Comida Saudável
Ades, desnecessário no cinema, na vida
Animadores de platéia de cinema
Ontem, aproveitando o feriado vazio em São Paulo, fomos ao cinema. Nossos filmes preferidos quase sempre estão passando no cine Unibanco Arteplex, no Shopping Frei Caneca. Gosto de ir lá por vários motivos. Primeiro porque são várias salas e apenas um ou dois filmes são daqueles que eu não veria nem que me pagassem. Assim, mesmo que uma sala esteja lotada, dá sempre para escolher um outro filme interessante (o problema é que, como somos assíduos, nos restam sempre 1 ou 2 inéditos) ou esperar a próxima sessão enquanto tomamos um café, servido por um escritor (o Sérgio Clemente, que trabalha lá). E também porque é um cinema democraticamente freqüentado por casais de gays, senhores e senhoras distintos e alguns adolescentes pingados, desgarrados da turma. Fora ter que agüentar sempre a mesma propaganda do Unibanco (mesmo não pagando menos por isto) e os avisos de não fumar e coisa e tal, nos sentimos em casa, encontramos os amigos de mesmos gostos e em cada sala temos nossos lugares preferidos, quase reservados. Além disso, as pessoas costumam falar baixo, não atendem ao celular e quase não tem croc croc de pipocas. Mas ontem foi demais. As coisas estão mudando para pior. Estávamos lá, conversando baixo enquanto o filme Brasileirinho (sobre nosso Choro) não começava quando dois jovens animados foram para a frente da tela dizer que tínhamos que gritar, pular e interagir com o filminho publicitário. Fiquei com vergonha por aqueles que atenderam aos apelos dos animadores da torcida (os dois lados nitidamente constrangidos), mas o que me deu mesmo foi muita raiva. O Chorinho, em seguida, aliviou. Mas na próxima sessão, em outra sala, levei um susto maior. Algumas poltronas, aqui e ali, estavam com forro branco no encosto de cabeça, com a marca Dove. Ades e Dove, da mesma Unilever. Mas justo no documentário sobre Milton Santos que questiona a democracia vazia de conteúdo, o consumismo, os efeitos perversos da globalização, as multinacionais e outros assuntos perturbadores? Não nos basta todo o assédio nas telas, nos congressos e nos papéis impressos? Agora temos que passar por isto também no cinema?
E voltando ao
Ades e outros suquinhos com apelos nutricionais, considero estas bebidas todas como a praga da modernidade. As empresas criam necessidades, fazem todo mundo crer que um suco de fruta natural pode ser perigoso, perde todas as vitaminas depois de pronto, que soja é bom para a saúde, que a bebida tal tem vitaminas, que a outra tem fibras e bla bla bla. Fazem acreditar que toda criança hoje precisa de suquinho de soja, beber todinho, iogurtezinho e outras tranqueiras. Parte da obesidade infantil se deve a isso (é claro, somado à inatividade). Ninguém quer mais saber de beber água para hidratar e matar a sede. É suco, de preferência doce, bem doce. E até a água agora passou a ser doce, com sabor. O refrigerante virou H2O.
As crianças são expostas desde muito cedo a aditivos artificiais e não se sabe muito ainda do que eles são capazes a longo prazo. Sem falar nos adoçantes. Acaba de ser publicado na
The Lancet deste mês o estudo de especialistas da Universidade de Southampton (Grã-Bretanha) que mostra uma associação positiva entre corantes e hiperatividade em crianças. Pelo menos começam a surgir agora alguns trabalhos sérios a este respeito. Os aditivos envolvidos no estudo são os que estão presentes na maioria dos produtos industrializados consumidos por crianças (e por todos nós): cor de amarelo crepúsculo (E110), carmim ou azorrubina (E122), amarelo tartrazina (E102), ponceau 4R (E124), amarelo quinoleína (E104) e vermelho 40 (E129), além do conservante benzoato de sódio.
Sobre o
Ades: só analisando as informações de rótulo dá para inferir que a quantidade de leite de soja usada em 200 ml deve equivaler a apenas 50 ml; é adoçado com mais ou menos 2 colheres (sopa) de açúcar; tem menos proteína que 2 tangerinas pequenas; as versões coloridas (uva, morango) levam corantes; o aroma é artificial e a quantidade de suco de fruta usada é menor que a de açúcar. É isto aí. Menos suquinho (e lixo) e mais fruta para a molecada. E água, muita água..
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