Saciedade subjetiva e outras experiências de uma dieta paleolítica comparados a uma dieta convencional para diabetes em pacientes com diabetes tipo 2
Comida Saudável

Saciedade subjetiva e outras experiências de uma dieta paleolítica comparados a uma dieta convencional para diabetes em pacientes com diabetes tipo 2


Artigo (parcialmente) traduzido por Hilton Sousa. O original, completo, está aqui.

Resumo


Experiência


Descobrimos melhoras claras no controle glicêmico e de diversos fatores de risco cardiovascular em pacientes com diabetes tipo 2, dado o aconselhamento de seguir uma dieta paleolítica, quando comparados com dietas convencionais para diabéticos. Agora reportamos descobertas em avaliações subjetivas de saciedade no momento das refeições e também outras experiências dos participantes das duas dietas no mesmo estudo.

Métodos


Em um estudo randomizado cruzado, 13 pacientes com diabetes tipo 2 (3 mulheres e 10 homens) fora instruídos a comer uma dieta paleolítica baseada em carnes magras, peixes, frutas, vegetais, tubérculos, raízes, ovos e castanhas, e também uma dieta convencional para diabéticos baseada nas diretrizes nutricionais vigentes, durante dois períodos consecutivos de 3 meses. Em paralelo com um registro medido a cada 4 dias, os participantes registravam sua saciedade subjetiva. Quocientes de saciedade foram calculados como o quociente intra-refeição dado pela mudança na saciedade durante uma refeição e a energia ou peso de comida e bebida ingeridos na mesma. Todos os participantes responderam as mesmas 3 questões abertas em uma pesquisa posterior a cada refeição:

  • O que você acha dessa dieta ?
  • Descreva as suas experiências positivas e negativas com a dieta
  • Como você acha que essa dieta afetou sua saúde ?

Resultados


Os participantes ficaram igualmente saciados em ambas as dietas. A dieta paleolítica resultou em maiores quocientes de saciedade por energia por refeição (p = 0.004), densidade de energia por refeição (p = 0.01) e carga glicêmica por refeição (p = 0.02). A distribuição de comentários positivos e negativos da pesquisa não difere entre as duas dietas, e os comentários foram em sua maioria positivos. Entre os comentários relacionados a tópicos recorrentes, não houve diferença na distribuição entre as duas dietas para os comentários sobre falta de sabor, mas houve uma tendência para mais comentários em relação à dieta paleolítica ser saciante e melhorar níveis de açúcar no sangue, e significantemente mais comentários sobre perda de peso e dificuldade de aderir à dieta paleolítica.

Conclusões


Uma dieta paleolítica é mais saciante por caloria do que uma dieta convencional para pacientes com diabetes tipo 2. A dieta paleolítica foi vista como instrumental na perda de peso, embora fosse difícil de seguir.



Meus "dois centavos": quando comecei a seguir paleo/LCHF, sofri por alguns dias com a síndrome de abstinência de carboidratos: dores de cabeça, sensação de fome constante. Não cheguei a ter o sintomas da "gripe de carboidratos" (carb flu, em inglês): coriza, tosse, dores no corpo.

Além disso, no início do processo, tive a sensação de ter "perdido um pedaço do cardápio". E o doce do chocolate e do pudim ? E a textura do pão, a crocância da pizza ? Tudo isso me fez falta sim, mas dada a minha abordagem, não houve um "sofrimento inconsciente". 

O que eu queria era perder peso, e ao mesmo tempo tinha receios de que toda aquela carne e gordura fosse me matar - o que fiz então foi me propor um teste: um exame de sangue para controle, seguido de 60 dias no caminho, e um segundo exame. Se tudo melhorasse como era prometido, faria mais 60 dias.

Assim, segui viagem: como a privação era voluntária, consciente, e não-mandatória (eu não tinha nenhuma doença aparente, que me forçasse a fazer a dieta), começar foi mais fácil. E com cerca de 3 semanas, ficou mais fácil ainda: já tinha ouvido falar do "despertar do paladar", mas não entendi até experimentar...

Quando você desabitua as suas papilas gustativas da sobrecarga de açúcar, glutamato, acidulantes, espessantes, conservantes e tantos outros "antes", passa a perceber sabores que não sabia que existiam.

E aí, aquele "pedaço perdido do cardápio" passou a ser algo de menor valor. O cardápio que "encontrei", desde a carne até o brócolis no vapor com azeite e o repolho refogado com passas, superou qualquer biscoito de chocolate, sorvete ou Doritos - de longe. Isso tudo sem falar na possibilidade das substituições: uma massa de pizza feita com couve-flor e ovos NUNCA vai ser crocante como uma feita com trigo e glúten, mas não deixa de ter um sabor delicado e real (não tem nenhum "ante" ali, só os temperos que você colocar). Depois de me livrar do açúcar, não troco o chocolate que faço em casa (com cacau em pó, manteiga, frutas secas, castanhas) por Nestlé ou Hershey's nenhum. O sabor é igual ? Claro que não. Mas é um gosto que REALMENTE adquiri, aliado a um conteúdo que sei que não vai me envenenar aos poucos. Com a "liberdade gustativa", sabores que passavam batido antigamente, agora se revelam reis: estive em João Pessoa/PB por alguns dias, com a família. Nada, nem o açúcar de cozinha, nem a rapadura, nem o melado, nem o mel, nem a bundinha da abelha, podem ser mais gostosamente doces do que favos de jaca-dura, bem madura :-D

Dito isso, a dieta paleo é difícil de seguir sim - se você continuar sonhando com os sabores e texturas do excesso de açúcar e dos "antes". A minha experiência diz que os sonhos ficam cada vez mais fracos com o tempo (pouco tempo!), e que a jornada compensa.

E de mais a mais, pode-se sempre ser partidário do princípio 80/20 (aqui e aqui). Não é o caminho que escolhi, mas não existe uma só dieta paleo - cada um faz a sua, como muito bem escreveu o Dr. Souto:

Eu digo isso o tempo todo, mas não custa reforçar: a eliminação total do trigo e do açúcar (e, em menor grau, da batata e do arroz) são responsáveis por 80% do benefício. O resto é secundário.

Não há necessidade de complicar com fases, regras detalhadas, etc. aquilo que, no fundo, é simples:

1) Cortar açúcar
2) Eliminar grãos
3) Evitar raízes ("tubérculos")
4) Optar por comida de verdade
5) Não consumir azeites extraídos de sementes
6) Perder o medo da gordura natural dos alimentos.

Pessoal, no fundo é só isso!! Precisa de um doce? Coma uma fruta.
Tá difícil perder peso? Elimine um pouco as frutas. Cada um é diferente. Cada um precisa testar em si mesmo o que funciona, e aquilo que lhe torna possível seguir com o estilo de vida de forma continuada. 

Reproduzo aqui, só para deixar para a "pensação", um texto que postei há mais tempo.

"Há algo a ser aprendido com uma tempestade. Quando confrontado com uma chuva repentina, você tenta não se molhar e corre pela rua. Ao fazer coisas tais como passar sob as marquises das casas, ainda assim você se molha. Quando você decide o que fazer desde o início, você não vai ser surpreendido - embora fique molhado da mesma maneira. Esse conhecimento se estende a todas as coisas".

- Yamamoto Tsunetomo



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