Prêmio Paladar 2008
Comida Saudável

Prêmio Paladar 2008


O ator Dan Stubar foi o mestre de cerimônia.
Acabo de voltar da festa do Prêmio Paladar. Muita gente ficou feliz com o resultado. Outras, frustradas. E imagino que algumas, até revoltadas. Mas não precisa. Porque não avaliamos a trajetória do chef, a simpatia do serviço, o aconchego do lugar. Nada disso. Nossa missão era avaliar apenas os pratos pré-escolhidos. E eu tentei ser fiel a isto. Uma edição especial do caderno estará nas bancas daqui a pouco. Minha filha Ananda, que foi comigo, disse que não entendo nada de gastronomia, porque "errei" quase todos. Isto significa que meu voto nem sempre se juntou à maioria. Ah, já ia me esquecendo de dizer: fui jurada do Prêmio e durante um mês levei vida dupla. Saia pra almoçar e jantar e não podia dizer nada. Fiz um blog diário paralelo, registrando todas as visitas aos restaurantes, com textos e fotos. Mas decidi não mostrar - talvez, aos poucos, traga um ou outro post para o Come-se sobre restaurantes e pratos de que gostei.
Os meus votos estão no jornal de hoje e no site do Paladar, inaugurado durante a festa. Veja lá outros comentários que não estão no caderno impresso. Acesse http://www.estadao.com.br/suplementos/paladar/ e confira as notícias do Prêmio, além de blogs do Caderno, do Luiz Horta e do Saul Galvão. E tem mais sobre chefs, receitas e tantos assuntos de assanhar o paladar. Para entender melhor os critérios do Prêmio, também vá lá no site do Paladar, que eu estou com preguiça de falar.

Vatapá servido na festa. Olhe o charme dos pratinhos de cerâmica. E o vatapá estava muito bom.
Mas, o duro disto tudo era não poder nem contar pros amigos. Mentira, o duro era às vezes sair de casa duas vezes para comer. De resto, foi puro aprendizado e diversão.
Aqui, o que escrevi no blog fechado quando acabou a maratona:

É dada a largada: 17 de outubro, 65 kg

Atravessei a faixa em 15 de novembro: 67 quilos

Acabou a maratona e eu confesso que já estou com saudade de comer fora todos os dias. Mas não poderia deixar passar a oportunidade de comprovar o que todo mundo está careca de saber: comer só (não importando o duplo sentido) em restaurantes engorda. Comecei com 65 quilos e terminei, depois de menos de um mês, com dois quilos a mais, mesmo achando que não tivesse engordado nada. Afinal, durante este tempo comi em casa apenas o café da manhã - uma fatia de pão com um copo de kefir batido com frutas no café da manhã. À noite, uma ou duas laranjas. E só. Mesmo quando apenas almocei fora, comia não mais que algumas frutas à noite. E de forma alguma isto foi auto-imposto ou representou esforço, porque não sou disto. Mas era mesmo o que o corpo pedia. Havia dias que trabalhava um pouco e já era hora de sair para almoçar. Durante a semana fui a todos os lugares de transporte público - uma porque não dirijo e não queria gastar com taxi e outra porque era uma boa forma de já ir queimando energia na ida e na volta com longas caminhadas. A maior delas fiz do metrô Armênia até a casa Líbano. O lugar não chegava nunca. Gastava às vezes de 3 a 4 horas, contando com o tempo de transporte. Aproveitei para ler bastante nos trajetos. Voltava para casa, trabalhava mais um pouco e já era hora de sair de novo para o jantar. Fiz isto algumas vezes durante a semana e em todos os dias dos finais de semana. Só que aí ia de carro. Houve dia em que almocei num lugar, comi a sobremesa noutro e depois ainda saí para jantar. Já não aguentava mais. Mas, apesar da fadiga gustativa, do stress gastronômico, sem falar nas trapalhadas que me fizeram voltar em alguns restaurantes, consegui chegar ao final tendo avaliado imparcialmente cada prato. Imparcialmente porque também não é fácil você ter a maior simpátia pelo chef ou pelo restaurante, chegar lá com grande expectativa e disposição em dar seu melhor voto e justo o prato a ser avaliado não estar no seu melhor dia. Isto aconteceu com a entrada do Tordesilhas, os dois pratos do Mocotó e a merluza do Porto Rubayat. E o contrário também aconteceu.
Comi muito bem na maioria dos dias. Em outros, nem tanto. Houve muitos empates resolvidos no sal ou no açúcar, sendo que a falta esteve sempre no exagero e não na carência deles. Como o objetivo do Prêmio era avaliar só o prato servido, apenas este ponto foi levado em consideração na hora de dar meu voto. Porém, não pude deixar de observar outros elementos que nos levam a sair de casa e escolher este ou aquele restaurante. Se tudo fosse levado em conta, certamente haveria uma reviravolta nos meus prêmios. Portanto, em alguns restaurantes com pratos premiados talvez eu nunca volte, mas certamente passarei a frequentar muitos que não tiveram seus pratos escolhidos por mim.
A ditadura do couvert
Não tenho um repertório muito grande de restaurantes, mas pude notar alguns vícios comuns entre muitos deles. O principal é o péssimo hábito de colocar o couvert na mesa do cliente sem que ele peça. É contrangedor ter que pedir para retirar o que não foi pedido (é como ter que ligar para o banco dizendo que mandaram um cartão de crédito não pedido - acho que isto agora é proibido). E tomar coisas de volta é sempre deseducado, deselegante. E, lógico, muito constrangedor pra quem fica com a mesa vazia e a sensação de que ganhou um presente que não era seu. A sensação é esta, carregada de simbolismo. Sem falar da cara feia dos garçons que deixam de ganhar seus 10% ali. Alguns restaurantes, educadamente, ainda deixam uma cestinha de pão e um azeite ou manteiga. Outros, dão e tomam tudo num segundo.
Por outro lado, também é constrangedor colocar na mesa o couvert e não dizer que é por conta da casa. Por que você, já escaldada com a má educação espalhada por aí, pode pedir pra tirar e depois, quando descobre que é de graça, pedir para deixar. Ah, já que é assim.... A mensagem subliminar para o garçon e para o próprio cliente é a mesma: sovina!! Você é um sovina/ Eu sou um sovina. Custa o garçon perguntar: o couvert é por conta da casa, a senhora aceita? Ou simplesmente esperar que abramos o cardápio e vejamos o preço do couvert. Aí sim, o garçom fazer a pergunta: nosso couvert vem com isto, aquilo e aquilo outro. O senhor vai pedir? (isto deixa claro, ainda que não se tenha visto o preço do couvert, que não é presente). Jamais imaginaria que um couvert com grissini, pão e manteiga (ou um molho qualquer), como o que é praticado no Fasano, pudesse custar, por exemplo, R$ 27,00!
Servilismo
Odeio garçons pretensamente invisíveis. Odeio que escutem minhas conversas. Odeio que me tratem como incapaz. Gosto que falem comigo, que interajam de forma educada; que garçons, maitres e qualquer serviçal do restaurante não sejam atrevidos, mas que mostrem que não são inanimados. E que sejam discretos, mas atentos quando eu os procurar com os olhos. Se não, me deixem em paz, deixem que eu reponha a água do meu copo se a garrafinha estiver perto de mim. Eu sei e posso fazer isto com minhas próprias mãos. Se não, eu peço. Garçons existem e estão ali para me ajudar, não para se fazer de fantasmas e me servir sem ser notados. Não é isto que eu quero deles (mas será só eu?). Eu noto, digo obrigada. Se vêm toda hora encher meu copo de água, enchem minha paciência e abrem águas mais do que gostaria de tomar. Isto, porque, afinal, são invisíveis e não vão interromper minha conversa para perguntar se quero mais água. Só que eu os vejo; quando botam mais água sem perguntar se quero, agradeço, interrompo minha conversa e bebo por educação (e, depois, pago 5 reais a contra-gosto). O Marcos tem uma sugestão para clientes que não querem mais beber água, cerveja ou qualquer coisa que seja que não seja pedido. Virem seus copos de boca para baixo! Ou então resista e mantenha seu copo abastecido com os últimos goles preenchendo até a metade do seu volume. E só entorne depois que chegou a conta.




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