Comida Saudável
Dão ou jujuba
Todo ano, sempre nesta época, vejo nas lojas de produtos orientais do bairro da Liberdade pacotes com estas frutas verdes. Não sei porque mas nunca tive curiosidade de experimentar. Talvez por não gostar muito de aroma artificial de maçã verde, que nada tem a ver com a fruta original que tem um bom perfume - é que vejo a fruta, lembro do cheiro enjoativo e acabo desviando o olhar. Mas desta vez estava com a Carol e o jeito de olhar as coisas quando se está acompanhada é diferente. Por isto resolvi comprar um saquinho com cerca de um quilo da fruta a 9 reais. Elas são muito parecidas com maçãs, mas menores, com uma semente do tamanho de uma amêndoa. Não são do tipo de fruta que atrai pelo aroma, que quase não demonstram. Ainda na mercearia nos perguntamos como será que se come e, curiosamente, uma chinesa que comprava outras coisas se juntou à nossa conversa com simpatia e nos disse que deveríamos comer verdes mesmo, que era assim o costume, pois são frutas docinhas mesmo quando imaturas. E, com uma piscadela, sorriu balançando a cabeça, aprovando o preço, que estava muito bom, sim. Se era uma agente-x a gente não sabe, mas ela estava certa. Assim que cheguei em casa, provei uma, provei duas e não conseguia parar de comer. Consegui reservar duas pra salada. Crocante e suculenta como a maçã, tem sabor doce ligeiramente ácido - quase nada. E é pouco perfumada.
Dentro do saquinho vem um folheto com poucas informações em português além de um texto em chinês com composição nutricional e talvez algum outro dado sobre a fruta. Tem também o nome "jujube" e o lugar onde é produzido, Cedral, perto de São José do Rio Preto.
Jujubas que vi na África eram diferentes, menores, mas juntando nome com imagem foi possível descobrir o nome científico da fruta que comprei,
Zizyphus mauritiana Lam, e a partir daí constatar, surpresa, que a fruta é a mesma que sabia existir em Rondônia, com nome de "dão", mas que nunca tinha visto.
Não sabia que era cultivada em outro lugar, agora sei. Pelo jeito vai bem no clima quente da região norte do Estado de São Paulo. Não é fruta brasileira, mas nativa da Índia e Sudeste Asiático, onde é muito cultivada. Está atualmente espalhada pela Índia, Afeganistão, China, Malásia, Austrália e da Flórida até o Brasil. Parece que no norte da Austrália a árvore, que cresce rapidamente até doze metros, é considerada praga, mas por aqui, mesmo ao redor de Rondônia, onde já é uma fruta que faz parte das memórias infantis de gente mais velha, é ainda pouco difundida. Pelo jeito, chineses gostam e deve haver muitas boas maneiras de se preparar em pratos doces e salgados, embora a mulher da loja tenha dito que o bom é comer in natura mesmo. Nunca vi maduras além das fotos, mas elas ficam vermelhas, mais molinhas e podem servir para se conservar em passas, pois uma vez me lembro ter comido um prato coreano de costela com jujubas secas, à moda das ameixas. Não sei se é a mesma coisa pois não me lembro do gosto, afinal este nome jujuba se aplica a frutas diferentes mundo afora. As que vi no Senegal eram muito menores. Já estas são do tamanho dos tomates médios.
Aqui vão outros nomes, para quem quiser pesquisar mais: yuiubi, em Porto Rico; yuyuba, em espanhol; guinda, na Colômbia; pomme malcadi, no Haiti; perita haitiana, na República Dominicana, posingué, na Venezuela e jujube, em inglês.
O tipo de crocância das jujubas é muito parecido ao encontrado no jacatupé, no yacon, nos rabanetes, na maçã verde. Como tinha em casa jacatupé (comprado também lá na Liberdade) e rabanete, resolvi juntar os dois derradeiros numa salada com cenoura, batata e ervilha cozidas e emulsão de umbu, que é assunto pra outro post, mas que poderia ser uma maionese comum. Aliás, umbu verde também é bom e docinho, além de ácido, e as duas frutas fariam boa combinação nesta salada.
Onde comprei: Mercearia e Bomboniere Towa - Praça da Liberdade, 113 - Liberdade. Tel. 11 3105-4411 Quem produz: Sítio Taiwan - Cedral - SP - Tel. 17 223-0097/ 9627-5169/ 5579-4156
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