O guia definitivo para o Primal Blueprint (Parte 1)
Comida Saudável

O guia definitivo para o Primal Blueprint (Parte 1)


Mais um artigo excelente traduzido pelo Danilo Ferreira (do Comida de Verdade). O original está aqui.

A segunda parte desse artigo está aqui.

por Mark Sisson

Construa o corpo mais saudável possível com o Primal Blueprint.


“Recebo e-mails todos os dias de pessoas me contando o quanto suas vidas melhoraram depois de passarem a seguir os princípios que eu descrevo neste site. Mas, muitos querem conhecer mais benefícios do Primal Blueprint. Isto é, estas pessoas querem um detalhe completo dos elementos que formam o Primal Blueprint. Nas próximas semanas entrarei nestes detalhes – evidências antropológicas, pesquisas modernas etc. – a respeito desta filosofia de saúde, mas primeiramente gostaria de oferecer este resumo. Acho que é um bom ponto de partida para o restante.

Neste extenso artigo, você encontrará o básico para descobrir o lado Primal de sua vida. O que isso significa? Significa aprender e compreender o que é ser humano. Significa usar este conhecimento para ajudar a tomar importantes decisões de estilo de vida. Significa levar uma vida de acordo com nossos ancestrais, promovendo bem estar e saúde em níveis ótimos. E, mais importante, assumir o controle de seu corpo e mente.

Se você ficar intrigado por este artigo, fique esperto para as explicações mais completas de como podemos aprender com o passado a moldar nosso futuro."

Minha premissa básica é: o Primal Blueprint é um conjunto de instruções simples (um plano) que permitirá controlar como seus genes se expressam, de forma que seu corpo seja o mais forte, saudável e esbelto possível, usando dicas da biologia evolucionária (esta é a parte primal). 

Às vezes podemos nos sentir perdidos na biologia humana, não conseguimos enxergar as coisas de maneira mais ampla. Nós subestimamos a simplicidade com a qual poderíamos atingir níveis excepcionais de saúde e boa forma.

Viver na sociedade moderna é extremamente complexo. Com tantos avanços diários na ciência, tecnologia e medicina, e uma base de conhecimento crescente que não para de se tornar exótica e de nichos, não é de se espantar que procuremos soluções complicadas para problemas que na verdade precisam de respostas simples. Um dos melhores exemplos é a enorme – e cara – corrida para identificar as variações genéticas que podem nos predispor com maior frequência a certas doenças. É difícil passar uma semana sem se divulgue uma nova notícia a respeito do descobrimento de um gene “defeituoso” que aumenta suas chances de se tornar obeso, desenvolver algum tipo de câncer ou diabetes tipo 2 ou ainda artrite. O resultado de tudo isso é que nos acostumamos a culpar nossas condições de saúde ou a nossa "infeliz herança" destes genes defeituosos!

Como se não fosse o suficiente abdicar de nossa responsabilidade neste ponto, cruzamos nossos dedos e fechamos nossos olhos na esperança de que a indústria farmacêutica encontre a resposta para nossos problemas antes que seja tarde demais. Na maioria dos casos, algumas poucas mudanças em seu estilo de vida são suficientes para resolver a maioria destas variações genéticas. Eu concordo que algumas doenças genéticas graves devam ser tratadas com remédios modernos, mas para a maioria das pequenas variações genéticas que existem, os fatores decisivos na expressão desta genética são o que comemos, como nos movimentamos, o ar que respiramos e o que pensamos – em outras palavras, o ambiente em que vivemos. As grandes empresas farmacêuticas não querem que acreditemos que a maioria de nossas doenças pode ser resolvida facilmente e por isso gastam bilhões de dólares para desvendar os segredos de nosso genoma. Enquanto isso, os verdadeiros segredos – e soluções – estão no DNA de cada uma de nossas células.

A essência do Primal Blueprint é essa: a vida é muito mais simples do que a medicina moderna e a ciência querem fazer você crer. Você consegue influenciar tremendamente como seus genes se expressam, simplesmente expondo suas células ao ambiente adequado. Tudo que você precisa é um entendimento básico de como seu corpo funciona e de um mapa filosófico que você pode usar para encontrar as respostas para quaisquer temas relativos à sua saúde – temas que variam de escolhas pessoais, ajustes ao seu estilo de vida ou uma intervenção médica. Com esta estratégia simples, você poderá avaliar qualquer decisão que tomar em respeito àquilo que você come, seus exercícios e qualquer outro comportamento, tendo como pano de fundo o impacto em seus genes. Mesmo se você optar por uma má escolha, pelo menos você entenderá o porquê de ela ser ruim...

Talvez você já tenha um bom entendimento de como o genoma humano evoluiu para o que é hoje (ou o que já era 10 mil anos atrás, para ser exato), baseando-se nos fatores comportamentais e do ambiente aos quais nossos ancestrais foram submetidos e se desenvolveram através da seleção natural. Milhares de antropolólogos, biólogos evolucionários, paleontólogos, geneticistas e outros vem trabalhando por mais de 100 anos para encaixar as peças que influenciaram a maneira como nos desenvolvemos como uma espécie. Ironicamente, quando examinamos todos os comportamentos e influências ambientais que deram forma ao nosso genoma, chegamos a uma lista bastante simples de coisas que nossos ancestrais fizeram para se tornarem o que e quem eram, e que os permitiu passar 99,9% de seus genes para nós. 

Na essência, esta lista é o “Primal Blueprint” original, dado que nos mostra os comportamentos que eles conheciam – os mesmos que possibilitaram corpos saudáveis, robustos e felizes.

O “Primal Blueprint” original – como vivíamos há 10 mil anos atrás:



1. Coma um monte de animais, plantas e insetos


FishEsta é a descrição mais básica de como nossos ancestrais comiam para obter suas proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas, minerais, antioxidantes, fenóis, fibras, água e outros nutrientes importantes para a vida. Mas isso se traduzia em uma lista enorme de alimentos – alguns antropologistas dizem que talvez 200 ou 300 dependendo da época do ano e área geográfica. O resultado disso é uma composição em termos de gorduras, carboidratos e proteínas bastante diferente do que o senso comum prega atualmente. Este tipo de dieta os dava todo o combustível e material de construção que, em conjunto com exercícios, faziam com que seus genes criassem músculos fortes, os habilitava a gastar muita energia todos os dias, a manter um sistema imunológico saudável, a desenvolver cérebros maiores e a criar seus descendentes. Quando havia bastante comida, eles comiam mais do que precisavam (estocando os excessos na forma de gordura). Em tempos de escassez, usavam estes estoques de gordura. Este padrão aleatório ou não-linear de alimentação mantinha seus corpos em constantemente preparados para tudo. 

2. Movimente-se muito e devagar


HikeSabemos que nossos ancestrais gastavam várias horas por dia caminhando naquilo que os fisiologistas hoje chamariam de ritmo aeróbico de baixo impacto. Eles caçavam, colhiam, pilhavam, perambulavam, vigiavam, migravam, subiam e rastejavam. Este baixo nível de constante atividade influenciou seus genes a construir uma rede capilar (vasos sanguíneos) para alimentar seus músculos, a estocar excesso de energia na forma de gordura, mas também a converterem tal excesso em energia. É claro que eles fizeram tudo isso sem usar calçadas ou sapatos confortáveis. Como cada passada tinha um ângulo diferente, todos músculos, tendões e ligamentos trabalhavam e se tornavam mais forte, equilibradamente. 

Percebam que eles não saíam para fazer cooper à 80% de seus batimentos cardíacos máximos por longos períodos de tempo como o senso comum nos diz atualmente. 


3. Levante coisas pesadas.



Lift Heavy Things
As mulheres levavam suas crianças a maioria do tempo (é, não tinham babás naquela época!), assim como lenha ou qualquer coisa que conseguiam colher, cavar ou pilhar. Homens carregavam lanças pesadas e outras ferramentas, arrastavam carcaças de animais que eles tinham caçado e levavam grandes toras para construir abrigos. Eles também levantavam seu próprio peso quando tinham que subir em árvores ou lugares mais altos para escapar de uma ameaça ou simplesmente para checar os arredores e encontrar uma nova rota. Os sinais bioquímicos criados por estes movimentos breves mas intensos geravam um pico de hormônio de crescimento e uma redução de miostatina, possibilitando crescimento e fortalecimento dos músculos.

(continua...)



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