Comida Saudável
Ano de novo
Kátia e eu tomando coragem para passear no igarapé.
Demorei, mas voltei. Daqui pra frente, segue como dantes. Mas as viagens de fim de ano renderam. Primeiro porque fui ao Rio de Janeiro, treinei a cozinheira do meu cliente Filipe Miguez; comi no restaurante O Navegador, da minha amiga Teresa Corção - que, por sinal, recebe hoje Carlo Petrini do Slow Food; cozinhei camarões no apartamento da Nina Horta, onde fiquei hospedada; e joguei muita conversa fora tomando chope geladinho no bar da Adega do Cesare, com minha amiga carioca Kátia Brito. Depois fui à Ilha do Marajó, onde moram meus amigos Jerônima e Seu Brito, que têm lá uma pousada (Fazenda São Jerônimo). A Kátia é filha deles e também foi para o aniversário de 70 anos do pai. A festa teve direito a muito pato no tucupi e maniçoba, embalados por carimbó. Celso Fioravante, do Mapa das artes, é nosso amigo da PUC-SP e parece mais marajoara que qualquer nativo (basta dizer que vai pra lá 5 vezes por ano). Estar com ele, é diversão na certa. Bem, comi turu, mangaba, bacuri, frito do vaqueiro e despesquei curral para comer o peixe fresco. Depois, as delícias rurais em Fartura com a família. E, para terminar o ano, Gonçalves-MG, onde passei a virada com os amigos baianos Silvia Lopes, Claudia e Oswaldo Magalhães, além de Carmen Ávila, Mônica Manir e Carlos Colombo, amigos de sempre. Pelo jeito vou ter assunto para o próximo semestre inteiro (mas, perdoem-me se no trajeto tiver preguiça - e acontece).
E por falar em Natal e Ano Novo, estou quase assumindo que não gosto muito destas datas (olhe a dificuldade de sair de cima do muro e dizer de uma vez por todas: ?eu odeio natal e ano novo?!). Talvez as próximas passe-as num retiro -não precisa ser espiritual, basta que um dia passe atrás do outro, sem horários para se abraçar. Como estas aranhas de Fartura que dia após dia armam suas teias ao por do sol e as recolhem ao amanhecer depois de cumprida a jornada (são nossos bichinhos de estimação que nos protegem de pernilongos e bichinhos irritantes, cujo excesso faz de qualquer paisagem bucólica um lugar inviável).
De tudo o que li nestes últimos dias, entre retrospectivas, previsões e desejos, o que mais me pareceu sensato foi o texto de ontem do Roberto DaMatta, no Estadão. Quem quiser ler o texto todo - eu recomendo, está aqui . Por ora, apenas dois trechos. E faço as dele minhas palavras. Se é que ele não se ofende.
?...Do mesmo modo que os tempos nos obrigam não somente a comprar, mas sobretudo a comer, e comer pantagruelicamente, o bacalhau e a rabanada, é difícil trocar a exagero da demagogia autocongratulatória, pela sobriedade do ceticismo que fala das ausências?.
E mais:
?...desejo do fundo do meu coração, caro leitor, que 2008 seja um ano em que você não deixe ninguém cuidar de você. Que seja um ano no qual você seja cada vez mais responsável por sua vida e que, para tanto, tenha uma robusta e indestrutível saúde física e mental. Que você seja também desconfiado e, para tanto, leia mais livros, revistas e jornais, desligando a televisão de quando em vez. E que você possa introduzir na sua existência pessoal um lema básico da vida democrática: seja reivindicativo, denuncie mais, reclame e clame por seus direitos...?
Roberto DaMatta
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