Comida Saudável
Como tornar os médicos irrelevantes
Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.
por Daniela Drake
Quando a Dra. Terry Wahls aceitou seu novo cargo como Chefe de Cuidados Primários no Centro Médico de Iowa, ela nunca poderia ter imaginado que a sua esclerose múltipla (EM) estaria tão ruim dentro de alguns anos que ela iria passar a maior parte do tempo em uma cadeira de rodas inclinável. E como médica convencional, ela também nunca teria imaginado que uma nutrição otimizada - e não medicamentos - seriam a chave para sair da cadeira e tomar sua vida de volta.
A experiência da Dra. Wahls, que ela reconta em seu novo livro, O protocolo Wahls, é uma história de coragem e determinação merecedora de um grande filme - um que também nos ensina o motivo de o nosso sistema de saúde falhar com tantos pacientes.
À medida que expandimos o nosso sistema atual, os formuladores de políticas parecem ter tomado por certo que os cuidados americanos com a saúde - quando você pode pagar por eles - é o melhor do mundo. Isso pode ser verdade para cirurgias ou cuidados de emergência. Mas com o foco de gerenciar - não de curar - doenças crônicas, muitos médicos sérios sabem que pacientes cronicamente doentes não ficam melhores - eles ficam medicados.
De fato, pelos padrões convencionais, a Dra. Wahls recebeu excelentes cuidados médicos. Ela tinha médicos simpáticos que prescreveram as drogas mais modernas. Tais drogas custam perto de $5,000/semana mas são apenas marginalmente efeitvas. "Estudos mostram que esses medicamentos reduzem recaídas agudas, mas não afetam o tempo de cadeira de rodas", me disse a Dra. Wahls. "E alguns medicamentos pode ter efeitos colaterais. Mas pacientes vão tomar algo que os faz sentirem-se pior hoje, porque estão apavorados sobre ficarem presos à cama e dementes amanhã".
Apesar dos cuidados excelentes, a Dra. Wahls ficou progressivamente incapacitada. Sem outros medicamentos restantes para tentar, o seu médico recomendou que ela olhasse tratamentos alternativos que se centrassem na dieta. E foi quando a Dra. Wahls descobriu que vitaminas e outros suplementos conseguiam retardar o declínio neurológico em animais de laboratório. Logo ela percebeu algo que parece óbvio em retrospecto. "Toda doença inicia-se no nível celular", ela diz. "Quando as células ficam sem a matéria prima que precisam - a doença começa".
Isso tem grandes implicações para o sistema de cuidados de saúde americano, que muitos críticos com razão apelidaram de “sistema de cuidados com doença”. "Não estamos contando aos pacientes a verdade - que medicamentos não vão te deixar bem", diz a Dra. Wahls. Pacientes com múltiplos problemas médicos, que se veem na cozinha engolindo comprimido após comprimido, provavelmente fazem idéia do que ela está falando. "A vida é a química que se auto-corrige", diz a Dra. Wahls. "Se corrigirmos a nutrição, esta é a maneira real de endereçar a causa raiz da maioria das doenças".
Então a Dra. Wahls desenvolveu uma dieta que iria prover a matéria-prima que suas células estragadas precisavam. É uma dieta paleo modificada que abrange 9 xícaras de legumes/verduras por dia - com bastante carne, peixe, vísceras, castanhas, sementes, frutas vermelhas e quantidades adequadas de boas gorduras - e ela provê muito mais que as recomendações diárias para os 31 nutrientes-chave para o cérebro. Com tal dieta e fisioterapia, ela logo começou a melhorar. E após seis meses, foi capaz de andar de bicicleta - algo que ela não tinha sido capaz de fazer por uma década.
Agora ela está conduzindo ensaios clinicos em pacientes de EM para provar que isso não foi uma farsa, e os estudos estão indo muito bem. Além disso, ela usa uma abordagem nutricional no hospital, com seus pacientes de dano cerebral traumático, bem como naqueles em sua clínca. Ela reporta que todos os tipos de pessoa melhoram - mesmo aqueles com condições difíceis de tratar, como Parkinson, fibromialgia, obesidade e outras condições autoimunes. "A primeira coisa que acontece [aos pacientes da minha clínica] é que eles tem a dor diminuída, mais clareza mental e mais energia", diz a Dra. Wahls. "As mulheres dizem que o peso está caindo e os homens dizem que suas vidas amorosas estão melhor".
Considere ainda os nossos tratamentos convencionais para tais condições. Nossa únca solução significativa para a obesidade tem sido a invasiva cirurgia bariátrica; e para condições como impotência - prover bombas penianas caras e testosterona. Ninguém que já pensou seriamente nessa situação pode honestamente argumentar que expandir o modelo corrente vai economizar dinheiro ou melhorar a saúde da nação.
Mas vai ser difícil mudar o nosso paradigma médico. A própria Dra. Wahls foi quase completamente incapacitada antes de aceitar que a abordagem convencional não era a resposta. Ela estava pesquisando as mais modernas, experimentais e possivelmente tóxicas drogas antes de considerar voltar ao básico. Parece uma metáfora para muito do que está errado na nossa visão da medicina atual: acreditar que há uma solução tecnológica - mesmo futurística - "de cima para baixo", para os nossos problemas - tanto para doenças individuais quanto para o sistema de saúde americano inteiro.
Apesar de frequentemente demonizados pela mídia como obstruindo a reforma médica, muitos doutores estão clamando por mudança. Eles tem trabalhado duro e não veem as pessoas melhorarem, e não estão felizes em prescrever medicamentos que podem fazer mais mal que bem. Há um movimento popular de médicos deixando a prática convencional e adentrando as medicinas do estilo de vida, alternativa, ou functional - especialidades que buscam pela causa subjacente da doença crônica - e muito do seu trabalho começa com a restauração da boa nutrição.
A Dra. Wahls acredita que algum dia prescreve dietoterapia vai ser parte dos nossos protocolos médicos. Mas até que o resto da comunidade médica resolva aderir, ela ainda tem esperança. "Eu vejo o público como sendo aderente precoce a isso - e eles vão tornar os médicos irrelevantes". No fim das contas, diz a Dra. Wahls, "Criar saúde resume-se à comida que comemos e como escolhemos viver nossas vidas".
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