Cheguei ao Senegal há dois dias apenas e parece que estou há semanas num lugar diferente de tudo o que já vi. As experiências sensoriais são grandes demais para caber em poucas horas. E ainda tenho uma semana pela frente. Depois volto para Paris. Ainda não participamos do Forum Social Mundial (apenas da Marcha e de uma recepção agora há pouco) e parece que nossa apresentação não será como a ong Solidarité havia programado, por questões operacionais. Mas participaremos também de outra feira importante que acontece no mesmo momento, a Foire internationale de l´agriculture et des ressources animales - Fiara, que já visitamos ontem. Para mim, está ok, porque tenho aprendido muito sobre os hábitos culinários locais e trocado saberes com meus colegas cozinheiros/padeiros do mesmo grupo - duas mexicanas de vão fazer tortillas, dois franceses que vão fazer pães com vários tipos de farinha além do trigo, dois indianos que vão fazer chapatis de milhete e eu, beiju de tapioca. Vamos mostrar para algumas mulheres multiplicadoras nossas experiências. Conversamos em todas as línguas que cada um conhece e no final todo mundo se entende e se diverte. Não vou falar da cultura do Senegal, que você pode encontrar facilmente em qualquer guia, mas cito aqui apenas as comidas. A Fiara lembra um pouco a nossa de Agricultura Familiar, com muitos produtos locais. Fiquei particularmente impressionada com a variedade de cuscuz. Praticamente todo cereal ou alimento rico em amido pode virar cuscuz, que são os grãos reduzidos a bolinhas que, depois de hidratadas (se pré-cozidas) ou cozidas, ficam como uma farofa úmida. Ontem, no restaurante Le Point d´Interrogation, que serve comidas feitas com ingredientes locais (e que faz parte do Convívio Slow Food do Senegal), comemos um cuscuz de fonio com camarão e fiquei encantada com os grãos naturalmente miúdos - e tomei suco de baobá, gengibre e hibisco (hissap), muito típicos e encontrados em todos os lugares. Hoje comprei outro tipo de cuscuz vindo da Costa do Marfim, que é um cuscuz de mandioca - Attiéké. Há ainda muitos produtos do amendoim e também de baobá, como pó para suco e a polpa desidratada para comer como snacks. 












