Mas voltando aqui as pendências começam a aparecer, a começar pelo arrependimento de não ter debulhado nem trazido milho de pipoca branquinho que meu pai planta. E sequer fotografado a espiga, da qual me lembro vagamente, o meu pai me mostrando novidadeiro, cheia de grãos coloridos já se misturando aos grãos super brancos de pipoca pérola. E por que não fiz a tal pipoca doce? Por que nem liguei para o pedido da criança? Ah, galinhas!
Ontem, porém, a Eliana me contava que na comunidade dela vão fazer uma festa junina no sábado, bem nordestina, com fogueira, mungunzá, pamonha, bolo de milho, curau, quentão e forró. Para as crianças, muita pipoca doce que a amiga faz na panela de pressão.
Aí não teve jeito, fui aprender a fazer pipoca doce. Perguntei aqui e ali, vi vídeos caseiros no you tube, vi receitas com corantes, com toddy, nescau, muito óleo, com técnicas diversas, até que cheguei a uma boa fórmula, eliminando corantes e diminuindo a gordura. Pipocas soltinhas e crocantes no final. A panela de pressão, pelo que concluí, serve para chacoalhar a panela sem precisar segurar a tampa e garantir que os grõas estourem rapidamente para não dar tempo de o caramelo queimar. Mas quem tem pipoqueira, não precisa da panela de pressão. A minha, de alumínio grosso, se saiu muito bem.
Para aplacar minha culpa, enfiei a panela cheia recém-feita, a mesma da foto, numa sacola e fui para a casa da Veronika onde João e Chico brincavam com mais três amiguinhas. Gostaram da pipoca e mais ainda da manivela da pipoqueira que todo mundo queria rodar. Na saída João perguntou: "você está deixando a pipoqueira?". Acho que a Veronika vai ter que comprar uma.
Voltei satisfeita mas com uma curiosidade. E se agora experimentasse a pipoca doce salgada? E temperada com especiarias indianas, cúrcuma, cominho, muita pimenta? Pois fiz e não é que ficou boa? Ainda botei folhinhas de curry e o amendoim que foi pra panela no mesmo tempo que o milho. Meio à moda do Chivda, que já dei aqui. Gostei muito, a pipoca e o amendoim ficam crocantes (se tivesse usado amendoim de casca vermelha teria ficado mais bonito), o tempero fica grudadinho e a mistura, bem temperada, sem se saber doce ou salgada. E a pimenta faz lembrar que pode ser comida no sofá com um copo de cerveja ao lado e a tevê ligada no jogo (esta parte estou dispensando).
Pipoca doce para as crianças 2 colheres (de sopa, não rasadas) ou 40 g de manteiga sem sal 1/2 xícara de açúcar (usei cristal, orgânica, mas pode ser qualquer usa - com mascavo deve ficar bom)
1 xícara de milho de pipoca
Coloque os três ingredientes na pipoqueira, leve ao fogo alto e vá mexendo com a colher de pau até que uma primeira pipoca estoure. Feche a panela e vá mexendo a manivela para que as pipocas não grudem no fundo. Continue até que parem de estourar. Despeje numa tigela, chame as crianças e nhac (com ou sem elas)! Nota: minha pipoqueira tem o tamanho daquelas usadas pelos pipoqueiros profissionais de carrinho; portanto, se a sua for pequena, faça meia receita.
Pipoca doce condimentada
2 colheres (de sopa, não rasadas) ou 40 g de manteiga sem sal
1/2 xícara de açúcar (usei cristal, orgânica, mas pode ser qualquer usa - com mascavo deve ficar bom)
1 colher (chá) de sal
1 xícara de milho de pipoca
1/2 xicara de amendoim cru
1 colher (chá) de grãos de coentro triturados
1 colher (chá) de grãos de mostarda
1 colher (chá) de cúrcuma
1/2 colher (chá) de cravo triturado
1 colher (chá) de cominho triturado
1 colher (chá) de sumac (opcional - tempero ácido)
1 colher (chá) de pimenta ardida em pó (ou a gosto)
1 galho de folhas de curry (opcional) Coloque na pipoqueira a manteiga, o açúcar, o sal, o milho e o amendoim. Leve ao fogo alto e vá mexendo com a colher de pau até que uma primeira pipoca estoure. Junte todos os temperos de uma só vez, feche a panela e comece a mexer a manivela sem parar, para que as pipocas não grudem no fundo. Desligue o fogo quando as pipocas ficarem em silêncio. Despeje imediatamente numa tigela, chame os adultos e nhac (crianças, sumam, tem pimenta!)