Porto Alegre, parte 3- Noite do waffeln
Comida Saudável

Porto Alegre, parte 3- Noite do waffeln




Rui ficou no comando da coisa. Virar esta waffelnphane é uma arte. Vou ganhar uma antiguinha, direto de Santa Rosa - RS
Não estava no programa, nem sou ou não era tão fã assim de waffeln, mas virou a sensação da viagem a Porto Alegre. Depois de um city tour pela cidade, voltamos já sabendo que teríamos waffles (é com esta grafia, em inglês, que o conhecemos por aqui, uáfols; há algum termo para ele em português?). Bem, mas como o Rui Gassen é filho de alemães; a receita é da avó e a waffelphanne (frigideira de ferro para ser apoiada num fogão de lenha ou braseiro) era da bisavó dele, chamaremos estas panquecas macias, quadriculadas em molde de coração, pelo seu nome germânico waffeln. A noite estava fria, porém seca, de modo que Rui colocou um fogãozinho de ferro no quintal, em frente ao atelier, junto a um laguinho com peixes e ninféias, rodeado de papiros e comedores para pássaros. Era só para ser um lugar aberto onde o waffeln seria feito, por causa da fumaça. O plano era comer dentro de casa, à mesa. Mas o cheiro da lenha que veio de Santa Rosa (a mãe do Rui manda lenha do sítio de vez em quando) e a aura quente do fogo fizeram com que fôssemos puxando cadeiras ao redor do fogão e por ali ficamos até chegarem os bocejos insistentes e não haver mais wafflen, que mal ficava pronto era devorado com queijo quark, nata, manteiga, doce de leite uruguaio, geléia de laranja da minha mãe e chimia feita pela Mariângela com laranjinha kinkan do quintal - é assim que chamam por lá as geléias feitas com pedaços ou casca das frutas ? ela me prometeu a receita. Chimia, aportuguesado do alemão schimier. A atração era virar com destreza a waffelphane, empurrando-a com um ferrinho para baixo a fim de cozinhar do outro lado. A frigideira apresenta uma trava que impede que se abra na virada. Tem que empurrar rápido para fazer a volta de 180 graus sem deixar a frigideira emperrar.

Aqui a receitinha original da avó do Rui:


Waffeln da avó do Rui Gassen

3 copos americanos de farinha de trigo
6 colheres (chá) de pó royal
4 colheres (sopa) de manteiga
1 colher (chá) de sal
2 copos de leite
4 ovos
7 colheres (sopa) de açúcar
Pitada de baunilha
É só misturar tudo na batedeira. Mas Mariângela bateu os ovos com o açúcar até ficarem volumosos e depois foi juntando os outros ingredientes aos poucos e alternadamente. Também diminuiu o fermento químico pela metade. Reduziu ainda um pouco o açúcar. E deu muito certo. Depois foi só aquecer no fogão de lenha a waffelphane, untá-la com óleo (depois da primeira vez, não precisa mais ? só se começar a grudar), despejar uma conchada de massa e assar dos dois lados.
O sabor, a maciez e a casquinha ligeiramente crocante não se comparam aos waffles feitos em forma elétrica. Virei fã. Não sei quanto rendeu, porque ninguém esperou para contar. Como podem ver, também não me preocupei em salvar algum para foto. Teria ficado lindo com a nata densa e as geléias coloridas. O que fizemos foi registrar o momento da melhor forma, que é a lembrança.


Chegou ainda a vizinha Madalena com uma sacola de carambolas do sítio e ficamos ali comendo waffeln, olhando o fogo, rindo de nós mesmos, ouvindo Bach e músicas gaúchas, tomando chazinho na cerâmica do Rui. Noite memorável. Como se conclui no filme Na Natureza Selvagem, a felicidade para ser completa tem que ser compartilhada.




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