Uma pata, um ovo, um pudim na cuscuzeira
Comida Saudável

Uma pata, um ovo, um pudim na cuscuzeira




Minha mãe trouxe do sítio quatro ovos de pata. Queria fazer com eles algo especial, mas não aconteceu. Quando me dei conta, um já tinha ido pra frigideira, o segundo, para uma massa de pão e outro virou mexido. Claro, tudo especial, mas, a não ser pelo tamanho - quase o dobro de um ovo de galinha, quase não se notaram diferenças. Tampouco senti qualquer quê de patoso no pudim que resolvi fazer na cuscuzeira para testar o cozimento no vapor.
No vapor: a verdade é que tudo começou porque quis testar minha iogurteira, que só tenho para ocupar lugar, já que prefiro fazer e tomar kefir no dia-a-dia e ele não precisa de temperatura controlada nem nada. Da última vez que usei para fazer iogurte, achei que ela estava desajustada, aquecendo demais e o iogurte nem ficou bom. Então fiquei pensando que talvez ela devesse ganhar uma outra utilidade. Quem sabe para fazer pudim? Talvez aquela temperatura fosse suficiente para coagular as proteínas do ovo. Qual nada. Depois de seis horas a mistura de leite, ovos e açúcar, estava na mesma. E definitivamente eu não estava a fim de fazer pudim cozido à baixa temperatura por longas horas. Queria descobrir alguma praticidade naquilo, só isso.
Posso não ter descoberto uma utilidade para a quentura destemperada do aparelho, mas à certa altura os copinhos me pareceram perfeitos para cozinhar pudim na minha cuscuzeira gigante, porque eles já vêm com tampa de plástico resistente à temperatura do vapor e que não precisa entrar em contato com a mistura. Acho que no forno não suportariam.
Deu tão certo que já repeti três vezes. O bom de não ceder à pressão do leite condensado é que você pode continuar fazendo seu pudinzinho de leite como sua tetravó fazia com quantos ovos quiser ou tiver, ajustando o leite e controlando o açúcar ao seu gosto, afinal não é o leite nem o açúcar que conferem a estrutura do pudim, mas sim as claras coaguladas com ajuda das gemas que dão a cremosidade.
Um só ovo: e é aqui que volta aquele ovo da pata que deu título ao post. Resolvi dar um fim digno ao último ovo. Difícil de quebrar, com casca firme e gema densa, aquele único ovo rendeu pudim para três porções pequenas. No vapor, rapidamente estavam cozidos e puderam ser resfriados e desenformados em pouco tempo. Bom para famílias pequenas, para matar o desejo, para não se lambuzar de açúcar e para não comer demais.

Pudim de leite com um ovo de pata
Para o caramelo
3 colheres (sopa) de açúcar e 3 colheres (sopa) de água

Para o pudim
1 ovo de pata *
3/4 de xícara de leite integral (180 ml) (que pode ter sido fervido com amburana, favas de baunilha, manjericão-anis, etc - eu apenas juntei raspinhas de limão)
2 colheres (rasas, sempre rasas aqui no come-se) de açúcar
Faça o caramelo: numa panela pequena coloque o açúcar e leve ao fogo, mexendo eventualmente, até formar um caramelo. Junte a água de uma só vez e deixe derreter os torrões e formar uma calda com consistência de xarope denso. Se precisar, junte mais água. Distribua um pouco em cada copinho ou forminha de pudim, espalhando bem no fundo. Espere amornar.

Para o pudim: misture bem todos os ingredientes só até formar um líquido homogêneo (pode usar mixer, liquidificador, bater com garfo ou simplesmente passar inúmeras vezes por peneira). Despeje sobre o caramelo, tampe bem e cozinhe na cuscuzeira, com água fervendo na parte de baixo, por cerca de 15 minutos em fogo alto (vai criar mais furinhos) ou 25 minutos em fogo baixo (vai resultar numa textura mais lisa). Se quiser assar no forno, em banho-maria, faça como este pudim com priprioca.
Rende: 3 porções
* se não tiver ovo de pata, use 2 ovos de galinha para 250 ml de leite e de 2 a 4 colheres (sopa) de açúcar. Se fizer como eu, na cuscuzeira, os pudinzinhos têm que ser cobertos, seja em potes tampados ou cobertos com papel alumínio - do contrário se encherão de água. Em banho-maria, no forno, podem ficar sem cobertura, que não haverá grande prejuízo.
Furinhos ou não: não importa se bateu no liquidificador ou não; os furinhos serão formados em maior quantidade quanto mais alta for a temperatura usada para cozinhar o pudim. O da esquerda, de ovos de galinha, foi cozido no vapor, em fogo baixo, por 25 minutos. O da direita, com ovo de pata, foi cozido no vapor, fogo alto, por 15 minutos. Particularmente gosto dos dois tipos.

Quando o pudim está pronto, a mistura fica coagulada por igual, como uma gelatina. No vapor é mais fácil de perceber. A mistura do pudim da esquerda (na cuscuzeira), foi batida no liquidificador e ainda assim ficou com textura mais lisa. O da direita, com mais furinho, não foi batida mas passada por peneira e cozinhou em fogo alto. O que faz nascer furinho é a alta temperatura.




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