Quintal produtivo
Comida Saudável

Quintal produtivo



Chuchu, cúrcuma, cruá, cará-moela e muita orelha-de-padre - fresca e seca, de um mero quintalzinho
Por causa da reforma, tivemos que fazer uma pequena colheita forçada, liberar os muros e os pequenos canteiros de terra. Mas nada é pra sempre. Logo planto de novo orelhas-de-padre, minhas taiobas, ora-pro-nobis, couves, pimentas, manjericões, cará-moelas, couves e outras miudezas de comer.
Diante da farta colheita de orelhas-de-padre em diferentes estágios de maturação, de chuchus de todo tamanho, cará-moelas, cruás e uma baciada de cúrcuma - as folhas já haviam murchado há tempos -, fiquei curiosa para saber o tamanho exato do meu latifúndio que se resume a algumas faixas de terra rentes aos muros. Arrisca um palpite? Medi, remedi: vinte e cinco metros quadrados! Está certo que umas cordas de aço prolongando o muro aumentam sensivelmente o capacidade produtiva do quintal, mas ainda assim vou sentir falta dos dois metros que perderemos com as mudanças.
Quando chegamos nesta casa não havia uma nesga de terra, tudo pavimentado havia cinquenta anos, mas foi a primeira coisa que pensamos - liberar espaço, plantar, deixar a terra respirar. E ela nos agradece a cada dia, a cada estação.
Não adubo a terra, não corrijo, não faço nada, tem dó de carpir. Só vou plantando. As espécies vão se sobreponhdo, vão vencendo as mais fortes. De repente me esqueço que havia ali naquele fio de aço um pé de cará-moela e só noto quando acho que uma pedra caiu do ceu. A orelha-de-padre foi tomando lugar, fazendo tunel no corredor. Já o chuchu vai enroscando as gavinhas encaracol brigando com o cruá. Enquanto ninguém presta atenção, o ora-pro-nobis lança mãos espinhentas no meio da madrugada tentando invadir o telhado do vizinho. Nem havia reparado aqueles dois cachinhos de uva acima do pé de uvaia que um ano dá, outro não, e pede para sair do vaso.
E depois vem as amoras da amoreira adormecida. Couves vem e vão. No corredor meio sem luz, as taiobas se abrem em guarda-sois. E a pimenteira de sementes do México, durante o ano todo, anos e anos, frutada de pimentas pretas e vermelhas, um dia morre dando espaço para mudas novas que já se formaram abaixo dela. Nascem e morrem capuchinhas, vem capiçobas espontâneas, depois tanchagens, dente-de-leão e mentruz. Cadê o capim cidreira que era uma moita grande? Ah, perdeu-se embaixo da floresta de galangas. Do nada, nasceram camapus silvestres ou cuspidos. O jambu se espalha e amarelece flores miúdas. Do coentro-do-pasto cuido das duas últimas mudinhas que restaram, espremidas pela grama. E assim vão se moldando ao longo do ano, a paisagem mudando, verdejando, descolorindo, folhas caindo, renascendo, multiplicando.



Havia dois chuchuzeiros: um na frente da casa que foi parcialmente esmagado pelas madeiras da reforma; e este dos fundos que precisou ser sacrificado - não, sem antes salvar uma muda num vaso. Veremos se vinga.



A orelha-de-padre em três tempos - na primeira foto, feita há um ano, meu amigo Celso Fioravante colhendo as vagens verdes que adora. A última foto foi feita neste final de semana antes de sacrificar o pé que, desde que o plantei há cerca de um ano e meio, só fez crescer e produzir o tempo todo, sem safra definida, fechando o corredor


Vagens em vários estágios (feijões verdes foram meu almoço ontem). Os frutos e a massa verde tirada da cerca

As cúrcumas já haviam perdido as folhas desde o mês passado, mas ainda estavam frescas e dignas sob a terra
E mais: o que já produziu este pequeno quintal mutante ao longo dos anos



Uvaias


Uvas


Cará-moela ou cará-do-ar


Couve: Dendê também gosta


Taioba

Manjericão-anis

Ervas à toa como capiçoba (acima) e tanchagem (abaixo). Capuchinhas e muita maria-sem-vergonha

Pimenta, cuja semente ganhei da Nina Horta, vinda do México. Chegou a 4 metros de altura. Hoje já é outra muda que ainda não atingiu este tamanho

Ora-pro-nobis. Quanto mais se poda, mas se colhe

Amora espinhenta

E até jambu!




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