Comida Saudável
Quantas fatias rende um limão galego? E o limão-pepino?
Hoje, entre as cartas de leitor do caderno Agrícola do Estadão há uma, do Victor Cavagnari Filho, em que ele diz sentir falta de um limão que conheceu na década de 40 chamado limão pele-de-moça. Diz que era amarelado, tinha casca fina, formato ovalado e um perfume agradável. Um pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) responde que no Banco Ativo de Germoplasma de Citros, do próprio IAC, há pelo menos um acesso desta fruta, mas que se trata de uma laranja (e doce, pelo que pesquisei). Talvez não estejam falando da mesma coisa, já que no Brasil só chamamos de limão os cítricos ácidos. De qualquer forma, se alguém tiver informações deste tipo de limão, escreva para o Victor ([email protected]). Mas a matéria me fez lembrar dos limões-pepinos que ganhei há algum tempo do Edilson, da Ciprest Mudas de Plantas (www.ciprest.com.br - Tel. 19-3451-5824 / 9144-7580). Parece que ainda era novidade, o Edilson o chamava de galego-comprido ou galego-pepino. Talvez seja alguma mutação, resultado de melhoramento ou mesmo alguma variedade perdida agora resgatada. Ainda não sei. Aliás, o próprio galego anda sumido, dizem, por causa da baixa resistência ao cancro cítrico. Bem, o nome varia de acordo com a região, veja este vídeo - há quem o chame de limão comum e há quem diga que o galego é o rosa e por aí vai, mas o nome mais popular é mesmo galego.
O perfume do galego é totalmente diferente do taiti, do rosa e do siciliano. A casca é muito aromática e na caipiirinha é imbatível. Achei o limão-pepino muito parecido. O diferencial é o formato comprido. Se do limão galego esférico tiramos umas cinco fatias, o pepino rende bem umas dez fatias e isto pode significar algum ganho de tempo, especialmente em bares e restaurantes. Sobre o limão galego Como já disse, a baixa resistência ao cancro cítrico fez com que seu cultivo diminuísse muito e chegasse até a ser proibido há alguns anos. Hoje não chega a ser proibido, mas tampouco é recomendado em pomares domésticos. E há algumas regras sanitárias a serem seguidas pelos produtores de mudas para evitar a propagação de doenças. Por causa dessa suscetibilidade, o cultivo comercial dessa espécie vem perdendo importância pouco a pouco e a tradicional caipirinha de limão galego vem cedendo lugar àquelas feitas com limão siciliano e, especialmente, o Taiti, mais farto. A gente percebe isto nos bares. Ou estou enganada? Do ponto de vista botânico, o limão galego é uma lima (Citrus aurantifolia) e não um limão, pois das espécies mais comuns conhecidas no Brasil, apenas o siciliano é um autêntico limão. Os outros ou são lima (galego e taiti), ou variedades de tangerina azeda, como é o caso do limão rosa. Mas, se no Brasil chamamos de limão todos os cítricos ácidos, o mesmo não ocorre em outros países. O limão de verdade, que chamamos de limão siciliano, tem nome de zitrone em alemão, limón em espanhol, citron em francês, lemon em inglês e limone em italiano, enquanto o limão galego em árabe é limah, em chinês é lai meng e, em inglês, é lime, acid lime, west indian lime ou sour lime. Já em francês é limette acide e, em espanhol, pode ser lima boba, lima chica ou lima ácida. No Brasil, ele é conhecido também como limão branco ou limão miúdo.
Essa espécie, nativa da Indo-malasia, era desconhecida na Europa antes das Cruzadas. Foi levada para norte da África e Oriente Próximo pelos árabes e da Palestina à Europa Mediterrânea, pelos cruzados. Em meados do século 13, ela era cultivada e já bem conhecida na Itália e provavelmente também na França.
A planta é uma árvore de pequeno porte, que alcança de 2 a 4 metros de altura, com crescimento rápido e ramos espinhosos. As folhas são bastante aromáticas por apresentarem várias glândulas oleíferas e o fruto pequeno, com cerca de três centímetros de diâmetro, pode ser esférico ou ovalado. Quando imaturo, é verde-escuro e brilhante, mas quando amadurece ganha tonalidade amarela, a casca torna-se mais fina, lisa e com menos brilho e a polpa torna-se verde claro e amarelado, suculenta, ácida e muito saborosa.
Embora não seja exatamente um limão, tem propriedade nutricionais muito semelhantes e na culinária, eventualmente, um pode substituir o outro em pratos de peixes e frutos do mar, carne de porco, sucos, cremes, molhos, recheios, sorvetes, bolos, musses etc. E a casca é tempero e pode virar doce como aquela compota das cumbuquinhas que são recheadas com doce de leite lá em Minas ou em Goiás - um pecado!
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