Em compensação, pude participar de todo o congresso, desde segunda-feira - em alguns momentos tive que optar entre a sala principal e as mesas paralelas, que às vezes eram mais interessantes e propiciaram debates mais acalorados. Saí do congresso muito bem impressionada com as experiências apresentadas por colegas nutricionistas e profissionais de várias áreas. E também com as iniciativas públicas, que sem dúvida representam um avanço na questão do incentivo do consumo de frutas e hortaliças, além de promover um modelo mais sustentável para a produção destes alimentos, para que sejam bons, limpos e justos. Estavam lá, uma hora reunidos na mesma mesa, vários representantes do Governo Federal brasileiro, como o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Crispim Moreira, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Sávio Mendonça, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Patrícia Chaves Gentil, do Ministério da Saúde; Luiz Carlos Balcewicz, do Ministério do Meio Ambiente; Arnoldo Anacleto de Campos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Eliene Ferreira de Sousa do Ministério da Educação. Sobre o que cada um falou, melhor ver aqui. Para mim foi um alento conhecer melhor alguns projetos ministeriais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa de Orgânicos ou o Selo de Identificação da participação da agricultura familiar e ainda saber que agora crianças de escolas da rede pública poderão de fato se alimentar melhor, pelo menos enquanto estiverem na escola, com uma parte da alimentação composta por produtos da agricultura familiar (fato já amplamente notificado na imprensa e sobre o qual falo mais logo adiante). Além dos representantes do governo, Embrapa, Anvisa e outras organizações, estavam lá instituições privadas com suas experiências e sugestões de como fazer para aumentar o consumo de frutas e hortaliças que, no Brasil, todo mundo sabe, está muito abaixo do que seria o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (400 g por dia). É claro que se acaba discordando aqui e ali, ouvindo relatos que assombram, vendo pessoas que decepcionam, mas foi importante ver diferentes posições, como por exemplo sobre marketing de alimentos; saber que por trás da campanha milionária para se comer maçãs, alegando saudabilidade (estas produzidas extensivamente pelo agronegócio, que são colhidas em maio e abril e mantidas refrigeradas durante o ano todo), está a intenção de desovar o excesso de frutas; que quase metade do que é comercializado no Brasil é comandada por apenas três redes de supermercados; que ainda há algumas pessoas que condenam os alimentos orgânicos; lembrar que muita gente morre contaminada por agrotóxicos; que no Brasil ainda há muita fome e desnutrição; que tem gente que não tá nem aí, mas que também há muita gente que está - atuante, participativa, bem intencionada, competente. Ufa.