Era uma vez de comer: uma caramboleira de Acrelândia
Comida Saudável

Era uma vez de comer: uma caramboleira de Acrelândia



Quanto vale uma árvore que produz todos os anos frutos doces e suculentos que alimentam a família e os vizinhos, nutrem e divertem? Uma árvore destas portentosas que fazem sombra, atraem pássaros e sustentam balanços não tem preço. Mas pra algumas pessoas não vale nada. Só serve é pra fazer sujeirada na calçada. Só presta é pra atrair mosquitos e moleques quebrando a cerca. Sucos, estrelinhas, alegrias, companhias?  Que nada, melhor o isolamento e o suco de pozinho. Às vezes a gente passa pelos lugares e se apega às pessoas mas  também à paisagem. Quando estive em Acrelândia, uma das árvores que me chamou a atenção foi a caramboleira da dona Edna. Os frutos reluziam como lanternas douradas em meio à folhagem verde e por isto Lúcia Guerra, que me ajudava nas oficinas, e eu resolvemos pedir um pouco para as aulas e para o piquenique.  Pode pegar quanto quiserem que aqui ninguém come. Mas e as meninas não gostam do suco? Não, elas gostam de suco pronto de pozinho. Então tá. 

No primeiro dia pegamos frutos pela cerca e colhemos da calçada. No segundo, me atrevi com consentimento a subir na árvore enquanto Lúcia ia recolhendo as que eu jogava de cima. Enchemos a sacola com as mais lindas e pesadas. Nunca tinha visto carambolas tão lindas. No caminho, meninos pediram algumas e se deliciaram. Foi a fruta que salvou nosso piquenique na praça, já que quase ninguém levou nada (diferente daquele último na escola). Fizemos suco amarelinho e saboroso e levamos as frutas lavadas numa cesta. As crianças se fartaram, se alegraram ao descobrir que fatiadas viravam estrelas, e todos os adultos aproveitaram. 

Mas os amigos da USP que estão lá novamente me escreveram e mandaram foto: 

"Neide, o pé de carambola deu lugar a um novo muro aqui no cruzamento da r. Rio de Janeiro com a r. Antonio Boa... a moca não gostava mesmo da árvore que fez a nossa alegria com tanto suco :(
Beijos com saudades,
Babi, Pablo e Rubem"

Pois é, atrás deste muro havia uma caramboleira. Estas fotos, nunca mais. Pelo menos o jambeiro e o coqueiro ainda resistem. Até quando? 

Aqui jaz uma caramboleira. Foto: Bárbara Lourenço





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