Trapoeraba. Se não pode com ela, coma-a
Comida Saudável

Trapoeraba. Se não pode com ela, coma-a


As florezinhas azuis são comestíveis e vão pra salada
Aos poucos ela vai tomando seu jardim, sua horta, seus canteiros. Rasteja tateando paredes para se encostar ereta, se aloja numa sombra e pela manhã de sol tenta te cativar com lindas florezinhas azuis. Na lavoura a tática não funciona e a danada ou daninha é combatida ferozmente com herbicidas de guerra. Nem assim esmorece, afinal tem bainhas que lhe protege os brotos, tem sementes subterrâneas em flores modificadas e rizomas que se arrastam protegidos abaixo da superfície, mecanismos para garantir sobrevivências nas adversidades. Por isto é chamada de praga e das mais difíceis de se eliminar.
No jardim, se você descuida ela toma tudo. Mas quem tem boca não dorme no ponto, pois embora suas fohas não sejam tão apetecíveis como beldroegas e carurus, na panela é uma surpresa agradável. Ela amacia rapidamente com um leve refogar e libera um aroma bom que lembra o de ora-pro-nobis e outras folhas verdes boas de comer. A textura é bem macia, quase cremosa - no arroz, crua na salada, ou simplesmente assustada no azeite quente com cebola e alho. Depois de cozidas, as folhas podem virar bolinhos, fritadas, suflês ou ingrediente para pães e tortas.
Aqui, quase sufocando o jambu
A planta: originária da América Central, a Commelina erecta L. pode ser chamada também de capoeraba, andaca, santa-luzia ou erva-de-santa luzia. Outra variedade de trapoeraba, só que com flores brancas, a Tradescantia fluminensis também é comestível. Talos jovens, folhas, flores e até raízes são comestíveis. Na tese do biólogo Valdely Kinupp, Plantas alimentícias não convencionais da região metropolitana de Porto Alegre - RS, há um tópico falando da planta, histórico de uso na cozinha e de suas potencialidades como planta forrageira e alimento para suínos, aves, coelhos, porquinhos-da-índia, capivaras e outros animais de cativeiro ou domesticados como nós, seres bem humanos.
Refogado no azeite/ banha ou óleo com alho e cebola - um jeito prático, barato e eficiente de se preparar a maioria das verduras sem disfarces

No arroz não tem erro. É só preparar do jeito clássico, refogando alho e/ou cebola antes de juntar o arroz com as folhas. Nos dois casos, usei 1 xícara de verdura para 1 de arroz. No primeiro, também tomate e no segundo feijão fradinho pré-cozido, cenoura, pimenta e cúrcuma




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