Um banquinho limpo pra se sentar
Comida Saudável

Um banquinho limpo pra se sentar


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Amanda sentada no banco agora limpo
? Continuando e terminando o post do banquinho (ali e aqui). Embora eu possa dar a entender o contrário, não sou o tipo de pessoa engajada, que articula, que faz acontecer. Tudo em mim é muito devagar, tudo em mim conflui para um trabalho solitário e lento ainda que o resultado dele tenha a pretensão de atingir muita gente. Este não é o jeito certo de se trabalhar pelo bem comum, mas é o meu jeito. Acabo acreditando que uma pequena ação pode atrair e motivar outras pessoas mais aptas para um trabalho coletivo e político.  Gosto dos bastidores.

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Removedor, gazolina, água quente, sabão em pó, nada adiantou. Mas um pedaço de tijolo e muita força no braço limpou

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Redenção: até o próprio guarda que sujou o banco ajudou. Foi buscar mais água, trouxe gasolina, arrumou saco para o entulho
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No sábado chamei apenas minha vizinha Ana para irmos lavar aquele banco. Fui a um piquenique de manhã e à tarde estávamos lá com balde, escovas, água, sabão. Zé Antônio, marido da Ana, também foi. Marcos estava num evento do Aikido em Mogi e fez falta.  A camada de gordura sebosa era tanta que a água escorreu sem que o sabão espumasse. Jogamos querosene para dissolver e nada.  Muito braço na escovação e nada. Aí apareceu o guarda, autor da arte, que disse que não poderíamos limpar em um dia o banco que ele demorou quatro meses para deixar naquele estado lastimável. Até pó de vidro e graxa ele admitiu ter jogado. Pois teimamos que só sairíamos dali quando o banco estivesse em condições de ser usado. Ele aderiu à causa e foi buscar gasolina para tentar dissolver o óleo. Não adiantou. Outra vizinha e amiga, a Rose, mãe da Amanda, apareceu com uma chaleira de água fervente. Também não funcionou.  O que mais deu certo foi usar o efeito abrasivo de um pedaço de tijolo.

Saímos de lá com os braços doendo, mas valeu a pena.  No final, enxaguamos, molhamos as marias-sem-vergonha e os coleus e fomos nos ocupar de um monte de terra que alguém jogou há tempos na calçada e ali ficou atrapalhando a passagem.

O marido da Rose também veio ajudar no enxadão, mas o sol era tanto que deixamos o resto para depois. Parou para conversar o Camelo, treinador de corrida, que se animou com a ideia de fazermos marcação de distância em toda a volta da praça para estimular caminhantes e corredores.  O menino Daniel, que vive andando de bike pela rua, gostou da ideia de fazermos piquenique ali e já quis que eu marcasse uma data, segundo ele, pra se organizar. Que tal amanhã?  perguntei.  Ele topou e eu pensei, e agora? Só eu e a Dendê?
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Dendê estava animadíssima pra ir à praça. Chegamos e ficamos ali sozinhas. Logo apareceram a Rose e a Amanda, depois o Daniel e sua bike
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Não foi exatamente um piquenique, mas peguei minha toalha, o jornal, uma garrafa de chá e um bolo de chocolate e fui pra praça no domingo de manhã. A Dendê e eu, apenas. O Marcos novamente fez falta. Ficamos lá olhando de um lado pro outro, até que apareceram a Rose e a Amanda com um pouco de uvas e logo depois o Daniel com sua bicicleta.

 

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Depois ainda ficamos um tempo no banco. Parava um e conversava, depois outro, e assim fomos ficando plantando sementes. Em comum todos tem o desejo de usufruir mais do espaço público, de ocupar as ruas, de conhecer seus vizinhos. Então, é só começar ainda que seja devagarinho sem grandes movimentações. Aos poucos, os que pensam igual vão se juntando.

E chega de falar de bancos e espaços públicos. Voltemos no próximo post à solidão da cozinha privada.




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