Comida Saudável
Almoço no quintal
Já reparou como a gente complica quando o assunto é reunir amigos para comemorar alguma coisa ou simplesmente para compartilhar momentos bons em volta de uma mesa? Desculpas não faltam. A casa não está apresentável, eu não sei cozinhar, fulano que cozinha bem vai reparar, eu não sei harmonizar o vinho, não tenho louças, tenho pouca cadeira, não tenho taças, não tenho grana, não tenho tempo e por aí vai. Opta-se, então, para reunir amigos num restaurante para comemorar o aniversário. Cada um paga o seu. Justo. Mas justa também fica a saia do amigo que não estava podendo gastar naquele momento. Nem todo mundo tem mesmo uma casa ampla com quintal para uma grande farra, mas sempre tem um amigo que tem. Se não, há tantas praças dando sopa por aí. Então toda desculpa, pra mim, é excesso de preciosismo. No fundo, o que todo mundo quer é estar junto, cozinhar, errar. Isto é que é gostoso.
O pessoal do aikido (Marcos é aikidoista) que o diga. Sempre dá um jeito de se reunir. E lutam aikido pensando na comida que vem depois. O exame de faixa de segundo Dan do Marcos foi no nosso sítio em Piracaia e depois da prova teve uma grande feijoada com todos os erros, acertos e confusões possíveis, mas todo mundo se divertiu e depois dos cinquenta a gente começa a se tratar também com mais generosidade, para de sofrer tanto quando as coisas não saem exatamente como se programa. Então, é a couve que era pra estar quentinha e ficou fria, o arroz que não ficou tão branquinho porque a convidada deixou um tico de alho queimar, a salada que vai pra mesa sem o molho etc. Mas quem liga? E se liga, e daí? Claro, quando a gente está pagando, tudo importa. Entre amigos que se gostam pode ser diferente.
Pois neste final de semana teve almoço na casa do Fernando, aquele do chutney de maracujá, que tem um grande quintal com uma parreira de maracujá, sob a qual fica a grande mesa emendada. Nestes almoços aparece toda a família. Mulher, marido, mãe, filhos. Tem arquiteto, advogado, psiquiatra, paisagista, dentista etc - e o Marcos otorrino, que recebeu o apelido de Doc. Fernando estava tão preocupado com a reunião em sua casa que o Sensei chegou, o guarda da rua disse que ele tinha dado uma saidinha, mas que podia entrar e usar a cozinha à vontade. Cheguei em seguida e começamos a cozinhar tomando um vinho que já estava aberto sobre a mesa. Dona Margarida, a mãe italiana do Sensei Eduardo, trouxe a massa feita por ela já sequinha e começou a descascar cebola, picar alho e reclamar do tomate que Fernando deixou sem pele. - Que tomate aguado, que tomate desbotado, o bom é o tomate italiano, vermelhinho. E não precisa tirar a pele, não.
Depois que a cozinha já estava cheia de gente espalhando comidas pela mesa, inventando outras, Fernando e Gilles, que também mora na casa, chegaram suados com suas bikes. Foram passear. Gilles, que é francês, fica meio atordoado com tanto conversê, mas também se diverte. Diz que este tipo de reunião seria impensável na França. Colhemos ervas no quintal, Fernando foi me mostrar o nabo negro que vai colher, montei um fogareiro no quintal pra fazer spatzle de capuchinha, um bolo de mandioca assava no forno e perfumava a cozinha envidraçada - Fernando fez usando a receita da minha amiga Silvinha que está aqui no Come-se. Sensei dourava as lulas, Ivan mostrava o novo molho de pimenta, Alexandre que não bebe nada tirou da sacola dois vinhos excelentes além de queijos, Chico trouxe salada, algum arteiro misturava pimentas aos pequenos tomates para confundir distraídos (e conseguiu), a disputa entre pimenteiros continua, as crianças conversam sobre fronteiras do Brasil, Henrique vegano faz berinjela ao forno com tofu, dona Margarida faz molho de tomate ignorando os pelados e usando os italianos trazidos para salada, reaquecemos o ragu do Fernando, é hora de cozinhar a massa e vamos comendo. Teve ainda bolo de aniversário para o Ivan e Roberta, cafezinho, moleza, louça pra lavar e marmitinhas pra levar embora.
Veja aí minhas fotos e do Marcos. Outras, mais profissas são as do Plínio e podem ser vistas no facebook dele, assim como um lindo vídeo com as crianças https://www.facebook.com/plinio.i.borges/media_set?set=a.10202044676622225.1345833513&type=3 |
Sem dúvida, é o Sensei o que mais trabalha. Cozinhando e lavando. Ele gosta! |
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Carol aprendendo a fazer spatzle. E Fernando esperando o molho |
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Carol aprendeu direitinho |
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Henrique ganhou spatzle vegano de mandioquinha - e inhame em vez de ovo |
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Tô ficando expert pra disputar com o vendedor de yakissoba na Paulista |
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Eles levam papo cabeça. A Clara também é aikidoista junto com os marmanjos |
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Dona Margarida, a mama do Sensei |
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Madonna! Che cazzo è questo pomodoro? |
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Bolo de mandioca. Ao fundo, mãe e filha do Chico |
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Bolo de mandioca da Silvinha feito pelo Fernando que incrementou com fava de baunilha e pedaços de mandioca pra enfeitar |
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Macarrão da mama Margarida |
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Fernando deixou uma mesa com tudo que poderíamos precisar |
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O nabo colhido no quintal |
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Fernando, o nabo e sua mãe Stela |
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O nabo é ardido que só (já mostrei um radis noir aqui) |
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As pimentinhas do meu quintal para os muito machos - e para os que foram enganados e meteram na boca como se fossem tomates |
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Estes tomates não foram aprovados pela dona Margarida. E o Fernando deixou todos pelados pra adiantar. - Não tiro a pele, não, obrigada! |
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O radis noir |
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