

Resumindo: A hiperinsulinemia é uma super maldição para o cérebro.


Distúrbios cocleovestibulares

(Afetando ouvido interno e equilíbrio)

Depois de aprender todas essas coisas fascinantes sobre diabetes in-situ e hiperinsulinemia, eu escrevi um post sobre isso para o meu freelance. Eu olhei especificamente para distúrbios cocleovestibulares. (Um punhado das muitas condições que se enquadram nesta categoria são vertigem, zumbido no ouvido, doença de Ménière e síndrome do desembarque). Na verdade, os médicos da especialidade de ouvido, nariz e garganta (OLL) estavam entre as primeiras pessoas a observar a conexão entre esses condições aparentemente "idiopáticas" e insulina elevada. ("Idiopática" significa que ninguém sabe o que diabos ela faz).

Agora, a coisa é, eu não sei o mecanismo do trabalho aqui. Mas tenho certeza que há um. (Não estou bem versada em anatomia do ouvido interno e fisiologia, nem nos mecanismos que estão na base do equilíbrio postural.) E, infelizmente, recentemente eu perdi o acesso ao texto completo da maioria dos artigos do PubMed, por isso vou simplesmente hipotetizar aqui. (Se alguém aí é bem-informado sobre essas coisas e puder explicar isso melhor, por favor me escreva de forma privada ou grite nos comentários!)

OK. Sabemos que a insulina afeta a retenção renal de sódio e, por conseguinte, a dinâmica dos fluidos ao longo de todo o corpo. Pode haver um papel para a insulina em influenciar o equilíbrio de fluidos no ouvido interno? Alguns profissionais de saúde já notaram que, para alguns indivíduos que são sensíveis ao glúten, as manifestações as ÚNICAS manifestações da sensibilidade aparecem fora do trato gastrointestinal (isto é, a sensibilidade ao glúten não celíaco). Por exemplo, há "ataxia glúten" – o (supostamente) estado induzido pelo glúten, de inépcia geral. E parece haver outros efeitos neurológicos, dermatológicos e sistêmicos do glúten, em que as partes afetadas do corpo são os únicos indícios de que há uma sensibilidade a essa proteína. Então, e se alguma destas condições cocleovestibulares são a única manifestação da hiperinsulinemia de alguém ? Porque, lembre-se, estamos falando de indivíduos que têm glicemia em jejum normal, A1c normal, e uma resposta normal a um OGTT. (Tudo o que olha apenas para glicose). Mas se eles são hiperinsulinêmicos, você tem que pensar que o excesso de insulina está causando o caos em algum lugar do corpo, não? E talvez, apenas talvez, o único lugar que está sofrendo com isso é o ouvido interno. Sobre o mesmo tema, para os indivíduos com glicemia e A1c normais, talvez hipertensão, ou infertilidade, ou HPB, ou reduzido TFG [taxa de filtração glomerular – um indicador da função renal], é a única manifestação da resistência à insulina.

Esta é uma área extremamente madura para pesquisa empregando low-carb ou dieta cetogênica como terapia, pela mesma razão pela qual elas são tão desesperadamente necessárias para Alzheimer: estas são as condições para as quais drogas farmacêuticas são inexistentes ou manifestamente ineficazes. Milhões de pessoas têm sua qualidade de vida esmagado por causa dessas condições estranhas, bizarras, de "origem desconhecida." É como Robb Lobo diz cada vez que alguém lhe pergunta se uma dieta Paleo funciona para "x" condição auto-imune rara que eles têm, e ele diz, "tentar não vai machucar!" Pelo amor de Deus, pessoal, TENTEM low-carb / cetogênica!

Para seu crédito, conforme mencionei, alguns otorrinolarigologistas estiveram entre os primeiros a perceber que o Dr. Kraft pode ter descoberto algo importante, e começaram a investigar a hiperinsulinemia entre seus pacientes. E tcharam! olha só o que encontraram:


  • Hiperinsulinemia: O denominador comum to tinnitus idiopático subjetivo e outras desordens neurootológicas idiopáticas centrais e periféricas. (pelo Dr. Kraft!)
  • Perfis de glicose e insulina e sua correlação com a doença de Ménière’s: os autores desse estudo chegaram a chamar a hiperinsulinemia de "a alteração metabólica mais frequentemente envolvida na patogênese de distúrbios cocleovestibulares". Está envolvida na patogênese. Isso significa que é um fator causal, e não está apenas "associada" com esses problemas.
  • Glicose, insulina e patologia do ouvido interno: "Hiperinsulinemia foi a anormalidade mais frequente, e descobriu-se que constitui o fator determinante dos distúrbios do ouvido interno". Novamente, os autores estão dizendo que a hiperinsulinemia é o fator determinante. Significa que é uma causa, e NÃO "apenas associação".
  • Distúrbios metabólicos na vertigem, zumbido e perda auditivaand hearing loss: "perturbações no metabolismo da glicose como diabetes mellitus e hiperinsulinemia podem ser responsáveis pelas doenças do ouvido interno".
  • Níveis sanguíneos de glicose e insulina na doença de Ménière.

CACETADA, né ? Por que nenhum de nós jamais ouvidu falar sobre isso antes ? (E por falar no assunto: o Dr. Naiman já mencionou um paciente que foi curado do zumbido no ouvido após adotar uma dieta LCHF. Só quis mencionar...) 

Resumindo: Hiperinsulinemia é um maldição para o o ouvido interno e o equilíbrio.

Eu mencionei o Dr. Kenneth Brookler na parte 1, e disse que voltaria a ele. Bem, ei-lo. Ele é um otorrinolaringologista, e foi um dos primeiros médicos a compreenderem a importância do trabalho de Kraft. Ele fez um bocado de avanços na descoberta da ligação entre a hiperinsulinemia e esses distúrbios "idiopáticos" do ouvido interno. Novamente, muito obrigado a Ivor Cummins por entrevistar o Dr. Brookler e disponibilizar o vídeo para nós.

Aqui estão cenas dos próximos capítulos:

Você vai notar que, em todas essas discussões sobre diabetes, glicose e insulina, eu não disse uma única palavra sobre obesidade. A razão pela qual eu queria abordar o peso depois de todas as outras coisas que cobrimos hoje é que, francamente, um pouco de excesso de tecido adiposo no quadril e na barriga é o menor dos problemas que pode vir da glicose e insulina elevadas.

Entretanto, nenhuma série sobre insulina estaria completa sem uma olhada no papel da insulina no particionamento energético e na regulação do tecido adiposo. Então é lá que vamos a seguir.

Até então, lembre-se: OBESIDADE É UM EFEITO, E NÃO UMA CAUSA DA DISFUNÇÃO E DOENÇA METABÓLICAS.

PS: Caso não tenha ficado claro na nossa discussão da disfunção erétil, doença cardíaca, falha renal, Alzheimer, perda de visão e distúrbios do ouvido interno, SER MAGRO NÃO IMPLICA AUTOMATICAMENTE QUE VOCÊ É SAUDÁVEL! Milhões de americanos magros têm Alzheimer, zumbido, vertigem, doença cardíaca, falha renal, infertilidade e mais. Ter sido SORTUDO o suficiente para não tornar-se obeso não implica que você não vai ter problemas sérios com a glicose e a insulina. Obesidade é simplesmente uma manifestação da resistência à insulina, mas como é a que podemos ver mais facilmente, é ela que todo mundo acha ser a causa de tudo mais. Se pudéssemos ver os triglicérides séricos, os túbulos renais, as artérias ou a insulina em jejum de alguém, todos gordofóbicos por aí iriam CALAR A BOCA (Sinto pela explosão... Esse é um ponto sensível para mim, tanto profissional quanto pessoalmente).

Continue para a parte 3.



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