Comida Saudável
Pirinópolis, catolés e caramoelas
Excesso de bagagem: frutos de baru, chuchus pra plantar, biscoitos de queijo, doce de leite na lata, mané-pelado, marmelada de santa luzia, pequi em conserva, compota de cajuzinho do cerrado, frutas cristalizadas, castanhas de baru, queijo branco, requeijão moreno, geleia de cagaita, geleia de hibisco, cará-moela, cúrcuma, cebolinha branca, semente de quiabo, de alfavaca, feijão guandu, muda de cará-de-espinho e um pilão duplo e pesado. Fora as ovas de curimatã que ganhei da Adriana, de Natal, e caju-passa, presente da Irineide, de Recife. Que eu me lembre. Com excesso de bagagem, cheguei ontem de Pirenópolis - GO, a terra do empadão e da pamonha, onde líderes de convívios brasileiros do Slow Food se reuniram para discutir assuntos como Arca do Gosto, Fortalezas e Terra Madre. Graças ao apoio do IMCA (Instituto Morro da Cutia). A escolha do lugar foi estratégica já que poderíamos ser recepcionados pelo Convívio local e ainda conhecer a Fortaleza do Baru, ali perto. Não deu tempo de fazer trilhas nem visitar cachoeiras, porque a programação de reuniões foi intensa, com discusões às vezes acaloradas. Mas no final o que fica é o calor do encontro de pessoas unidas por um ideal (aquela coisa do Slow Food - comida boa, limpa, justa). Apesar do aperto, quem não foi pra gandaia na rua do lazer no sábado à noite ainda conseguiu acordar cedo e pegar a feira-livre de domingo, com produtos locais, antes de subir no ônibus para a visita programada para 8 horas da matina.
Na feira: palmitos guerobas, leite cru, jurubebas, cará-moela, ovos caipiras Na pousada: queijo com rapadura
Segundo a cozinheira Nadja, as almôndegas são chamadas por lá de armoncas. Estas, minis, com molho de goiaba, estavam muito boas.
Quando não se está discutindo rabos da reunião, o assunto preferido dessa turma, advinhe qual é. Comida, claro. Tem gente de tudo quanto é lugar do Brasil e o que mais me empolga são as diferenças regionais que aparecem a todo momento. Basta alguém pegar um limão que já aparece um repertório enorme de nomes. Na minha terra este limão se chama galego. Não, é limão-china. Que nada, lá onde moro é limão comum. Imagine, na minha cidade, é limão bergamota. Sem certo nem errado, assim vai. Aguarde filminho sobre isto. No domingo fomos ainda conhecer a Associação de Desenvolvimento Comunitário do Caxambu, da Fortaleza do Baru, uma comunidade de agricultura famíliar que beneficia o baru e cultiva vários outros alimentos seguindo um modelo agroecológico. Fomos pra roça, andamos no mato e almoçamos frango caipira e outras delícias. Trouxe de lá sementes de feijões guandus de cores variadas, milhos crioulos, quiabos nativos, hibiscos vermelhos e rosados, raiz de cará de espinho etc. Mas também deixei em troca alguns feijões - levei minha caixinha de amostras e havia nela muitas variedades não existentes por ali. Na Pousada Mandala nossos almoços e jantares foram preparados por dois cozinheiros talentosos do Convívio de Pirenópolis: a Nadja Nairas e o Sebastião Maria de Sá, que nos mimaram com angu de milho verde; paçoca de carne seca com baru; risoto goiano - com pequi, linguiça, guariroba e cúrcuma; doce de laranja da terra; caldinhos de feijão e de abóbora e pratos que estimulavam o repeteco. Mas o café da manhã e os lanchinhos não ficavam atrás - todos incrementados com ingredientes locais. Comida boa também comemos no Dom Francisco, restaurante do Francisco Ansiliero, líder do Convívio de Brasília. Em Pirenópolis, a feira chamou minha atenção a quantidade de jurubeba que tem pra vender em várias bancas. E pelas garrafas de leite cru, pelo requeijão moreno, o frango caipira, os palmitos catolés e também os guerobas enormes. Bem, agora preciso dar conta daquela mesa de coisas. Se quiser ver mais fotos, aqui estão:
No Restaurante Dom Francisco Fotos da Fortaleza do Baru
Fotos da cidade de Pirinópolis
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