Comida Saudável
No meio da calçada tem um banquinho
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Banco providencial na calçada da casa da amiga Veronika |
Continuando o último post, falo agora do banco, que acabou ficando esquecido diante da minha indignação. Mas gostaria de homenagear este objeto de desejo das panturrilhas cansadas e símbolo mor do ócio criativo ou do descanso das mentes. É ele que suporta o peso do seu corpo com firmeza quando suas pernas cambaleantes pedem arrego ou simplesmente te acolhe quando quer ler um jornal, olhar para o horizonte, comer seu pão.
Às vezes Marcos e eu saímos para caminhar pelo nosso bairro. Na volta, sentimos falta de uma paragem aconchegante, um banco debaixo de uma árvore. Já reparou como São Paulo é carente de bancos? A maioria das praças do meu bairro não tem bancos. A praça que mostrei no último post possui um único banco, aquele banhado por óleo queimado.
Mas outro dia encontramos um banco na frente de uma casa. Coincidentemente é a casa dos nossos amigos Veronika e Ricardo, que não estavam. Mas todo mundo que passa por ali sente-se tentado a diminuir o ritmo, a se sentar, ficar um pouco em silêncio. São caminhantes, corredores, mães com seus bebês, adolescentes que vão namorar escondidos, andadores de skate e lá um andarilho ou outro. E a casa está sempre de portas e janelas abertas, o sol batendo na terra do jardim, o carro tomando o mesmo sol na lataria, crianças balançando em cordas sob a amendoeira e um entra e sai de amigos a toda hora. E se todo mundo que tivesse uma calçada larga a gramasse, colocasse um banco e saísse para a rua? Ou botasse uma cadeira de praia na calçada, saísse com seu livro e seu cachorro (como esta vizinha da foto abaixo), pronta para uma conversa com estranho? Será que não teríamos uma cidade mais gentil, civilizada, humanizada? E se lançássemos um movimento do tipo "cadeira na calçada" e fizéssemos como ainda se faz em Belém ou em tantas outras cidades? Será que pegaria? Às vezes acho que sonho demais, mas sei que não estou só.
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