Andando por ai. Hoja santa, capeba, caapeba, na Lapa
Comida Saudável

Andando por ai. Hoja santa, capeba, caapeba, na Lapa


Toda vez que tenho que sair de casa para algum trabalho ou reunião, já aproveito para resolver outras coisas e vou com aquela sensação de que deixo em casa muita coisa por fazer e de descrença no aproveitamento de muitas preciosas horas que vão escoar improdutivas no deslocamento pra lá e pra cá.
Nada é tão fácil nesta cidade. Sem falar que quem trabalha em casa e não tem rotina pra sair todos os dias gasta muito mais tempo no preparo da saída pois lembra que tem base velha na unha que não foi lixada, que as bolsas desarrumadas precisam ser resumidas, que não carregou o celular e muitas coisas mais que o costume do dia-a-dia teria agilizado. E de fato gasto o dia todo.
Mas, não sei se por milagre ou boa vontade, apesar do cansaço, volto motivada por ter descoberto alguma coisa nova e por ter aproveitado o tempo mais do que imaginei.
Primeiro, porque em casa quase nunca tenho sossego para ler várias páginas de um livro numa só tacada, coisa que acontece no trem. Depois, porque a cada saída não rotineira observam-se elementos que no dia-a-dia passam despercebidos.
Por exemplo, hoje voltando de uma reunião, aproveitei para passar na Abril e tomar um café com a amiga Kátia. Na estação Pinheiros, resolvi entrar no Acessa São Paulo, onde se pode acessar a internet de graça por meia hora mediante cadastro que vale para várias outras estações. Agora sei que poderei aproveitar o tempo nas estações respondendo algum email quando vejo que o meu trem acabou de passar e terei que esperar alguns minutos pelo próximo - em 10 minutos se resolve bastante coisa.
Antes disso, porém, me distraí lendo e passei do ponto - tive que descer na estação cidade universitária e voltar. Perda de tempo? Nem tanto, afinal descobri ali um lindo pé de tangerina já carregado de frutinhas. E daí tive algumas ideias. Pode isto não ter importância alguma para a maioria das pessoas, mas para mim salva o dia.
Hoja Santa: depois de passar no mercado da Lapa e vir a pé para casa, pelo caminho de sempre e passando pelas espécies vegetais cuja localização já conheço de cor, me deparei com um pé de caapeba, capeba ou hoja santa dos mexicanos.
Quando o chef Alejando Ruiz esteve em São Paulo eu o guiei no mercado da Lapa e ele ficou surpreso quando mostrei que ali, na banca de ervas medicinais, havia epazote e hoja santa (erva-de-santa-maria ou mastruz e caapeba). Por aqui, usamos mais como medicamento, mas no México ela é usada como tempero para tamales, guiso, pozóle além de envolturas para queijo oaxaca, para peixes e tamales.
É uma piperácea, como a pimenta-do-reino, então sua folha é rica em óleos essenciais que pode lembrar uma combinação de temperos. Imagino que a variedade mexicana seja muito mais perfumada e maior, mas a nossa também é gostosa. Tanto que arranquei um galho para plantar, com algumas folhas, e de pedacinho em pedacinho comi duas folhas grandes no caminho. O bom é que sei agora onde está o pezinho, no fim da rua Albion, e sei que é uma planta perene, de modo que voltarei depois para buscar mais e mostrar como se prepara. Agora o dia acabou.

Ah, outra novidade foi descobrir, depois de 13 anos que moro aqui, uma casa quase igualzinha à minha, incluindo a cor amarela e janelas brancas com tela de mosquiteiro, apenas 16 casas distante (a da direita, num detalhe de uma foto da minha amiga Inês Correa). Isto prova que tenho que observar mais não só as espécies vegetais mas também as materiais.




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